Polícia

Ciclista morto no Sul do ES: filho e companheira alegam ter matado vítima após suposto assédio sexual

A vítima, que teria adotado o filho 24 anos atrás, desapareceu ainda no dia 28 de junho e apenas no dia 1º de julho o desaparecimento foi noticiado

Isabella Arruda

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução Instagram

Após localização do corpo do ciclista e motorista de aplicativo Duramir Monteiro Silva, de 56 anos, nesta segunda-feira (04), o delegado Felipe Vivas, da 7ª Delegacia Regional de Cachoeiro de Itapemirim, informou detalhes do caso em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (05). 

Segundo alegação do filho da vítima, que confessou ter cometido o crime junto à companheira, a motivação do assassinato teria sido um suposto assédio, com conotação sexual, à noiva gestante.

“Eles alegam que a motivação foi o Duramir ter tentado agarrar, com finalidade sexual, a companheira desse rapaz. Mas nós vamos ainda apurar se procede ou se tem outra motivação, sobretudo com cunho patrimonial. Há várias contradições e uma frieza surreal neste caso”, disse a autoridade policial.

Uma das questões que chamam à atenção é que a vítima, que teria adotado o filho 24 anos atrás, desapareceu ainda no dia 28 de junho e apenas no dia 1º de julho o desaparecimento foi noticiado.

“Esse rapaz e a companheira residiam com o senhor Duramir. A iniciativa de informar sobre o desaparecimento foi da irmã, então isso já causou estranheza. O rapaz e a companheira narraram, inicialmente, que saíram de casa no dia 29 porque a jovem estaria passando mal por conta da gestação. Então teriam ido à Santa Casa, depois a uma farmácia e depois para um bar. Já quando foram ouvidos nesta segunda (04), os confrontamos dizendo que iríamos levantar imagens, e já mudaram o discurso, falando que não era aquilo que tinha acontecido no dia”, narrou o delegado.

Ao terem mudado a versão dos fatos, o suspeito passou a dizer que o crime foi cometido porque o pai teria tentado “agarrar a noiva dele”. A partir de então, a jovem teria golpeado o sogro, e o filho a teria apoiado com outros golpes.

Foto: Reprodução TV Vitória
O delegado Felipe Vivas trouxe detalhes sobre as investigações

Requintes de crueldade

Também segundo Vivas, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (05), o casal então matou Duramir a facadas, o enrolaram em um lençol, depois em um tapete e por fim em um edredom.

“Depois que o enrolaram, o colocaram no porta-malas do carro, passaram em um posto de gasolina, compraram combustível com o cartão da vítima, seguiram para uma propriedade rural dessa menina. Lá retiraram o corpo, colocaram em uma fossa seca - que vamos apurar se foi cavada para o crime - jogaram três litros de gasolina no corpo, atearam fogo, esperaram o fogo baixar, jogaram mais combustível e fogo e, ao amanhecer, com a fumaça alta, apagaram o fogo e voltaram para Cachoeiro. Lá pararam em uma padaria para tomar café. Foi tudo de uma frieza surreal”, contou.

Para tentar esconder as marcas do crime na casa onde as facadas aconteceram, o casal passou a limpar o local com cloro e alvejante, usando inclusive escova de dentes. 

“Mas sem sucesso, fizemos perícia e acusou sangue praticamente na casa toda. Representamos pela prisão e ele já está preso. Também pedimos por busca e apreensão na casa. Foram encontrados R$ 20 mil em espécie na casa, além de um fardamento da Polícia Civil, com distintivo, algema, pistola airsoft, coturno e roupa tática. Vamos verificar o porquê disso”, acrescentou o delegado.

Também em coletiva, Felipe Vivas informou que a ex-esposa do motorista de aplicativo, mãe do suspeito, morava no mesmo local que os envolvidos, em uma residência que era dividida ao meio. “Ela percebeu algo estranho no dia do crime e fez chamada de vídeo. Mas o filho dissimulou o que estava acontecendo, dizendo que estava tudo bem, tinha até som alto. A partir daí, o casal ficou vários dias limpando a casa, sem parar, para que ninguém percebesse nada”, disse.

Indiciamento

Pelos crimes, o casal deverá responder, segundo a autoridade policial, por homicídio doloso qualificado por meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, além da destruição do cadáver.

O corpo da vítima foi levado para o Serviço Médico Legal (SML) de Cachoeiro de Itapemirim e já foi feita a coleta de DNA de um familiar, para confirmar que o cadáver é mesmo do ciclista. O resultado do exame deve sair em aproximadamente 30 dias.

Entenda

A Polícia Civil localizou na última segunda-feira (4), em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, um corpo que pode ser do ciclista e motorista de aplicativo Duramir Monteiro Silva, de 56 anos, desaparecido há quase uma semana. Embora a família tenha afirmado que o corpo é do homem, a polícia esclareceu que só é possível confirmar após o resultado do exame de DNA.

Segundo uma das irmãs de Monteiro, que não se identificou, ele voltou para casa à noite, na última terça-feira (28), após um passeio de bicicleta em grupo, tomou banho, jantou e não foi mais visto. Ele desapareceu na região do bairro Monte Cristo, onde morava com o filho.