Mensagens trocadas por casal suspeito de matar o próprio filho serão investigadas, diz delegado
Maycom Milagre da Cruz mandou mensagem para Jeorgia Karolina Teixeira da Silva dizendo que precisava conversar sobre detalhes do que ela disse à polícia ao fazer boletim de ocorrência sobre a morte do menino
A Polícia Civil vai investigar mensagens trocadas entre os pais do menino Jorge Teixeira da Silva Neto, de 2 anos e 8 meses, morto com sinais de violência física e sexual, detectados pelos profissionais de saúde do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em que foi atendido, em Vila Velha.
Segundo o delegado adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa de Vila Velha, Alan Moreno, que comanda a investigação, uma conversa entre Maycom Milagre da Cruz e Jeorgia Karolina Teixeira da Silva chamou a atenção dos agentes. Eles foram considerados suspeitos pela morte do próprio filho e foram presos e autuados pelos crimes de estupro de vulnerável com resultado de morte e tortura.
"Assim que a mãe toma ciência pela médica, lá no Himaba com a criança viva, de que supostamente o menino teria sido vítima de um estupro, ela vai à delegacia e faz um boletim de ocorrência, retornando ao hospital", contou o delegado.
De acordo com Moreno, no boletim de ocorrência a mãe apenas relata que havia sido informada pela médica sobre a possibilidade de um abuso.
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Em seguida, a bacharel em Direito, de 31 anos, entrou em contato com o pai do garoto, Maycon Milagre da Cruz, de 35 anos. "Ela diz assim: 'O nosso filho foi vítima de um estupro'. O pai responde: 'Estupro, mas por quê?', e ela diz que a médica estava falando que ela precisava ir até a delegacia fazer um boletim. O pai fala que isso é normal, que todo hospital faz isso, e para a mulher ficar tranquila", detalhou o delegado.
Segundo o delegado, após confeccionar o boletim, quando a criança ainda estava viva no hospital, Maycon mandou uma mensagem num aplicativo de mensagem para a esposa. Ele fala a seguinte frase:
"Depois, nós temos que sentar e conversar sobre o boletim, pode ser que tenhamos passado alguma coisa despercebida".
Quero deixar claro que temos que entender o que foi dito antes e após essa mensagem, para fazer uma contextualização, mas causa estranheza à polícia", concluiu o delegado.
Relembre o caso
Jorge Teixeira da Silva, de 2 anos, foi internado na segunda-feira (04) no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, e teria tido uma morte súbita.
A princípio, segundo a Polícia Civil, a informação era de que a criança tinha morrido em decorrência de uma suposta pneumonia. Contudo, foram identificados sinais de um possível abuso sexual. Por conta da suspeita, o corpo foi encaminhado para o Departamento Médico Legal para passar por exames.
De acordo com os agentes de investigação, os pais do menino, Maycom Milagre da Cruz e Jeorgia Karolina Teixeira da Silva, não concordaram com a realização do procedimento. Ao final do exame, eles foram conduzidos para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha.
Durante a autópsia, o médico legista identificou que a vítima foi violentada sexualmente. A criança teria tido uma perfuração no reto e no ânus devido a um trauma. A polícia suspeita que um objeto contundente foi inserido no ânus do menino e provocou lesões que romperam o intestino.
Segundo o médico legista, o menino também teve lesões no rosto, no dorso, no braço esquerdo e na perna. A suspeita é que alguns ferimentos tenham sido provocados por queimaduras de cigarro.
Os suspeitos presos têm 31 e 35 anos. Segundo a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), a mãe está no Centro Prisional Feminino de Cariacica. O pai da criança foi conduzido para o Centro de Triagem de Viana.
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