"FOLLOW THE MONEY"

Juízes movimentaram mais de R$ 7 milhões em contas de falecidos sem herdeiros no ES

Com quebra de sigilo bancário, as investigações dão conta de que as movimentações foram feitas em diversas transferências bancárias no valor de R$ 7.084.856,54

Carol Poleze

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação MPES

Os investigados pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES), na operação Follow The Money, movimentaram mais de R$ 7 milhões por meio de um esquema criminoso para roubar heranças. 

Segundo apurou o Folha Vitória, os juízes alvos da ação são Mauricio Camatta Rangel e Bruno Fritoli Almeida. Bruno foi encaminhado ao presídio militar do Quartel do Comando-Geral (QCG). Os nomes dos advogados e outros investigados na ação não foram divulgados.

Os alvos dos investigados, de acordo com as apurações, eram "pessoas falecidas com grandes investimentos bancários paralisados" e que não possuíam herdeiros interessados.

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Em decisão relatada pelo desembargador Sérgio Ricardo da Souza, é feito o pedido de prisão preventiva de partes dos envolvidos, entre eles, o juiz Bruno Fritoli Almeida e outras nove pessoas, sendo quatro deles advogados.  

Com quebra de sigilo bancário, as investigações dão conta de que as movimentações fraudulentas foram feitas em diversas transferências bancárias, envolvendo três dos investigados, na tentativa de dificultar o rastreio.

Juntos, de acordo com a decisão, os investigados emitiram oito alvarás fraudulentos para levantar a quantia de R$ 7.084.856,54. Esse processo, inclusive, era feito de forma ágil.

"Ressalta-se a complexidade e rapidez da atuação organizacional criminosa, cuja colheita de informações sobre pessoas falecidas, com grandes investimentos bancários paralisados, possui capilaridade em todo território nacional e quando ajuizada a ação judicial, tramita com enorme celeridade e, em poucos dias, conclui-se o seu intuito criminoso de se apropriar de valores paralisados em conta-corrente bancária de vítimas já falecidas", diz a decisão.

De acordo com o MPES, essas pessoas falecidas não teriam herdeiros necessários ou interessados e possuíam grandes valores em contas de instituições financeiras ou imóveis. 

Entenda como era esquema de corrupção de juízes e advogados no ES

Os investigados, segundo o documento ao qual a reportagem teve acesso, faziam contratos indicando supostos acordos jurídicos com cláusula de confidencialidade com foro em Barra de São Francisco. Somente os advogados assinavam os acordos.

"Feito bloqueio judicial dos valores depositados na conta do falecido e havendo manifestação de interessados, o exequente não se manifestava a respeito e por via de consequência, ocorria a extinção do processo", diz o documento. 

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