Polícia

Vídeo mostra delegado dando tapa no rosto de entregador no ES

Welligton Santos disse que foi agredido por Davi Santana Gomes. Já o policial alega que o entregador desobedeceu ordem de colocar bolsa em cima de mesa

Redação Folha Vitória

Foto: Reprodução TV Vitória

O entregador Welligton Abreu dos Santos, que trabalha em um mercado, levou um tapa no rosto do delegado Davi Santana Gomes, da Polícia Civil, no dia 4 de setembro deste ano. O caso aconteceu na cidade de Piúma, no Litoral Sul do Espírito Santo.

A vítima disse que estava em horário de lanche, quando o delegado chegou. O entregador contou que em nenhum momento levantou a voz para o policial.

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Após a agressão, Welligton foi ao médico. Ele disse que, segundo a equipe que o atendeu, o tapa poderia ter deixado graves consequências.

Imagens de videomonitoramento mostram que o delegado aborda o entregador e outros policiais saem de um carro branco. É neste momento em que Davi bate no rosto do entregador.

Foto: Reprodução TV Vitória

Um policial civil toma a bolsa do entregador, que é levado pelo delegado e por outro policial para longe da câmera. A bolsa dele é revistada e como não encontram nada, os policiais vão embora.

Welligton não sabia que o policial era o delegado da cidade, até porque na hora do tapa, o policial civil não quis se identificar. 

Algumas horas após a agressão, um técnico apareceu no mercado e apagou as imagens das câmeras, mas Welligton conseguiu recuperar as imagens.

O delegado Davi Santana Gomes conversou com a equipe da TV Vitória/Record. 

"Eu parei para efetuar uma compra quando ouvi algumas provocações de um indivíduo que aparentemente estava bebendo e sob efeito de entorpecentes. Ao sair da compra, eu dei uma ordem para que ele colocasse a bolsa em cima da mesa. Ele não obedeceu e eu segurei a bolsa que aparentava ter uma arma de fogo", relata Davi Santana Gomes.

O delegado continua o seu relato dizendo que quem agrediu primeiro foi o entregador.

"O indivíduo me empurrou com o braço esquerdo e fez menção em levar a mão na bolsa para pegar a arma de fogo. Eu, acreditando estar numa situação de perigo iminente, faço o uso progressivo da força. Posteriormente, verifico que não era uma arma de fogo e, sim, um grampeador. Eu explico toda situação a ele. Ele se desculpa, eu peço desculpas e a situação é encerrada no momento", afirma o delegado.

Sobre o suposto técnico que teria apagado as imagens, o delegado afirma que não pediu para que nada fosse apagado. 

No Boletim de Ocorrência (BO), o entregador disse ainda que o delegado usou termos homofóbicos na hora da abordagem. Davi nega.

O delegado é o mesmo que, em 2014, deu uma "carteirada" e algemou dois seguranças numa boate de Guarapari. Testemunhas disseram que ele fez isso para entrar na área VIP da boate. 

Na época, Davi era delegado de Guarapari. Estava em estágio probatório e foi afastado das atividades. Depois o caso foi arquivado. 

Seis anos depois, em 2020, o mesmo delegado se envolveu em outra polêmica. Ele e dois PMs foram presos com drogas numa casa do bairro Morada do Sol, em Vila Velha. 

Davi disse que estava investigando um traficante e pediu ajuda dos policiais militares. Caso que motivou até o pronunciamento do próprio secretário de Segurança do Estado.

Em 2020, Davi Santana Gomes era chefe da Delegacia de Anchieta, onde Welligton, o entregador agredido, registrou uma ocorrência e pediu uma medida protetiva por medo dele. Mas não conseguiu.

*Com informações do repórter André Falcão, da TV Vitória/Record