Polícia

Família de enfermeira assassinada em Conceição do Castelo relembra amor dela pelas filhas

Irmã de Giselly Thais, morta com nove tiros pelo ex-companheiro, diz que dedicação da enfermeira pela família e pela profissão vai auxiliar a conviver com a dor da perda

Foto: Reprodução / Instagram

Uma mulher alegre, de bem com a vida, muito determinada e persistente para correr atrás de seus sonhos. Essa é a imagem que fica para a família da enfermeira Giselly Thais Caçandro de Souza, assassinada aos 36 anos, com nove tiros, no último domingo (26) em Conceição do Castelo

Segundo investigações da Polícia Civil, ela foi morta pelo ex-companheiro. Uma câmera de videomonitoramento de um estabelecimento comercial registrou os momentos do crime.

Nas imagens, o agressor aparece perseguindo a enfermeira. Ela cai e ele dispara contra ela. Um outro homem, depois identificado como o namorado atual da vítima, surge tentando defendê-la e de acordo com testemunhas, só não foi atingido porque a munição havia acabado.

A Polícia Civil não informou o nome do suspeito. Disse que ele foi autuado em flagrante por feminicídio, sendo encaminhado para Centro de Triagem de Viana (CTV). 

Pela primeira vez, parentes de Giselly falaram com a reportagem do Folha Vitória. Eles tentam se refazer da dor da perda da enfermeira, relembrando o jeito que ela encarava a vida e de como era admirada pelas pessoas.

“Giselly era mãe, era amiga. Sempre foi muito parceira. Como qualquer pessoa, ela tinha seus altos e baixos mas sempre estava de bem com a vida. Diante dos problemas que a vida colocava para ela, ela sempre se mantinha de pé, de cabeça erguida e sempre com um sorriso no rosto”, relembra a irmã da enfermeira, a esteticista Lara Christina Caçandro, 27 anos. 

Lara diz que este ano estava sendo de grandes conquistas para a irmã pois ela estava exercendo, finalmente, a profissão pela qual ela tinha sonhado e terminado uma faculdade. “Nunca tinha tido antes o prazer de conseguir um emprego na área em que estudava. Esse ano, ela conseguiu e a gente via nisso uma realização muito grande para ela”, destaca.

A satisfação era tanta que Giselly não se importava de passar do horário do expediente no trabalho de enfermeira. “Ela sempre chegava atrasada em casa por causa de seu trabalho. Dizia que não gostava de deixar tarefas incompletas”, recorda a irmã.

Foto: Reprodução/ WhatsApp
Uma câmera de videomonitoramento de um estabelecimento comercial registrou os momentos do crime

O cuidado no trabalho era redobrado também em casa, no tratamento com a família. “Não tenho dúvidas de que ela fez o melhor que poderia ter feito para os filhos”, considera. A irmã disse que a enfermeira sempre estava atenta às necessidades das três filhas.

Irmã alerta para mulheres não temerem conflitos e terem coragem

A esteticista diz que as circunstâncias do crime ultrapassam qualquer tipo de explicação e não se deve pensar em motivos para feminicídios. 

“A gente sempre se pergunta até quando isso ainda vai acontecer. Até quando mulheres serão ameaçadas e continuarão a ser mortas? Estou no papel de defender a minha irmão em qualquer circunstância mas a gente se comove também por tantas famílias que foram envolvidas em conflitos e as vidas delas são perdidas”, diz, comovida.

Lara enfatiza que não querem que as pessoas pensem que a família está movida a sentimento de ódio pelo assassino da irmã. “A gente fala pelo o que a Giselly era, pelo que a gente conhecia dela. E, por isso, se tem uma palavra que marca a gente e que pode servir para muitas mulheres é coragem! Não fraquejem, pensem nos seus filhos”, destaca. 

Para a esteticista, somente pensando no próximo, no outro, é que se pode prevenir e se ter ânimo para combater situações de conflito. “Então, lutem pela família de vocês. Pense que o amor é o único sentimento capaz de mudar a pessoa, a situação, mudar as circunstâncias”, aponta. 

A irmã finaliza dizendo que a família está machucada mas vai seguir adiante. “Vamos continuar com o que a gente recebeu dela, da força das pessoas que estão nos apoiando e também de Deus”, encerra.

Com informações do repórter Matheus Foletto, da TV Vitória/Record TV