Mulher mata o filho a tesourada logo após o parto para não perder o marido em Vitória
Michelle Ribeiro Passos disse à princípio que havia tentado cortar o cordão umbilical e atingiu a criança acidentalmente. Ao ser levada para a delegacia, ela confessou o crime
Uma auxiliar contábil foi presa, acusada de ter assassinado o filho, recém-nascido, na madrugada desta terça-feira (02), em Vitória. Michelle Ribeiro Passos, de 27 anos, confessou ter dado uma tesourada do bebê, logo após o parto. Ela teve alta do hospital nesta quarta e, em seguida, foi presa.
Segundo a polícia, o golpe atingiu em cheio o coração da criança, que morreu na hora. A acusada, que estava grávida de oito meses de seu primeiro filho, alegou que cometeu o crime por medo de perder o marido, que não queria que ela tivesse a criança.
À princípio, Michelle havia dito que a morte da criança havia sido acidental. Ela disse que o parto aconteceu no banheiro da casa dela, no bairro Itararé, na capital, no momento em que ela estava no vaso sanitário.
A acusada alegou que, como está acima do peso, não desconfiou da gravidez e só soube da criança quando ela nasceu. Michelle disse que ainda tentou cortar o cordão umbilical com uma tesoura. No entanto, por acidente, teria matado a criança. A polícia não acreditou na versão da mulher e descobriu que ela já sabia da gravidez.
"Desde o início a gente sabia que ela estava mentindo, por causa da lesão no coração que o bebê apresentava. Só que a gente ainda não tinha os indícios concretos para confrontá-la com essa versão que ela tinha apresentado. Então nós fomos reunindo todas as provas, todos os indícios de que o neném estava vivo e que ela tinha fraudado um exame de gravidez negativo, que ela tinha nos apresentado. Quando ela não tinha mais como negar o caso, assumiu que de fato deu à luz seu filho na madrugada de ontem no banheiro de sua casa e, logo em seguida, pegou uma tesoura e enfiou no coração de seu filho", contou a delegada Nicolle Perúsia, da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Vitória.
De acordo com a polícia, ela havia falsificado um exame de gravidez, no início de maio, para que a família não soubesse da criança. Michelle foi levada para a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde confessou o crime.
"Eu acredito que ela planejou toda a ação porque o marido não queria ter mais filhos, segundo ela. Ele tinha externado esse desejo de, no momento, não ter mais filhos, porque ele tinha um filho recém-nascido, de um outro relacionamento, e uma filha, já de 12 anos. Acho que ela quis, com medo de perder o marido, se livrar da criança", disse a delegada.
Nicolle Perúsia acredita que a acusada premeditou o crime. "Ela foi uma pessoa extremamente fria. Isso foi algo que me surpreendeu durante todo o processo de investigação até a prisão dela, porque ela não esboçou nenhuma reação. Não parecia que ela tinha acabado de perder um filho recém-nascido. E isso nos causou um certo asco, de ver uma mulher tão fria diante de ter assassinado seu próprio filho, um recém-nascido que tinha um minuto de vida praticamente".
A acusada foi autuada por homicídio qualificado, por motivo torpe, além de falsificação de documento. A pena pode variar de 12 a 35 anos de prisão. Michelle foi levada para o Centro de Triagem de Viana.