Polícia

Menino morto com sinais de violência sexual é enterrado na Serra; polícia segue investigação

Delegado Alan Moreno ouviu nesta quinta-feira (07) a médica do Hospital Infantil de Vila Velha que teria identificado as lesões no garoto Jorge Teixeira da Silva Neto

Marcelo Pereira

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação/ Governo do ES
Jorge Teixeira da Silva foi atendido no Himaba de Vila Velha

O menino Jorge Teixeira da Silva Neto, de 2 anos e oito meses, morto na última terça-feira (05) em Vila Velha, com sinais de violência sexual e tortura, foi enterrado na tarde desta quinta-feira (07) num cemitério particular da Serra. 

Segundo laudo do Departamento Médico Legal (DML), o garoto morreu depois de uma infecção no intestino causada pela introdução de um objeto contundente no ânus dele. Os pais, o porteiro Maycom Milagre, de 35 anos, e a vendedora e estudante de Direito Jeorgia Teixeira foram presos por suspeita de abuso sexual. 

Depois de 12 horas de depoimento, eles foram autuados por estupro de vulnerável e tortura. Os dois permanecem presos preventivamente. 

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Foto: Reprodução TV Vitória
Delegado Alan Moreno está à frente das investigações da morte do menino Jorge Teixeira da Silva Neto

As investigações sobre a morte do menino continuam por parte da Polícia Civil. O delegado que está à frente das investigações, Alan Moreno, segundo informações obtidas pelo jornalismo da TV Vitoria/Record TV, ouviu outras duas pessoas para esclarecer o que aconteceu com Jorge na madrugada de domingo para segunda.

O delegado ouviu a médica que fez a ultrassom da criança no Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha. Ela detectou excesso de líquido no abdômen do menino e solicitou uma cirurgia. A médica também teria identificado os indícios de abuso sexual.

Também prestou depoimento um líder religioso que seria da religião professada pelos pais, segundo o advogado da mãe da criança. A Polícia Civil não divulgou o teor dos depoimentos. 

O que diz a defesa

Segundo o advogado Carlos Bermudes, que representa Jeorgia Teixeira Silva, a mãe nega que tenha participação no estupro e nas agressões ao filho. 

"A senhora Jeorgia Teixeira Silva não tem nenhum envolvimento com a morte de seu filho. O menino Jorge já estava passando mal há cerca de uma semana e a mãe o levou ao hospital por mais de três vezes. Em uma dessas idas, ele foi diagnosticado com pneumonia, recebeu alta e foi indicado que ele fizesse tratamento com antibióticos em casa e assim a mãe estava fazendo", relatou.

Ele informou que a defesa ainda não teve acesso ao inquérito e que somente depois de estar ciente dos detalhes das investigações vai decidir quais os próximos passos. 

Bermudes defende somente a mãe da criança. Não há informações se o pai, o porteiro Maycom Milagre, já constituiu defesa. 

Relembre o caso

Jorge Teixeira da Silva, de 2 anos, foi internado na segunda-feira (04) no Himaba e teria tido uma morte súbita.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Na versão apresentada pela mãe, o menino estava há mais de uma semana com sintomas gripais e quando levado ao Himaba na última sexta-feira (01), foi diagnosticado com pneumonia. 

Mas quando levado novamente ao hospital, a médica que examinou a criança constatou indícios de abuso sexual. Orientada por ela, Jeorgia fez um boletim de ocorrência. 

Sobre o boletim, segundo o delegado Alan Moreno, uma mensagem encontrada no celular do pai do garoto chamou a atenção da polícia. "Ele fala a seguinte frase:

"Depois, nós temos que sentar e conversar sobre o boletim, pode ser que tenhamos passado alguma coisa despercebida", disse o delegado.

Quero deixar claro que temos que entender o que foi dito antes e após essa mensagem, para fazer uma contextualização, mas causa estranheza à polícia", concluiu.

O corpo do garoto passou por uma autópsia mais detalhada que confirmou tortura, possível espancamento, queimaduras e a introdução de objeto no ânus. 

Na perícia realizada na casa da família em Vila Velha, policiais encontraram fraldas com sangue e objetos que, segundo os investigadores, podem ter sido usados em um ritual. 

Por telefone, o advogado informou que a mãe do garoto só percebeu algo de errado com o pequeno Jorge durante uma troca de fraldas em que saiu sangue nas fezes da criança. Foi então que ela levou o menino para o hospital.

O médico legista que fez autópsia no garoto disse que o exame que pode identificar se havia sêmem no ânus da criança ficará pronto em aproximadamente 15 dias.

Os pais do menino permanecem presos. Segundo a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), a mãe está no Centro Prisional Feminino de Cariacica. O pai da criança foi conduzido para o Centro de Triagem de Viana. 

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* Com informações da repórter Milena Martins, da TV Vitória/Record TV