Vidas partidas: o relato comovente da família de uma jovem sonhadora
Ana Carolina Kurth foi assassinada a facadas na noite de segunda-feira (15), no Centro de Vitória. O namorado da jovem está preso como suspeito do crime
Emoção, lembranças, tristeza, revolta e vontade de justiça. Assim podem ser descritos alguns sentimentos vivenciados pela família da jovem Ana Carolina Kurth, de 24 anos, morta a facadas dentro do apartamento em que morava no Centro de Vitória, na noite da última segunda-feira (16).
Suspeito do crime, o namorado dela, Matheus Stein Pinheiro, de 24 anos, está preso. O caso agora está em segredo de justiça.
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Em entrevista ao Folha Vitória, a irmã de Ana Carolina, Letícia Rocha Kurth, explica que a família ainda não conseguiu viver o luto, porque está lutando pela memória da jovem.
"A vida dela foi tirada da forma mais brutal possível. Ainda não acredito quando a foto dela aparece nos jornais. Ela era um amor e acreditava no amor. Parece que a qualquer momento vai me ligar, sair do trabalho para irmos lanchar", destaca.
Letícia contou que recebeu a notícia da morte da irmã através de um telefonema da mãe de Matheus. Entretanto, o contato com a família do jovem era recente, assim como o relacionamento.
"Escutei ela dizer: 'Matheus matou a Carol'. Apenas isso que eu ouvi. A família do meu namorado, com quem eu estava, viu o meu desespero. Eles pegaram o meu telefone e assumiram toda a situação. Para mim, aquilo não era verdade, pedia até mesmo para não falar com a minha família. Ligaram para o esposo da minha irmã e a situação se desencadeou", relata.
Ela destaca que a irmã sempre foi muito carinhosa, amorosa e falava que estava feliz.
"A Carol falava que estava tudo bem e parecia tudo bem para quem estava fora do relacionamento. Sempre víamos os dois abraçados, mas agora queremos que ele pague pela vida que tirou", disse.
"Ele possuía acesso ao Instagram", descreve
Muito emocionada, a irmã mais velha, Paola Rocha Kurth, conta que Matheus entrou na vida de Ana Carolina como "se fosse um sonho". "Ela era muito ingênua, sonhadora, e ele foi esse sonho para ela".
Paola disse que, com a morte da irmã, uma conhecida entrou em contato com a família e relatou todas as situações de abuso vivenciadas por Ana Carolina antes do assassinato da jovem. Uma delas era o controle excessivo do namorado das redes sociais da jovem.
"Carol sempre falou que não tinha celular e a gente conversava pelo celular da loja em que ela trabalhava. Entretanto, quando ela conheceu o namorado, realizava várias postagens nas redes sociais. Em uma das publicações, eles estavam comemorando e aparecia um segundo aparelho na mão dela. Com isso, tirei um print e acreditei que um dia ela fosse me passar o número", ressalta Paola.
>> Família de jovem assassinada faz vaquinha online para contratar advogado
Muito emocionada, Paola explica que as agressões e brigas constantes do casal só foram descobertas pela família após a morte da jovem.
"Se eu estivesse mais perto poderia ter ajudado, ter alertado. Fico com um sentimento de culpa. Pessoas próximas poderiam ter ajudado", disse, emocionada.
Paola aborda que o namorado da irmã nunca mostrou sinais de agressividade. Entretanto, com o assassinato, descobriram que as brigas aconteciam todos os finais de semana.
"Ela chamava a polícia, a polícia ia até o local. Mas não sabíamos o que acontecia e eles eram liberados", disse.
"Eu perdi uma bonequinha", narra a tia de Ana Carolina
Tomada por lágrimas nos olhos e voz embargada, Tânia Madalena Rocha, tia e mãe de criação, descreve o dia em que realizou o pedido de justiça na frente das câmeras. O desabafo ocorreu durante o enterro de Ana Carolina, realizado na terça-feira (16).
"Eu perdi a minha bonequinha, minha sobrinha que tenho no coração como filha, da maneira mais cruel que alguém possa imaginar. Eu quero justiça. Ele pegou uma menina tão frágil, foi morar na casa dele e fez tudo aquilo não pode ficar impune", narra.
A tia da jovem também classifica o responsável pelo crime é "frio, calculista e mau". "Ele fez tudo o que fez com a minha Carol e agora acha que vai sair impune. Fico pensando tudo que ela deve ter sofrido com ele, não sei imaginar", narra.
Após a mobilização e reportagens veiculadas em jornais, a família espera que o assassinato de mais uma mulher no Espírito Santo não fique impune.
"A gente não esperava toda a ajuda recebida. Estamos fazendo isso por todas as Anas que existem e pelas que, infelizmente, sabemos que vão existir", disse.
Família faz vaquinha online para contratar advogado
A família da jovem assassinada iniciou uma vaquinha online para arrecadar o valor de R$ 30 mil para arcar com os custos do processo, inclusive a contratação de um advogado experiente.
A campanha foi iniciada pela irmã de Ana Carolina, Letícia Kurth, e até o momento, já arrecadou R$ 4.911,35 e contou com a ajuda de 101 pessoas. Na página da vaquinha, Letícia afirma que o valor é necessário, pois a família do suspeito do crime já conta com ajuda jurídica especializada.
Interessados em contribuir, podem ajudar a família clicando no link
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