VÍDEO | Aluna de faculdade particular de Vitória acusa professora por racismo
A jovem afirmou que a educadora deu uma declaração contra tatuagens, dizendo que são heranças dos presidiários e que elas ficariam ainda piores na pele negra
Uma aluna do curso de Design de Moda da Faesa, instituição particular de ensino superior de Vitória, publicou nas redes sociais um vídeo narrando o que considerou ser um episódio de preconceito racial praticado por uma professora do curso na manhã desta quarta-feira (22). A Polícia Militar foi acionada e esteve na faculdade.
Em nota, a Polícia Civil informou que a professora assinou um termo circunstanciado (TC) pelo crime de injúria racial, e que foi liberada após assumir o compromisso de comparecer em juízo.
Nas redes sociais, a jovem afirmou que a educadora deu uma declaração contra tatuagens, dizendo que "são heranças dos presidiários e que elas ficariam ainda piores na pele negra, que se assemelha a uma pele encardida".
Sobre o assunto, a Faesa emitiu uma nota informando que iniciou apuração dos fatos assim que tomou conhecimento do ocorrido e que abriu um processo administrativo para análise do caso e adoção das providências necessárias.
“O Centro Universitário destaca que repudia todo e qualquer ato ou manifestação discriminatória e preconceituosa. Qualquer manifestação contrária a esse posicionamento é ato individual, isolado, e não condiz com a política da instituição”, disse a Faesa.
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A reportagem do Folha Vitória tentou contato por telefone, várias vezes, com a professora que teria praticado as ofensas. As ligações não foram atendidas. Assim que houver um retorno, o texto será atualizado.
A Polícia Militar informou que foi acionada na manhã desta quarta-feira (22) para verificar a possível ocorrência de racismo em uma faculdade na Ilha de Monte Belo, em Vitória. No local, uma aluna fez contato com a equipe e relatou que, durante uma aula, uma professora teria solicitado que quem tivesse tatuagem levantasse a mão e, após ela levantar, a mulher teria citado suas características físicas e dito que tatuagem em pele negra parecia encardido e que, também, jamais faria tatuagem nela, pois as marcas seriam coisas de escravos e ela não era escrava.
A PM informou ainda que entrou em contato com a professora, e que ela relatou que "somente fez um comentário acerca da história do uso de tatuagem e que fora mal interpretada pela aluna, contudo se dispôs a prosseguir à delegacia para esclarecer os fatos".
O que diz o Movimento Negro
À reportagem, o coordenador do Centro de Estudo da Cultura Negra no Espírito Santo, Luiz Carlos Oliveira, afirmou que é de suma importância registrar a ocorrência o quanto antes. "Este é o primeiro passo. Depois disso, ela pode nos procurar para discutir a questão. A fala acaba estando relacionada ao racismo estrutural, em relação ao qual cobramos posturas dos políticos e representantes", disse.
"Esse caso que ocorreu com a aluna tem se repetido demais e o tratamento na lei e na Justiça não tem sido o suficiente. A coisa é muito devagar", disse Oliveira.
O coordenador também afirmou que a sociedade caminha a passos lentos para um resultado efetivo de punição por atos racistas. "Aos poucos anda, mas bem devagar", desabafou.