Polícia

Ciclista morto no ES tomou suco com remédio tarja preta e implorou pela vida antes de ser assassinado

O filho da vítima contou que preparou uma jarra de suco de maracujá com 30 comprimidos dissolvidos e, em seguida, ele e a companheira, mataram o pai

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução

O assassinato do ciclista Duramir Monteiro Silva, de 56 anos, que teria sido morto pelo próprio filho e pela nora, ganhou mais um desdobramento nesta quinta-feira (07)

A ´Polícia Civil de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, colheu novas informações sobre o crime, ocorrido no dia 28 de junho. Durante interrogatório, o filho da vítima deu novos detalhes, revelando à Polícia Civil que o crime foi premeditado e caindo em contradição em relação à versão que foi dada inicialmente.

"Segundo o filho da vítima, ele preparou uma jarra de suco de maracujá com 30 comprimidos dissolvidos e ofereceu para o pai, que voltou para a casa após um circuito de ciclismo. Após a vítima ingerir todo o conteúdo da jarra, a nora da vítima se dirigiu ao homem e perguntou se ela tinha permissão para matar o pai dele, afirmando que só o executaria mediante permissão", informou o titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Cachoeiro de Itapemirim, delegado Felipe Vivas.

O delegado disse que a permissão foi concedida e a mulher avançou contra a vítima, lhe desferindo um golpe na altura do peito, que não resultou em sua morte.

"Após errar o golpe, a mulher disse para o marido dela executar a vítima, pois ele ainda estava vivo. Nesse momento, a vítima implorou pela vida, pedindo para que o filho não o matasse, porém, o pedido de piedade não foi suficiente e o homem desferiu mais seis golpes de faca no homem, no peito e nas costas. A nora da vítima finalizou dando um corte na jugular dele", contou o delegago.

Quando questionado sobre a motivação do crime, o suspeito respondeu que a esposa e ele tinham planejado o assassinato para ganhar uma herança que seria destinada ao filho do casal, visto que a esposa havia relatado que estava grávida. 

LEIA TAMBÉM: >> Ciclista morto no Sul do ES: filho suspeito de matar o pai foi adotado há 24 anos

A suposta gravidez foi desmentida pela Polícia Civil, durante diligências realizadas para a prisão da suspeita. Após receber essa informação, o acusado disse que não sabia que ela estava mentindo. Ele também relatou que consideraram outros dois membros da família como alvos.

Após matar a vítima, o casal se dirigiu até a localidade de Estrela do Norte, em Castelo, onde eles atearam fogo no corpo. O suspeito contou que, após verificar que o cadáver estava totalmente incinerado, ele desferiu golpes contra o crânio para que este “desaparecesse”. Posteriormente, o casal voltou para Cachoeiro de Itapemirim e seguiu até uma padaria.

Ainda de acordo com o delegado Felipe Vivas, a frieza do casal assusta. “Na propriedade, eles colocaram o corpo em uma fossa seca, jogaram 3 litros de combustível no local e atearam fogo 2 vezes. De manhã cedo, eles retornaram para o município e foram para a padaria tomar café. É uma frieza que assusta”, disse o delegado.

LEIA TAMBÉM: >> Após filho, nora de ciclista morto no Sul do ES também é presa

Ambos os suspeitos foram conduzidos até o Sistema Prisional, onde estão à disposição da Justiça. A investigação segue em andamento.

Relembre o assassinato do ciclista no Sul do ES

A Polícia Civil localizou na última segunda-feira (4), em Cachoeiro de Itapemirim, um corpo que pode ser do ciclista e motorista de aplicativo Duramir Monteiro Silva,  desaparecido há quase uma semana. Embora a família tenha afirmado que o corpo é do homem, a polícia esclareceu que só é possível confirmar após o resultado do exame de DNA.

Foto: Reprodução Instagram

Segundo uma das irmãs de Monteiro, que não se identificou, ele voltou para casa à noite, na última terça-feira (28), após um passeio de bicicleta em grupo, tomou banho, jantou e não foi mais visto. Ele desapareceu na região do bairro Monte Cristo, onde morava com o filho.

A motivação teria sido suposto assédio sexual

Segundo alegação do filho da vítima, que confessou ter cometido o crime junto à companheira, a motivação do assassinato teria sido um suposto assédio, com conotação sexual, à noiva gestante.

“Eles alegam que a motivação foi o Duramir ter tentado agarrar, com finalidade sexual, a companheira desse rapaz, mas nós vamos ainda apurar se procede ou se tem outra motivação, sobretudo com cunho patrimonial. Há várias contradições e uma frieza surreal neste caso”, disse a autoridade policial.

Uma das questões que chamam atenção é que a vítima desapareceu ainda no dia 28 de junho e apenas no dia 1º de julho o desaparecimento foi noticiado.

“Esse rapaz e a companheira residiam com o senhor Duramir. A iniciativa de informar sobre o desaparecimento foi da irmã, então isso já causou estranheza. O rapaz e a companheira narraram, inicialmente, que saíram de casa no dia 29 porque a jovem estaria passando mal por conta da falsa gestação. Então teriam ido à Santa Casa, depois a uma farmácia e depois para um bar. Já quando foram ouvidos nesta segunda (04), os confrontamos dizendo que iríamos levantar imagens, e já mudaram o discurso, falando que não era aquilo que tinha acontecido no dia”, narrou o delegado.

Ao terem mudado a versão dos fatos, o suspeito passou a dizer que o crime foi cometido porque o pai teria tentado “agarrar a noiva dele”. A partir de então, a jovem teria golpeado o sogro, e o filho a teria apoiado com outros golpes.

Indiciamento

Pelos crimes, o casal deverá responder, segundo a autoridade policial, por homicídio doloso qualificado por meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, além da destruição do cadáver.

O corpo da vítima foi levado para o Serviço Médico Legal (SML) de Cachoeiro de Itapemirim e já foi feita a coleta de DNA de um familiar, para confirmar que o cadáver é mesmo do ciclista. O resultado do exame deve sair em aproximadamente 30 dias.

Pontos moeda