Polícia

Idosa é presa após ataques a casal gay dono de restaurante em Vitória

A mulher teria dito palavras de cunho homofóbico para os donos do restaurante. Segundo a Secretaria Estadual de Justiça, a suspeita foi liberada na noite de domingo (08)

Iures Wagmaker

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução / Instagram

O que deveria ser apenas mais um tarde de trabalho no restaurante A Oca, localizado no Centro de Vitória, terminou em caso de polícia. Uma confusão, no final de semana, foi parar na delegacia. 

Uma idosa, que não teve o nome divulgado, foi detida. Segundo testemunhas que estavam no local, ela teria usado palavras pejorativas e ameaçado agredir fisicamente os donos do estabelecimento. Frases como: "Todo viado é odiado" e "minha vontade é encher vocês de porrada". 

A mulher, que não foi identificada, tem 64 anos e, de acordo com a Polícia Civil, foi autuada em flagrante por injúria racial qualificada. Injúria Racial consiste em ofender alguém com base em sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência. 

O Código Penal, artigo 140, descreve o delito de injúria, que consiste na conduta de ofender a dignidade de alguém. A pena prevista é de reclusão de 1 a 6 meses ou multa. 

A suspeita foi encaminhada ao Centro de Triagem de Viana. A polícia informou que a suspeita não pagou a fiança arbitrada pelo delegado de plantão.

Caso aconteceu no último sábado

Tudo aconteceu na tarde do último sábado (07). Em um relato publicado nas redes sociais, Fabrício Costa e Caio Cruz, proprietários do restaurante, contaram que foram vítimas de homofobia. Eles disseram, ainda, que sofreram ameaças de terem o estabelecimento fechado, pelo fato de serem homossexuais. 

"Fomos para a delegacia e ela foi conduzida. Nós fizemos o depoimento e a mulher ficou detida, por não ser ré primária. Ficamos lá praticamente a tarde toda. Nossa equipe continuou com o atendimento. Retornamos à empresa por volta das 19h e ainda tivemos que trabalhar um pouco. O que aconteceu nos causou danos e ainda nos tirou do ambiente de trabalho", disse Caio.

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A Polícia Militar informou que foi acionada pelo proprietário do restaurante, que relatou que a senhora havia entrado no local e feito diversos xingamentos e ofensas de cunho homofóbico. O motivo, um veículo que estaria estacionado em frente ao estabelecimento, atrapalhando a fluidez do trânsito.

De acordo com os proprietários, a mulher ainda teria afirmado que o restaurante deveria ser fechado, pois estava em uma escadaria que levava à um local sagrado, no caso, a Igreja do Rosário.

O responsável pelo estabelecimento contou ainda que, por conta da chuva, a maior parte dos clientes estava na parte interna do restaurante. Por isso, muitos não presenciaram a situação. Para ele, um constrangimento que nunca havia acontecido.

"Em nossa vida, como homossexuais, já passamos por várias situações. Já sofremos bullyng e muito preconceito velado, mas nunca uma coisa tão explícita, tão escancarada e tão nojenta como esta. Ouvir todas as ofensas aos gritos, como ela fez, foi a primeira vez e espero que seja a última", afirmou.

O dono do local representou contra a acusada, sendo encaminhado, juntamente com a suspeita, à Delegacia Regional de Vitória para o registro dos fatos.

Vítimas gravaram vídeo no momento das ofensas

Segundo a Polícia Militar, além da vítima ter gravado vídeos da atitude da mulher, outras pessoas que estavam no local testemunharam confirmando os fatos.

Na delegacia, a mulher negou as acusações e disse ter entrado no estabelecimento apenas querendo saber de quem seria o carro que atrapalhava o trânsito.

Por orientação do advogado, os donos do restaurante preferiram não compartilhar o vídeo registrado no momento em que ocorreu o fato.

"Vamos preservar a identidade da pessoa que fez isso conosco, pois ela vai responder na justiça e não nos tribunais da internet. Vamos conduzir este processo da forma mais discreta possível", afirmou.

Defesa alega que idosa sofre de problemas psiquiátricos

A reportagem do Jornal Online folha Vitória entrou em contato com a defesa da suspeita. Segundo Patrícia Cavalcante, advogada da idosa, ela sofre de graves problemas psiquiátricos e inclusive passa por acompanhamento médico.

Um dos pleitos da defesa foi de que a liberdade fosse concedida mediante continuidade de tratamento médico, para que a idosa possa conviver em sociedade de forma a não gerar problemas para mesma e também aos familiares.

Segundo a Secretaria Estadual de Justiça, a indiciada foi liberada na noite deste domingo (08), mediante decisão Judicial.

Nota de repúdio foi publicada nas redes sociais

Por meio da nota de repúdio do restaurante, os proprietários relataram o ocorrido. Na publicação, que soma quase quatro mil curtidas, mais de 840 comentários de apoio foram postados por clientes e amigos.