Polícia

Juiz do ES preso teria participado de "racha" e coagido testemunhas

Bruno Fritoli Almeida foi preso e afastado do cargo em decorrência da Operação Follow The Money, deflagrada pelo Ministério Público do Estado

Gabriel Barros

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução

Um dos juízes suspeito de envolvimento em um suposto esquema criminoso para enriquecimento ilícito por heranças, teria participado de "rachas", consumido drogas e disponibilizado armas de fogo em festas. É o que aponta a investigação do Ministério Público do Espírito Santo (MPES).

A informação faz parte do relato de um dos advogados alvos da Operação Follow The Money sobre a atuação do juiz Bruno Fritoli Almeida, afastado do cargo e preso na última quinta-feira (1º).

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De acordo com o relato da testemunha descrito na decisão judicial que o Folha Vitória teve acesso, em um dos episódios, Bruno teria participado de um "racha" no trecho entre a região de Barra de São Francisco e Ecoporanga, no Espírito Santo, e Mantena, em Minas Gerais.

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"Uma vez presenciei o Bruno batendo "racha" com esse rapaz, ele com uma caminhonete branca, uma Ranger branca que ele possuía, e esse rapaz uma BMW. Quando o Bruno foi cortar esse rapaz, no trajeto daqui para Mantena, o Bruno quase causou um acidente, porque ele foi atravessar na linha contínua, vinha outro carro, e eles quase chocaram", relatou a testemunha em depoimento prestado à Corregedoria-Geral de Justiça durante o processo.

Ainda segundo o documento, de acordo com o Ministério Público, há relatos colhidos durante fiscalização ordinária nas Comarcas de Ecoporanga e Barra de São Francisco que indicam que Bruno mantinha relações próximas com "indivíduos de má índole", utilizava drogas e disponibilizava armas de fogo em festas realizadas em sua propriedade.

Há ainda, segundo o MPES, evidências de que o juiz investigado utilizou sua posição para favorecer partes em processos judiciais, incluindo casos em que mantinha relações pessoais com os envolvidos, e de que tentou coagir testemunhas e intimidar outras pessoas.

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Diante dos fatos, o Ministério Público pediu a prisão preventiva do juiz e de outros investigados, assim como o cumprimento de medidas cautelares. O pedido de prisão do magistrado foi aceito pelo desembargador Sérgio Ricardo de Souza. Desde quinta-feira (1º), Bruno está preso no Quartel da Polícia Militar, em Vitória.

Durante sessão ordinária realizada no mesmo dia, o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) decidiu afastar oficialmente o juiz e manter a prisão. Além disso, os desembargadores também decidiram afastar o juiz Mauricio Camatta Rangel, também investigado no processo.

Procurada pelo Folha Vitória, a defesa do juiz Bruno Fritoli Almeida afirmou que os fatos serão esclarecidos, em momento oportuno, na Justiça.

A reportagem não localizou até o momento a defesa do juiz Mauricio Camatta Rangel. O espaço segue aberto para manifestação.

Entenda esquema de desvio de heranças

As investigações realizadas pelo Ministério Público do Estado apontam, segundo o órgão, indícios de que os investigados utilizavam técnicas para localizar e identificar pessoas falecidas, sem herdeiros necessários ou interessados, com valores altos em contas de instituições financeiras e imóveis.

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Eles pleiteavam, perante o Judiciário, o cumprimento de supostos acordos extrajudiciais, com bloqueios de contas e bens e, em seguida, faziam o levantamento e a liberação de valores.