Polícia

"Golpista do amor": suspeito casa com vítimas para aplicar golpes

Um homem, de 49 anos, é suspeito de ser um estelionatário em série, enganando diversas mulheres em relacionamentos amorosos para aplicar golpes

Redação Folha Vitória

Foto: Reprodução TV Vitória

Mais de 15 vítimas denunciaram um "golpista do amor" que age há anos no Espírito Santo, inclusive buscando alvos dentro de igrejas. A reportagem da TV Vitória/Record conseguiu conversar com três delas, além da mãe de uma mulher que foi encontrada morta.

O homem, de 49 anos, é suspeito de enganar diversas mulheres em relacionamentos amorosos e chegou a casar com várias delas. Ele se apresentava como diácono de uma igreja evangélica.

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Segundo as vítimas, o homem teria vindo de Minas Gerais e se casado pelo menos cinco vezes no Espírito Santo. Uma dessas esposas é uma cuidadora de crianças aposentada, de 58 anos. 

Ela o conheceu em junho de 2009 e se casou com ele em abril de 2010. A cuidadora disse que o ex-marido inclusive teria tentado envenená-la.

"Meu pastor me apresentou ele e ele disse que era diácono. Logo moramos juntos e casamos. Ele fazia suco e lanche para mim. Um dia eu não bebi o suco e ele saiu escondido de casa tarde da noite, pulou o portão. E, quando voltou, eu estava acordada e ele tomou um susto",  disse a aposentada.

As vítimas relataram um padrão de comportamento onde o suspeito se aproveita da vulnerabilidade emocional das mulheres, utilizando mentiras e manipulação para ganhar sua confiança. 

Em 2015, uma professora, de 47 anos, que é dona de uma escola, relatou que também foi vítima do golpista e que teve o casamento entre eles marcado por episódios de agressões e violência. 

"Ele me batia, me deu um soco e tapou meu nariz e boca. Eu fingi desmaio. Ele me deixou lá desmaiada e foi pra sala assistir TV. Depois de um tempo, levantei e fui para a sala e ele agiu como se nada tivesse acontecido. Ainda falou 'senta aqui, amor'. Foi ali que eu vi que precisava separar", contou a professora. 

A professora relatou que o ex-companheiro não trabalhava e, por diversas vezes, trazia produtos roubados para casa e que queria gerenciar a escola que ela era dona e a obrigava a dar tudo que tinha para ele. 

"Eu vivia em um relacionamento abusivo. Toda hora ele pedia as coisas pra mim, queria que eu entregasse tudo para ele. Um relação completamente infernal'', contou a professora.

O casamento com a professora chegou ao fim após uma série de problemas e a polícia precisou intervir na situação e a vítima solicitou medida protetiva contra o ex-marido. 

Em 2016, o homem se casou novamente, dessa vez com uma autônoma, que conheceu na igreja. Ela também contou que durante o relacionamento com o estelionatário, ela foi traída e enganada diversas vezes pelo homem. Também disse que ele chegou a aplicar golpe nos inquilinos dela.

"Depois de tudo que ele me roubou, me traiu, me enganou, ele ainda me colocou na Justiça! E eu tive que dar dinheiro. Porque quando eu falava para ele ir embora, em paz, porque eu sabia que ele era um bandido, ele falava: 'Eu sei onde seus filhos moram. A sua mãe está idosa, pode acontecer um acidente com ela'. Eu soube pelos meus inquilinos que ele queria receber os aluguéis no meu lugar e chegou a aplicar golpes contra eles", explicou a autônoma, de 52 anos.

O homem submeteu as esposas a diversas formas de abuso, incluindo traições, roubo de dinheiro e até mesmo tentativas de envenenamento. Com todas, ele forçava o regime de comunhão total de bens na hora de casar.

O histórico de violência e manipulação do homem inclui agressões físicas e controle financeiro sobre as mulheres. Uma das ex-esposas foi encontrada morta.

O suspeito terminou o casamento com a autônoma, e, em 2017, tornou a se casar. A mulher com quem ele vivia foi encontrada morta dentro do quarto do casal, pelo filho dela, na época com 12 anos. 

A mãe da jovem afirma que no laudo cadavérico há indicação de ingestão de vários medicamentos, mas não é a versão que as outras vítimas acreditam. 

"Foi envenenada por ele. Porque ele fazia tudo que era tipo de maldade", disse a mãe da mulher.

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Antes de morrer, essa mulher descobriu que o marido guardava um HD com vários vídeos em que ele aparece mantendo relações sexuais com diversas mulheres, incluindo uma de suas ex-esposas. 

As mulheres contaram que estão unidas para alertar outras possíveis vítimas e algumas já registraram ocorrências policiais. 

O suspeito continua em liberdade e, segundo relatos, estaria usando aplicativos de relacionamento para encontrar novas vítimas, fingindo ser um chef de cozinha.

*Com informações da repórter Marla Bermudes, da TV Vitória/Record

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