A Delegacia Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Cachoeiro de Itapemirim, vai pedir a prisão da suspeita de aplicar golpes em várias noivas no sul do estado. Pelo menos, sete vítimas procuraram a polícia para registrar boletim de ocorrência, depois que souberam que a proprietária da empresa contratada para realização do casamento deixou a cidade.
Na última semana, os policiais realizaram diligências no endereço da suspeita, mas ela não foi localizada. A Polícia Civil acredita ainda que o golpe foi premeditado, já que foi apurado que ela teria vendido sua casa há seis meses e se mudou para um apartamento, localizado no bairro Bom Pastor, que está alugado há 30 dias.
Na semana passada, as noivas que contrataram o serviço da empresa Mara Lilian Noivas, foram surpreendidas com um áudio da proprietária dizendo que foi à falência e, por isso, não cumpriria 10 contratos que estavam fechados. “Gente, estou passando para avisar que minha firma faliu. Eu não tenho mais a Mara Lilian Noivas. Por falta de administração minha, acabei perdendo tudo o que tinha. Estou sem nada e é com muita dor no coração que comunico a vocês que não vou poder cumprir o contrato”, diz.
A reportagem tentou contato novamente pelo telefone, mas a ligação vai direto para a caixa postal. Mesmo deixando recado, a proprietária da empresa não retornou.
Golpes
Seis vítimas do golpe registraram na Delegacia Regional de Cachoeiro e uma registrou na Delegacia de Vargem Alta. A moradora de Cachoeiro, Alexandra Gomes Pinheiro, está com casamento marcado para o dia 11 de janeiro de 2020 e tinha fechado contrato para o serviço de buffet e decoração. Ela chegou a pagar R$ 1.750,00 para a empresa. Todo o serviço ficaria em R$ 4 mil.
“Minha irmã viu uma publicação no Facebook e me avisou. Achei estranho, pois no dia 20 de agosto conversei com ela sobre umas mudanças que queria, e ela concordou. Me pediu mais R$ 500,00 e fiz o depósito. Mesmo sem acreditar, mandei mensagem e vi que não chegava e liguei, mas caiu direto na caixa postal. Até que recebi o áudio que ela enviou. Minha ficha demorou para cair”, comenta.
Moradora do interior de Alfredo Chaves, Samara Rangel Berro, também é uma das vítimas. “Meu casamento será no dia 22 de agosto do ano que vem e fechei com ela. Paguei R$ 1 mil de entrada e daria o restante mais para frente, já que meu casamento é só no ano que vem”, explica.
O serviço contratado por Samara, incluía buffet, arrumação, doces e o bolo de corte. “Tudo ficou no valor de R$ 5.600,00. Confesso que fiquei um pouco desconfiada pelo o valor ser um pouco abaixo do mercado, mas como tenho uma conhecida que fez casamento com ela, então eu confiei”, completa.
Ajuda para a festa
Na última quinta-feira (29), Andreia Aparecida Spala, moradora de Cachoeiro de Itapemirim, procurou a Delegacia do município para registrar o golpe. Ela ficou sabendo que a empresa tinha falido após uma mensagem por áudio enviada pela proprietária.
A história de Andreia comoveu os amigos, parentes e fornecedores do município. Ela foi curada de um câncer no ano passado, e movida pela vontade de ser ministra da palavra na igreja, quer se casar com seu companheiro de 12 anos, pai de seus filhos. Por isso, o grupo de juntou para ajudá-la com a realização do sonho.
Segundo a cunhada, e uma das organizadoras do grupo, Saviane Almeida, Andreia ganhou toda a festa de casamento. “Ela ganhou tudo. Vestido, buffet (jantar, doces, bolo e bebidas), cabelo, maquiagem e o local para a festa. A única coisa que falta é a decoração da igreja, que não estava incluída no pacote contratado”, conta.
O casamento será no dia 26 de outubro, e o pacote de R$ 5.200,00 foi pago parcelado no cartão de crédito. “Agora estamos ajudando também as outras noivas que foram vítimas do golpe. Foram criados outros grupos de WhatsApp e os fornecedores estão sem empenhando para realizar o sonho de todas que foram deixadas na mão”, completa.