Feminicídio: cadeirante em Vitória foi a 20ª vítima no ES desse tipo de crime este ano
Marilene Feraz foi morta pelo próprio marido, segundo a polícia; índice de assassinatos de mulher caiu se comparado ao mesmo período de 2021 mas delegada alerta que o número ainda é muito preocupante e expressivo
A cadeirante idosa de 68 anos, Marilene Ferraz de Oliveira, assassinada pelo marido na última quarta-feira (10), na Grande São Pedro, em Vitória, foi a 20ª vítima de feminicídio no Espírito Santo, neste ano. Os dados são contabilizados pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) e englobam de janeiro até esta quinta-feira (11).
Ela foi morta a facadas pelo aposentado Clovis Vanderlei de Oliveira, de 73 anos, com quem vivia há sete. O crime é tipificado como feminicídio quando mulheres são mortas por menosprezo ou desqualificação a simples condição de ser mulher.
De acordo com Karla Tatiene, filha única da vítima, que esteve com a mãe momentos antes do crime, Oliveira tentou agredi-la. "Ele chegou bêbado e ameaçou bater na cara dela. Entrei na frente e disse que ele não ia bater nela. Ela mandou ele ir embora e ele respondeu: 'Eu vou mas você vai também'", relembra.
Ela relembrou que a mãe sofria frequentes agressões e maus tratos. Inclusive, essas agressões sofridas pela vítima acabaram por levá-a a usar uma cadeira de rodas. "Em 2019, ele bateu nela e foi preso por 110 dias. Minha mãe reclamava que ele batia nela. Ficou cadeirante porque ele batia nela", reforçou.
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Segundo testemunhas, após matar Marilene, o aposentado ainda ameaçou ir à casa de Karla e matá-la também. Essa atitude também se enquadra em feminicídio.
Os dados da Sesp apontam que a maioria das vítimas tinham entre 25 e 29 anos de idade. A delegada e gerente de Proteção da Mulher da Sesp, Michele Meira, diz que o índice de assassinatos de mulheres reduziu mas o panorama requer atenção.
"A gente está em redução comparada ao ano passado. Neste mesmo período de 2021, foram 24 feminicídios, porém, entendemos que é um número bastante expressivo principalmente pela banalidade e dos motivos que ele acontece", aponta.
A delegada reforça que a vítima, muitas vezes, não tem consciência de que está num processo de um relacionamento tóxico que vai terminar em agressão.
"A gente sempre orienta essa mulher que ela perceba que está numa relação abusiva e num círculo de violência. Isso acontece quando alguns pequenos sinais são constantes como ciúme excessivo, querer controlar a forma como a mulher se veste, com quem ela conversa no celular ou comportamentos que começam com xingamentos e depois partem para a agressão", aconselha.
Ela ressalta que denunciar é a melhor forma da mulher se proteger. Mulheres ameaçadas ou que passam por violência podem ligar para o 180.
Com informações do repórter Lucas Melo, da TV Vitória/Record TV