Pai de menino morto em Vila Velha se recusa a colher material genético
Na última quarta-feira (13), a polícia informou que sangue e sêmen humanos foram encontrados nas roupas do pequeno Jorge, de apenas 2 anos e oito meses
O porteiro Maycon Milagre da Cruz, pai do menino Jorge Teixeira da Silva, de dois anos e oito meses, morto no último dia 5 de julho, se recusou, na manhã desta quinta-feira (14) a realizar os exames médicos que poderiam servir para comparar o material dele com os sinais de sangue e de sêmen, encontrados na roupa de Jorge.
O pedido foi feito pelo delegado Alan Moreno, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha.
A equipe de reportagem da TV Vitória/Record TV esteve no Departamento Médico Legal (DML) nesta quinta, acompanhando os trabalhos da polícia, e tentou falar com Maycon, mas ele se recusou a dar qualquer declaração.
O delegado, Alan Moreno, afirmou nesta semana que deve encerrar o inquérito policial e entregar à justiça, mas ainda não informou por quais crimes os pais da criança deverão responder.
Sangue e sêmen na roupa da criança
As roupas do Jorge, que morreu na madrugada do último dia 05 de julho, no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, apresentavam sinais de sangue humano e Antígeno Específico da Próstata (PSA). A informação foi confirmada após os exames do Laboratório de Biologia Forense da Perícia da Polícia Civil do Espírito Santo (PCES).
No mesmo dia do fato, os pais do menino Jorge Teixeira da Silva Neto, de 2 anos e 8 meses, foram presos e autuados pelos crimes de estupro de vulnerável com resultado morte e tortura. A perícia foi realizada na residência do casal, onde no quarto deles foi encontrado um body infantil, que foi apreendido, além de outras roupas da criança.
O resultado do exame constatou que neste body infantil havia PSA, que é uma indicação verdadeira de que foi encontrado sêmen nessa peça de roupa, além de ter sido encontrado sangue humano na mesma roupa. Nas outras peças analisadas, o exame encontrou sangue humano, PSA e sêmen.
O Inquérito Policial (IP) sobre o caso continua sob investigação da Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha. Após a conclusão, será realizado o indiciamento contra os suspeitos, que continuam presos no Sistema Prisional.
O que disse a defesa da mãe
À reportagem da TV Vitória/Record TV, a defesa de Jeorgia enviou uma nota em que afirma que ainda não teve acesso ao resultado da perícia em que foi constatada a presença de sêmen.
“Afirma ainda que a Jeorgia desconhece completamente a versão a ser apresentada pelo pai, não descartando que pode ser tratar de versão de conflitante, razão pela qual reitera não ter qualquer participação em qualquer ato de violência contra a criança”, diz o documento.
A defesa ainda relatou que aguarda o atendimento dos pedidos que foram encaminhados ao delegado, em especial a extração de dados dos aparelhos celulares e conversas de WhatsApp, e aguardará a conclusão das investigações para decidir quais serão os próximos passos, mas que por ora está descartado qualquer pedido de liberdade em favor da Jeorgia.
Relembre o caso
Jorge Teixeira da Silva Neto, de 2 anos e 8 meses, foi internado no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), mas acabou morrendo.
Os pais do menino foram presos e autuados pelos crimes de estupro de vulnerável com resultado morte e tortura.
Segundo as primeiras informações da Polícia Civil, a criança apresentava sinais de violência física e sexual, que foram detectados pelos profissionais de saúde do hospital.
Em coletiva de imprensa realizada no dia 06 de julho, o delegado adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, Alan Moreno de Andrade, informou que os pais da vítima, Maycom Milagre da Cruz, de 35 anos, e Jeorgia Karolina Teixeira da Silva, de 31 anos, passaram 12 horas depondo.
Durante o depoimento, um diálogo foi encontrado pela polícia em um aplicativo de mensagens. Nele, o pai teria comentado com a esposa sobre o boletim de ocorrência registrado enquanto Jorge ainda estava hospitalizado:
“Sobre o boletim que você fez, precisamos sentar e conversar, pois podemos ter deixado algo passar despercebido”, comentou o pai.
O documento foi registrado após o momento em que uma médica do Himaba informou à mãe que a criança poderia ter sido estuprada. Outro aspecto que chamou atenção, durante o depoimento, foi a falta de consternação dos pais.
“Desde quando chegaram à delegacia, e ficaram lá das 16h até 5h da manhã, não demonstraram tristeza com a morte do filho, nem emoção. No máximo, um leve choro. Não se olhavam e não conversavam entre si. Negam veementemente que praticaram as lesões e afirmam que, no domingo à noite, a criança dormiu com um pequeno machucado na virilha e que no outro dia acordou daquele jeito”, disse o delegado.
Segundo a autoridade policial, na casa da família foram recolhidos vários objetos religiosos, “que não são de praxe das pessoas”. Questionado, o pai negou a presença de objetos assim na casa, mesmo tendo sido encontrados pela perícia.
O que disse o médico legista
Em entrevista coletiva, o médico legista Josias Rodrigues Westphal também comentou o caso.
“O corpo foi encaminhado ao DML devido à suspeitas de maus-tratos. Já no exame físico externo, encontramos muitas lesões sugestivas. Algumas por queimadura, algumas equimoses também, possivelmente por trauma de pancada; abrindo as cavidades, outras lesões foram vistas, além do ânus dilacerado. A laceração foi no ânus, no reto e no canal anal, por aplicação de objeto dentro do ânus, que pode até ter sido um pênis, além de objeto. Saberemos com o exame, que deve ficar pronto em 15 dias. Caso haja espermatozóide, confirmaria o pênis. Existiam fezes na cavidade abdominal, o que gerou infecção”, disse o especialista.