Polícia

Compras pela internet viram alvo de quadrilhas de roubo de cargas no ES

Itens de alto valor e dificuldade em monitorar a entrega dos produtos tornam as cargas de mercadorias compradas pela internet mais atraentes para criminosos

Tiago Alencar

Redação Folha Vitória


Foto: Divulgação

O roubo de cargas de mercadorias compradas pela internet, o chamado "ecommerce", tem crescido no Espírito Santo e se tornando um novo desafio para as forças de segurança que combatem este tipo de crime.

As informações de que cargas com itens adquiridos nesta modalidade de comércio estão se tornando alvo preferido de bandidos nas rodovias que cortam o Estado foram divulgadas nesta quarta-feira (12), durante o V Fórum de Prevenção e Combate ao Roubo de Cargas, realizado pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística no Estado do Espírito Santo (Transcares), em Vitória.

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À reportagem do Folha Vitória, o superintendente do Transcares, Coronel Mário Natali, que tem acompanhado a evolução do cenário, pontuou parte das razões pelas quais as cargas comprados por ecommerce ser tornaram tão visadas pelos criminosos.

"Hoje o problema maior (na questão do roubo de cargas) envolve o ecommerce. As pessoas estão deixando de ir aos shoppings, por exemplo, optando por fazer compras virtuais. Essas compras têm sido objeto do olhar das quadrilhas que atuam no roubo de cargas, uma vez que eles sabem que, na maioria das vezes, são produtos de alto valor e que não têm a segurança necessária", disse.

Mário Natali ainda frisou que se trata de uma novidade com a qual os estados e suas forças de segurança precisarão aprender a lidar ao longo do tempo, devido à consolidação do comércio feito na internet como principal ferramenta de consumo.

"O que gente observa é que as pessoas, neste tipo de compra, acabam optando pelas transportadores formais, escolhendo meios alternativos que acabam não permitindo o monitoramento ideal da carga. Então, isso vai exigir muito mais investimento em tecnologia por parte das forças de segurança no combate a este tipo de crime", afirmou.

Apenas 1% dos roubos de cargas no Sudeste são no ES

Ainda durante o fórum foram apresentados dados que mostram que o Espírito Santo foi o estado da Região Sudeste com menor índice de registros de roubos de cargas em 2022.

Conforme o levantamento apresentado pelo Transcares, apenas 1% dos roubos a cargas no Sudeste, no período avaliado, aconteceram em território capixaba.

O cenário em que o Estado aparece com baixo índice de registros de roubos a cargas tem como base estatísticas atualizadas de janeiro a dezembro do ano passado, pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

O levantamento mostra que o Brasil registrou 13.600 ocorrências de roubo de cargas em 2022, sendo que 11.610 (85%) dizem respeito à Região Sudeste.

Ainda não há estáticas oficiais sobre as ocorrências registradas no primeiro semestre deste ano, apesar de a atualização feita pelo Ministério da Justiça ocorrer a cada seis meses.

O presidente do Transcares, Luiz Roberto Teixeira, repercutiu os dados em que, em comparação com demais estados, o Estado aparece em situação confortável quanto a roubo de cargas.

Teixeira celebrou o resultado do levantamento, mas reforçou a necessidade de mais investimento em tecnologia e no trabalho integrado entre as forças de segurança.

“Mesmo com esse baixo número de ocorrências no Estado, não podemos deixar de investir em cada vez mais tecnologia, para dificultar a vida de quem for roubar as cargas, para tornar cada vez mais difícil a ação dos criminosos”, ressaltou.

Veja abaixo dados sobre o roubo de cargas no Brasil:

Região Sudeste: 85,18%
Região Sul: 6,12%
Região Nordeste: 4,66%
Região Centro-Oeste: 2,81%
Região Norte: 1,23%

Cargas de cigarro são as mais roubadas no ES

O Espírito Santo registrou 23 ocorrências envolvendo roubo de carga somente no primeiro semestre deste ano, conforme dados divulgados pelo Trancares.

O levantamento aponta que 30% desses roubos foram de cargas de cigarro, 21,7% de gêneros alimentícios e 17,4% de eletrônicos e carga fracionada.