Acusado de matar técnica de enfermagem é condenado a 40 anos
Zezito Pereira da Silva Filho não aceitava o fim do relacionamento com Jaciara da Silva Moura. Ela foi morta com 33 facadas, na frente da filha de 12 anos, na Serra
Zezito Pereira da Silva Filho, acusado do feminicídio da ex-esposa, a técnica em enfermagem Jaciara da Silva Moura, foi condenado a 40 anos e 10 meses de prisão pelo Tribunal do Júri da Serra. O crime aconteceu em março de 2021, na frente da filha do casal, que na época tinha 12 anos.
A pena foi de homicídio com quatro qualificadores: motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima, meio cruel e feminicídio qualificado. A pena foi aumentada por conta do crime ter sido cometido na frente da criança.
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O julgamento ocorreu nesta sexta-feira (23), no Fórum de Serra, em Carapina, com início às 13h e término por volta das 17h.
O júri foi marcado anteriormente para 7 de junho, mas foi adiado porque a defesa do réu não compareceu ao julgamento, alegando a impossibilidade de participar por motivos de saúde.
Jaciara e Zezito mantiveram uma união estável por 12 anos, mas estavam separados há quatro meses quando o crime ocorreu. No entanto, os dois ainda moravam no mesmo imóvel. O acusado não aceitava o fim do relacionamento. Ela foi assassinada com 33 facadas.
Zezito já está preso e inicialmente cumprirá a pena em regime fechado, de acordo com o Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Ele não poderá recorrer da sentença em liberdade.
Além da pena de reclusão, o acusado também foi condenado a pagar pensão mensal às filhas do casal, no valor de dois terços do salário de uma técnica de enfermagem, até que as jovens completem 24 anos.
O acusado também terá de pagar uma indenização no valor de R$ 50 mil a ser dividida entre as duas filhas por danos morais.
A família de Jaciara esteve presente no julgamento e conversou com a TV Vitória. A mãe da técnica de enfermagem, Vicentina da Silva, afirmou que sempre teve certeza de que o réu seria condenado.
"Eu sempre acreditei em Deus, que hoje nós sairíamos com a vitória. Nestes três anos já haviam marcado três vezes e nunca teve audiência, nem julgamento. Hoje, graças a Deus, saímos com a vitória", disse.
Jucélia de Moura, irmã de Jaciara também participou da audiência e relatou estar aliviada com a condenação do acusado.
"É um alívio saber que esse ciclo se encerrou, porque era uma coisa que vinha nos machucando, sem saber o que ia acontecer. Agora estamos aliviados", afirmou.
Crime deu origem a lei de acolhimento a crianças
Devido à brutalidade e repercussão do crime, que ocorreu na frente da filha da vítima, foi instituída a Lei Estadual 11.402, de 20 de setembro de 2021. A Lei Jaciara da Silva de Atenção e Proteção, proposta pela deputada estadual Iriny Lopes, estabelece o atendimento psicológico para crianças, adolescentes e jovens cujas mães foram vítimas de feminicídio no Espírito Santo.
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Relembre o caso
O crime aconteceu no dia 15 de março de 2021. Na ocasião, a filha do casal acionou o socorro e a vítima foi levada para um hospital do município, onde ela trabalhava. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu.
De acordo com a família de Jaciara, o casal e a criança de 11 anos foram almoçar na casa de parentes no último domingo (14). Mesmo com a separação, a técnica de enfermagem demonstrava ter um relacionamento saudável com ex-companheiro.
Depois do almoço, os três voltaram pra casa. Familiares da vítima ficaram sabendo da morte de Jaciara por volta de duas horas da manhã. Os vizinhos descobriram antes, porque a filha do casal, aos prantos, foi em direção ao portão da casa e gritou que o pai estaria matando a mãe dela.
Uma vizinha, que preferiu não se identificar, ouviu os gritos da criança. "Muito triste, isso é uma covardia. Todo mundo aqui se revoltou, mas quase ninguém viu, só quando a menina saiu pedindo socorro e a gente saiu para ajudar", contou.
Segundo informações da polícia, Jaciara foi assassinada com 33 facadas. A vítima foi socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu quando chegou no hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra.
*Com informações do repórter Vitor Zuccolotti, da TV Vitória/Record