Família de mulher assassinada pelo ex-marido quer entender porque ele ainda está solto
Inquérito que investiga o crime foi concluído pela Polícia Civil e aponta Valmir dos Reis Lopes como autor dos disparos; Ministério Público denunciou o eletricista
A família da diarista Irlaine Vilma Dias Casé, 35 anos, assassinada a tiros, em Itaparica, Vila Velha, aguarda a prisão do ex-marido da vítima. Após a conclusão das investigações, a Polícia Civil indiciou Valmir dos Reis Lopes. Ele foi apontado como autor dos disparos, mas continua solto.
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"A gente imaginou logo ser ele. Ele falava que não ficava sem ela, que ela não tinha direito de ficar com outro", desabafou a mãe de Irlaine, Neli Casé Dias.
No dia do crime, imagens de videomonitoramento, registraram Valmir correndo logo após cometer o homicídio. Veja o vídeo:
Relembre o caso
Irlaine passeava com o cachorro quando foi morta. Para a família não há dúvidas que o ex-marido cometeu o crime. Entre idas e vindas, o relacionamento durou sete anos.
"Ela não ficava falando muito da vida dela não. Mas a gente via que às vezes eles estavam bem, mas às vezes, no fundo, ela não estava", lembrou a mãe.
Valmir é eletricista e junto com a mulher, montou uma empresa em Rondônia, cidade natal da família.
"Ele estava praticamente no fundo do buraco, tinha tido uma quebra financeira. A vida bem bagunçada. Ela foi e ajudou ele a reerguer a vida, ela trabalhou sempre junto, a vida toda ajudando ele", lembrou Neli.
Mas segundo a família da vítima, Valmir é possessivo e lidava com Irlaine como se ela fosse propriedade dele. "O cara achava que ela era propriedade dele, mulher precisa ser livre", disse o pai de Irlaine, Hermes Luiz Casé.
Há um ano, o casal juntamente com a filha adolescente de Irlaine, veio morar no Espírito Santo para uma oportunidade de emprego. Logo a então família se desfez e Irlaine decidiu morar apenas com sua filha e se separar de vez de Valmir, descrevendo um histórico de agressividade e ciúme doentio.
Segundo o inquérito policial, no dia 2 de abril deste ano, Valmir assassinou a ex-mulher quando ela saiu para levar o cachorro para passear, como fazia todas as manhãs.
"Ele planejou com certeza, ficou vigiando ela sair de casa. Eu tenho certeza disso", frisou a mãe de Irlaine.
A única família da vítima no estado era a filha de Irlaine. Ela viu a cena do crime e ficou em choque. De acordo com a família, até hoje a menina tem crises de pânico e faz tratamento psicológico.
"Ela não quer ficar falando, nem nada. Eu até respeito o direito dela, é muito difícil", confessou a avó.
Telefonema
A família toda é de Rondônia. Quando o crime aconteceu, os pais da mulher foram informados por telefone que a filha tinha sido baleada. Para preservar a saúde do casal, não foi dito que ela havia morrido até eles chegarem em terras capixabas, quando receberam pessoalmente a notícia.
Na época, por conta do feriado de Semana Santa, a viagem durou três dias. No caminho, achando que a filha ainda estava com vida, a mãe veio clamando por um milagre.
"Não quiseram contar. Fui o caminho todo confiante e orando, pedindo a Deus que desse ela a oportunidade de viver, mas ela não estava viva", desabafou a mãe.
Conclusão das investigações
O inquérito, feito por meio da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher foi concluído e enviado à Justiça no mês de junho, com o indiciamento do suspeito por feminicídio. O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) informou que denunciou Valmir dos Reis Lopes com autor do crime contra a ex-companheira.
Quem tiver informações sobre o paradeiro de Valmir pode ajudar a polícia ligando para o disque-denúncia, no 181.
*Com informações da repórter Nathália Munhão da TV Vitória / Record TV