Polícia

Falsos médicos que agiam no ES atenderam cerca de 900 pacientes

Segundo a investigação, os homens presos em Vitória pela Polícia Civil eram um instrutor de autoescola e um vendedor. Eles atuavam como oftalmologistas

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: reprodução/sesp

Dois falsos médicos foram presos por exercício ilegal da profissão na manhã desta terça-feira (9), no bairro Ilha das Caieiras, em Vitória. Os suspeitos se passavam por oftalmologistas para enganar pessoas, de acordo com a Polícia Civil. 

Segundo a investigação, os homens teriam iniciado as operações criminosas em maio deste ano e atendido cerca de 900 pessoas durante este período.

Os criminosos, que não tiveram os nomes divulgados, são um instrutor de autoescola e um vendedor desempregado. 

De acordo com a investigação, os homens organizavam mutirões de atendimento para forçar pessoas a comprar óculos com preços superfaturados. 

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Para as atividades, os suspeitos utilizavam equipamentos de uso médico restrito e receitavam os óculos para os pacientes, como explica o delegado Eduardo Passamani. 

"Eram exames gratuitos, quando as pessoas chegavam lá, eram atendidas por duas pessoas sem nenhuma qualificação, essas pessoas utilizavam material próprio destes médicos, e quando as pessoas eram atendidas, eles tentavam empurrar um óculos de uma qualidade inferior, com um preço muito acima do mercado", relatou. 

De acordo com o delegado, os óculos podiam ser encontrados pela internet por valores como R$ 30 a R$ 40, mas eram vendidos pelos suspeitos por preços como R$ 300, R$ 400 e até mesmo R$ 500. 

Passamani informou que os suspeitos realizavam os serviços por intermédio de uma ótica, que já foi identificada e segue sob investigação. 

"Nós verificamos documentos que indicam que eles estavam fazendo este serviço por intermédio de uma ótica e essa ótica já foi identificada, os proprietários serão investigados tanto por propaganda enganosa, porque eles divulgavam um serviço que não poderiam oferecer, investigados também pelo crime de falsidade", afirmou. 

Serviços eram oferecidos em mutirões

Os crimes teriam ocorrido não apenas na Grande Vitória, mas também em municípios do interior do Espírito Santo. Os suspeitos costumavam oferecer os serviços de mutirões de atendimentos a lideranças comunitárias e igrejas. 

O Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) foi informado sobre as práticas e auxiliou as investigações. Segundo a conselheira Rochelle Pagani, os crimes colocavam em risco a saúde das vítimas. 

Ela informa que a receita de óculos só pode ser feita por médicos, pois receituários errados podem causar prejuízos irreversíveis à visão dos pacientes. 

"Era oferecido um exame para óculos por optometristas, que são profissionais capacitados a atuar em óticas apenas e não fazer exame oftalmológico, nem para óculos. Quando você faz a prescrição de um óculos a um paciente que tem uma doença, você pode estar retardando o tratamento desta doença e até levando à cegueira", relata. 

Os suspeitos responderão pelo crime de exercício irregular da medicina em liberdade. A pena pode variar de 2 a 6 anos de reclusão. 

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*Com informações da repórter Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/Record