Família na cadeia: crianças eram usadas para esconder armas e despistar a polícia
De acordo com as investigações da Polícia Civil, durante a entrega das encomendas, as armas eram escondidas nas bolsas dos menores
O esquema familiar de fabricação, venda e distribuição de armas ao crime organizado da Grande Vitória, no Espírito Santo, utilizava crianças para não chamar a atenção das autoridades policiais.
De acordo com as investigações, durante a entrega das encomendas, as armas eram escondidas nas bolsas das crianças. Ao todo, seis pessoas foram presas em duas fases da Operação Legado Armeria, realizada pela Polícia Civil.
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O delegado Daniel Belchior, titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), disse que o grupo realizava as entregas em famílias, as crianças eram levadas apenas para despistar a ação policial. O delegado falou sobre a complexidade da operação:
"A grande dificuldade da investigação de fabricação de arma de fogo caseira envolve não só a rastreabilidade das armas, mas o perfil das pessoas. Elas não têm o perfil ou passagem que indicam que estão fabricando esse tipo de arma semi-industrial. Eles trabalhavam em outros empregos formais, inclusive, tem uma professora no meio", disse Daniel Belchior.
Operação começou em dezembro
A primeira prisão foi a de Wilrison Manske, em dezembro de 2023, ele é apontado como principal membro da organização criminosa. A partir dessa prisão que a polícia conseguiu chegar até o restante da família.
Na última terça-feira (23), mais cincos pessoas da família foram detidas: Edilson Manske, Tiago Manske, Ariane Vingler, Bruno Vingler, mais conhecido como Jhon Caseiras, e Hellen Luise.
Eles são acusados de porte ilegal de arma de fogo, associação criminosa e receptação.
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Família faturou cerca R$ 500 mil
De acordo com a investigação da Polícia Civil, a família presa faturava cerca de R$ 500 mil por ano com a venda, fabricação e distribuição das armas pela Grande Vitória.
A estimativa é que a família tenha produzido e comercializado aproximadamente 200 armas de fogo, no valor de R$ 2,5 mil cada. Dentre os tipos de armamento estão: pistolas, rifles, carabina, garruchas e munições.
A produção de armas do grupo acontecia em uma casa na zona rural de Cariacica – o nome do local não foi passado pela polícia. Os suspeitos realizavam entregas no Bairro da Penha, em Vitória, e em Guarapari e Cariacica.
Na fábrica de armas, foram apreendidos:
1 pistola calibre .380
1 rifle calibre .28
1 rifle calibre. 22
1 carabina calibre .22
1 garrucha
3 carregadores de pistola
41 munições calibre .380
31 munições calibre .38
13 munições calibre .12
22 munições calibre .28
26 munições calibre .36
10 munições calibre .32
4 munições calibre .45
3 munições calibre .40
86 munições calibre .22
1 munição calibre .765.
Ainda de acordo com a polícia, os fabricantes aprendiam a fazer as armas por meio de tutoriais na internet, no YouTube. A venda era sob encomenda e as armas tinham as características que os solicitantes pediam.
"A demanda era tão grande que nem eles estavam conseguindo dar conta. Eles fabricavam da forma que a pessoa pedisse: o calibre, o modo de disparo... Era tudo por encomenda, tinha gente que encomendava de 10 em 10, inclusive", explicou o delegado Daniel Belchior.
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