Juiz do ES preso teria participado de "racha" e coagido testemunhas
Bruno Fritoli Almeida foi preso e afastado do cargo em decorrência da Operação Follow The Money, deflagrada pelo Ministério Público do Estado
Um dos juízes suspeito de envolvimento em um suposto esquema criminoso para enriquecimento ilícito por heranças, teria participado de "rachas", consumido drogas e disponibilizado armas de fogo em festas. É o que aponta a investigação do Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
A informação faz parte do relato de um dos advogados alvos da Operação Follow The Money sobre a atuação do juiz Bruno Fritoli Almeida, afastado do cargo e preso na última quinta-feira (1º).
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De acordo com o relato da testemunha descrito na decisão judicial que o Folha Vitória teve acesso, em um dos episódios, Bruno teria participado de um "racha" no trecho entre a região de Barra de São Francisco e Ecoporanga, no Espírito Santo, e Mantena, em Minas Gerais.
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"Uma vez presenciei o Bruno batendo "racha" com esse rapaz, ele com uma caminhonete branca, uma Ranger branca que ele possuía, e esse rapaz uma BMW. Quando o Bruno foi cortar esse rapaz, no trajeto daqui para Mantena, o Bruno quase causou um acidente, porque ele foi atravessar na linha contínua, vinha outro carro, e eles quase chocaram", relatou a testemunha em depoimento prestado à Corregedoria-Geral de Justiça durante o processo.
Ainda segundo o documento, de acordo com o Ministério Público, há relatos colhidos durante fiscalização ordinária nas Comarcas de Ecoporanga e Barra de São Francisco que indicam que Bruno mantinha relações próximas com "indivíduos de má índole", utilizava drogas e disponibilizava armas de fogo em festas realizadas em sua propriedade.
Há ainda, segundo o MPES, evidências de que o juiz investigado utilizou sua posição para favorecer partes em processos judiciais, incluindo casos em que mantinha relações pessoais com os envolvidos, e de que tentou coagir testemunhas e intimidar outras pessoas.
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Diante dos fatos, o Ministério Público pediu a prisão preventiva do juiz e de outros investigados, assim como o cumprimento de medidas cautelares. O pedido de prisão do magistrado foi aceito pelo desembargador Sérgio Ricardo de Souza. Desde quinta-feira (1º), Bruno está preso no Quartel da Polícia Militar, em Vitória.
Durante sessão ordinária realizada no mesmo dia, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) decidiu afastar oficialmente o juiz e manter a prisão. Além disso, os desembargadores também decidiram afastar o juiz Mauricio Camatta Rangel, também investigado no processo.
Procurada pelo Folha Vitória, a defesa do juiz Bruno Fritoli Almeida afirmou que os fatos serão esclarecidos, em momento oportuno, na Justiça.
A reportagem não localizou até o momento a defesa do juiz Mauricio Camatta Rangel. O espaço segue aberto para manifestação.
Entenda esquema de desvio de heranças
As investigações realizadas pelo Ministério Público do Estado apontam, segundo o órgão, indícios de que os investigados utilizavam técnicas para localizar e identificar pessoas falecidas, sem herdeiros necessários ou interessados, com valores altos em contas de instituições financeiras e imóveis.
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Eles pleiteavam, perante o Judiciário, o cumprimento de supostos acordos extrajudiciais, com bloqueios de contas e bens e, em seguida, faziam o levantamento e a liberação de valores.