Pais de criança morta em Vila Velha são presos e autuados por estupro de vulnerável com morte e tortura
Os pais, Maycom Milagre da Cruz e Jeorgia Karolina Teixeira da Silva, principais suspeitos pelos crimes praticados contra o menino, passaram 12 horas depondo na delegacia
Os pais do menino Jorge Teixeira da Silva Neto, de 2 anos e 8 meses, morto em Vila Velha, foram presos e autuados pelos crimes de estupro de vulnerável com resultado morte e tortura.
O casal é suspeito de estuprar e torturar o próprio filho. A criança foi internada no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), mas acabou morrendo.
Segundo as primeiras informações da Polícia Civil, a criança apresentava sinais de violência física e sexual, que foram detectados pelos profissionais de saúde do hospital.
Em coletiva de imprensa, na tarde desta quarta-feira (06), o delegado adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa, Alan Moreno de Andrade, informou que os pais da vítima, Maycom Milagre da Cruz, de 35 anos, e Jeorgia Karolina Teixeira da Silva, de 31 anos, passaram 12 horas depondo.
Diálogo em aplicativo de mensagens
Durante o depoimento, um diálogo foi encontrado pela polícia em um aplicativo de mensagens. Nele, o pai teria comentado com a esposa sobre o boletim de ocorrência registrado enquanto Jorge ainda estava hospitalizado:
“Sobre o boletim que você fez, precisamos sentar e conversar, pois podemos ter deixado algo passar despercebido”, comentou o pai.
O documento foi registrado após o momento em que uma médica do Himaba informou à mãe que a criança poderia ter sido estuprada. Outro aspecto que chamou atenção, durante o depoimento, foi a falta de consternação dos pais.
“Desde quando chegaram à delegacia, e ficaram lá das 16h até 5h da manhã, não demonstraram tristeza com a morte do filho, nem emoção. No máximo, um leve choro. Não se olhavam e não conversavam entre si. Negam veementemente que praticaram as lesões e afirmam que, no domingo à noite, a criança dormiu com um pequeno machucado na virilha e que no outro dia acordou daquele jeito”, disse o delegado.
Sobre a hipótese de realização de um possível ritual, ainda não há respostas conclusivas. No entanto, segundo a autoridade policial, na casa da família foram recolhidos vários objetos religiosos, “que não são de praxe das pessoas”. Questionado, o pai negou a presença de objetos assim na casa, mesmo tendo sido encontrados pela perícia.
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Peritos estiveram na casa por duas horas
Peritos da Polícia Civil foram até a casa dos pais do menino Jorge Teixeira da Silva Neto na tarde desta quarta-feira (06) e recolheram diversos objetos que poderão ser úteis às investigações.
Sobre a perícia, os policiais ficaram na residência por quase duas horas. Saíram com sacolas e objetos pessoais do casal, além de terem recolhido fraldas e papel higiênico contendo muito sangue, o que será analisado para comparar com o sangue do garoto.
Os suspeitos já se encontram no Centro de Triagem de Viana. A prisão foi decretada depois que médicos do Himaba identificarem que o menino estava com marcas de queimaduras de guimba de cigarros pelo corpo e com suspeita de introdução de objeto contundente no ânus, o que lhe causou infecção.
Jorge foi levado ao hospital pelos próprios pais, com sintomas semelhantes a de uma pneumonia.
O que diz o médico legista
Em entrevista coletiva, o médico legista Josias Rodrigues Westphal também comentou o caso.
“O corpo foi encaminhado ao DML devido à suspeitas de maus-tratos. Já no exame físico externo, encontramos muitas lesões sugestivas. Algumas por queimadura, algumas equimoses também, possivelmente por trauma de pancada; abrindo as cavidades, outras lesões foram vistas, além do ânus dilacerado. A laceração foi no ânus, no reto e no canal anal, por aplicação de objeto dentro do ânus, que pode até ter sido um pênis, além de objeto. Saberemos com o exame, que deve ficar pronto em 15 dias. Caso haja espermatozóide, confirmaria o pênis. Existiam fezes na cavidade abdominal, o que gerou infecção”, disse o especialista.
Conselho Tutelar
A reportagem da TV Vitória/Record TV também conversou com as conselheiras tutelares que atenderam a ocorrência. Elas contaram que foram as primeiras a conversarem com os pais do Jorge. Disseram que Maycom e Jeorgia não conseguiram explicar sobre as marcas de guimbas de cigarro pelo corpo da criança e nem sobre informação da introdução de um objeto no ânus do menino.
“Conversamos muito com eles, dentro da sala da assistência social. Eles nos informaram que a criança só ficava com eles em casa. Tanto o Jorge, de 2 anos, quanto o irmão, de apenas 8 meses, passavam a tarde em creche particular enquanto os pais iam trabalhar. O casal falou que não sabia porque a criança estava com o ânus daquele jeito e que ela teria dado entrada no Himaba com pneumonia e diarréia”, disseram as conselheiras.
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Quanto às marcas de cigarro, os pais teriam dito às assistentes que eram manchas que tinham aparecido sozinhas. “Falaram que não eram de cigarro, mas que poderiam ter relação com o medicamento que estariam dando a Jorge, a amoxicilina. De todo modo, o conselho tutelar nunca tinha sido acionado para essa família”, ressaltou.
À reportagem da TV Vitória/Record TV, a conselheira Francine Carreta afirmou que os pais contaram ter levado a criança com febre e tosse para o hospital. Também observou que os dois choravam durante a conversa e se tratavam com carinho.
O pequeno Jorge, segundo as conselheiras, teria começado a passar mal na última sexta-feira (01). No domingo (03), os pais contaram que resolveram levar o menino para o hospital. Jorge foi atendido em outras duas unidades de saúde antes de ser levado para o Himaba.
O outro filho do casal, de apenas 8 meses, também foi levado ao hospital pela tia-avó de Jorge. O menino está com sintomas de inchaço na barriga e permanece internado. A mulher conversou com a equipe da reportagem e contou que a família está, como era de se esperar, em choque com tudo que está acontecendo.
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