Polícia

Suspeito de exploração sexual atraía crianças no ES para jogar videogame

De acordo com a polícia, o suspeito era morador de Santa Mônica, em Vila Velha. A investigação apontou que pelo menos três adolescentes foram na casa dele

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/PCES

No período de abril a agosto de 2024, quatro suspeitos de consumir e distribuir material de exploração sexual de crianças e adolescentes foram presos em uma operação da Polícia Civil no Espírito Santo. Dentre eles, um homem de 42 anos que atraía os menores para sua casa para jogar videogame. 

De acordo com a polícia, o suspeito era morador do bairro Santa Mônica, em Vila Velha. A investigação apontou que pelo menos três adolescentes foram na casa dele. 

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Um deles, de 12 anos, era vizinho do suspeito e ia sozinho até a casa dele. Segundo a polícia, o homem, além de compartilhar e armazenar, também produzia conteúdo de exploração sexual infantil. 

"Ele ia jogar videogame na casa desse pedófilo. Essa é uma forma comum desses criminosos atraírem as vítimas. Eles chamam as crianças para jogar videogame, oferecem dinheiro, doces, e depois cometem os crimes. Nós identificamos esse suspeito, ele foi detido e confessou o crime", disse o  titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), delegado Brenno Andrade

A polícia informou que a mãe do menor prestou depoimento e confirmou que sabia que o garoto ia à casa do vizinho para jogar videogame, mas que nunca desconfiou que o filho fosse vítima de abusos. 

O menor ainda relatou que tinha medo de denunciar o suspeito. Isso porque queria continuar visitando a casa do homem para jogar videogame e por enxergar nele uma figura paterna. 

"Ele tinha muito medo, porque via no pedófilo uma figura paterna, já que não tem contato com o pai e também porque queria continuar jogando videogame. Para ver como estava a cabeça dessa criança", relatou o delegado. 

Outras prisões em diferentes municípios 

Foto: Reprodução/PCES

Além da prisão em Vila Velha, um segundo suspeito foi preso em Linhares, região Norte do Espírito Santo. A investigação foi iniciada em abril e o mandado de busca e apreensão foi cumprido em maio. 

Segundo a polícia, o homem de 28 anos foi preso em flagrante com mais de 4 mil arquivos de pornografia infantil em uma pasta em nuvem no computador do suspeito. 

Além dele, um suspeito de 27 anos foi preso em Fundão. Ele é investigado por produzir e compartilhar material de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes pela internet. 

A investigação mostrou que o suspeito é pai de três filhos com três mulheres diferentes. Uma dessas mulheres tem uma irmã, que à época do relacionamento, tinha entre 12 e 13 anos. 

No celular do suspeito foram encontradas diversas imagens da menor enquanto dormia. 

"Uma dessas ex-namoradas tem uma irmã, que na época tinha 12 ou 13 anos. No telefone dele foram encontradas fotos da menina dormindo. Ela dormia em algumas posições e ele tentava tirar fotos íntimas", disse Andrade. 

O suspeito afirmou aos policiais que a ex-namorada tinha conhecimento dos crimes e que o autorizava a tirar as fotos. 

De acordo com a polícia, ele chegou a alegar que a ex-companheira havia sido chantageada pela internet, por conta disso, ambos teriam começado a tirar fotos da menor para enviar aos supostos chantagistas, o que não foi corroborado pela investigação. 

"Ele disse que essa ex-namorada foi chantageada. Que recebeu uma ameaça de pessoas dizendo que tinham fotos íntimas dela e que para não divulgar essas imagens, queriam fotos de menores de idade. Nós não acreditamos nisso, porque no celular dele não havia nenhuma conversa deste tipo, de pessoas ameaçando ou cobrando", afirmou. 

O suspeito já tinha três passagens pela polícia: por ameaça, estupro de vulnerável e pela Leia Maria da Penha. De acordo com a investigação, no ano passado, ele teria cometido um crime conhecido como "boa noite, Cinderela" em uma mulher, no bairro Jardim da Penha, em Vitória. 

A última prisão ocorreu no município de Mucurici, mais precisamente na localidade de Ponto Belo, no dia 6 de agosto.  O suspeito comprava e vendia materiais de pornografia infantil por um aplicativo de mensagens, o Telegram. 

O caso foi descoberto por meio de uma denúncia realizada através do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania. 

Segundo os policiais, o suspeito de 19 anos vendia o material por R$ 20 a R$ 40 e que se surpreendeu quando foi encontrado e preso pelos policiais. Isso porque, o homem não tinha residência fixa e estava em uma colheita de café.

Além disso,  a utilização do Telegram também dificultaria a investigação dos policiais. 

Foto: Reprodução/PCES
"O que causou surpresa foi que no momento da prisão ele falou que nunca imaginava que a Polícia fosse localizá-lo naquele fim do mundo, segundo as palavras dele. Ele vendia packs, pacotes de fotos, pelos valores de R$ 20 a R$ 40. Fotos baixadas de aplicativos que não costumam muito colaborar com a polícia no compartilhamento de dados", afirmou. 

A investigação agora segue no intuito de identificar e encontrar pessoas suspeitas de adquirir as fotos vendidas pelo suspeito. 

De acordo com o superintendente de Polícia Especializada (SPE), delegado Agis Macedo, o mercado da pornografia infantil movimenta pelo menos US$ 20 bilhões mundialmente todos os anos e que o Brasil é o 10º país que mais consome este tipo de conteúdo. 

"Há uma estimativa de consumo mundial que gira em US$ 20 bilhões por ano. O Brasil, nesse contexto, figura na 10ª posição no consumo. É muito dinheiro e muito consumo, isso representa uma preocupação para a Polícia Civil, que deu início a essa investigação e à prisão desses pedófilos", disse.