Polícia

Operação Stuttigart: quadrilha sonegava impostos no ES e em MG comprando carros de luxo

Polícia Civil calcula que grupo criminoso, sediado no Espírito Santo, lucrou mais de R$ 2 bilhões utilizando empresas de fachada e simulando atos ilícitos por meio de aquisição de veículos de alto padrão

Foto: Sesp/Divulgação

A Polícia Civil do Espírito Santo divulgou na tarde desta quarta-feira (24), dados da Operação Stuttigart, feita em combate a uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro e falsidade Ideológica. O grupo é suspeito de ter alcançado lucros superiores a R$ 2 bilhões desde 2019. A quadrilha usava empresas de fachada para sonegar impostos

A operação foi realizada na última quinta-feira (18) nas cidades de Vitória, Vila Velha e Baixo Guandu, no Espírito Santo, e nas cidades de Belo Horizonte, Caldas Novas e Pitangui, em Minas Gerais. 

Ao todo, oito pessoas foram presas de forma preventiva, três delas no Estado e o restante em cidades mineiras. Os integrantes da quadrilha são empresários do ramo da alimentação e também de bebidas. Os nomes das pessoas investigadas e presas não foram divulgados porque o processo tramita em segredo de Justiça.

Sesp/Divulgação
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As investigações, que começaram em 2019 a partir de uma denúncia anônima, apontam que o grupo criminoso usava empresas fictícias para sonegar impostos e lavar dinheiro. 

A compra dos carros de alto padrão era uma forma de aparentar a licitude da empresa. Ao todo foram cumpridos oito mandados de prisão, 42 ordens judiciais de bloqueio de contas bancárias e 24 mandados de busca e apreensão. 

Dentre as ordens de busca e apreensão, foram encontrados em três imóveis, localizados nos bairros Ilha do Boi e Jardim Camburi, em Vitória, e em um terreno de 30 hectares em Domingos Martins, o total de 23 veículos de luxo, que estão avaliados em aproximadamente R$ 13,5 milhões.

Só em um prédio, que fica na orla da Praia de Camburi, os agentes apreenderam um veículo preto de luxo avaliado em mais de R$ 500 mil.

Foto: Reprodução TV Vitória
Prédio, que fica na orla da Praia de Camburi, onde agentes apreenderam um veículo preto de luxo avaliado em mais de R$ 500 mil

A operação contou com apoio da Polícia Civil de Minas Gerais e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES).

Como funcionava o esquema

O titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, delegado Eduardo Teixeira Coelho, explicou que as investigações começaram a partir de uma denúncia anônima que envolvia uma empresa que seria receptadora de veículos e os incluía ao seu próprio patrimônio para locação.

Foto: Reprodução TV Vitória
O titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, delegado Eduardo Teixeira Coelho, calcula que a quadrilha lucrou mais de R$ 2 bilhões

"Verificamos que o sócio-proprietário desta empresa possuía outras empresas mas elas não existiam, sendo consideradas fictícias. Elas eram utilizadas para fazer sonegação fiscal e lavagem de dinheiro", explicou.

O delegado afirmou que a compra de carros de luxo era utilizada para dar aparência de ato lícito. 

"Eles faziam sonegação fiscal utilizando empresas fictícias ou de fachada e ao ter o recebimento ilícito desses recursos, faziam a compra de veículos de luxo a fim de dar aparência de licitude. Por isso, eles utilizavam o nome de empresas para dar legalidade à operação", desenvolve. 

Essas empresas de fachada, nos ramos alimentícios e de bebidas, tinham incentivo fiscal. Com o objetivo de adquirerem esses benefícios, eram emitidas notas fiscais adulteradas. 

Para mascarar o dinheiro que não era recolhido pelas receitas estaduais do Espírito Santo e de Minas Gerais, o grupo utilizava a compra de veículos para lavar essas quantias. 

Coelho também explicou que a quadrilha contratava pessoas por R$ 1.300 dispostas a fornecer os nomes para abertura dessas empresas. Segundo o delegado, são pessoas simples. 

"São pessoas humildes, muitas vezes sem nenhuma condição ou que conhece pouca coisa.  Eles falavam que essas pessoas seriam contratados pela empresa e receberiam um valor mensal mas, na verdade, utilizavam os dados como CPF e documentos pessoais para abrirem empresas e utilizarem os CNPJs", desenvolve.

*Com informações de Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/RecordTV