Polícia

Jovem que passou mal após consumir droga em rave diz que comprou substância por meio de aplicativo de mensagem

Universitário teve alta na manhã desta sexta-feira e esteve no Denarc para prestar depoimento. Ele disse que desmaiou 20 minutos após consumir a droga

Foto: TV Vitória

Um dos jovens que precisaram ser hospitalizados após fazer uso de uma mistura de drogas durante uma festa rave na região de Praia Doce, em Guarapari, no último sábado (12), teve alta na manhã desta sexta-feira (18) e esteve no Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc), na Serra, para prestar depoimento. Outras duas pessoas seguem internadas após consumirem uma substância conhecida como "mescalina", misturada com ecstasy.

O rapaz, um estudante de engenharia de 24 anos, que não quis se identificar, conversou com a equipe de reportagem da TV Vitória/Record TV e contou que adquiriu três cápsulas com a mistura das drogas poucos dias antes da festa. A negociação, segundo o rapaz, aconteceu por meio de um aplicativo de mensagem.

Ele disse que pagou cerca de R$ 140 pela droga e pegou o material dentro da festa rave. Segundo o universitário, cerca de 20 minutos depois de consumir apenas uma cápsula, ele passou mal, começou a sentir falta de ar e desmaiou.

O jovem foi levado para o hospital, de onde só saiu nesta sexta feira. Ele conta que não se lembra de mais nada depois de consumir a droga.

A Polícia Civil agora está em busca dos responsáveis pela comercialização da droga. "Já temos a suspeita de como eles adquiriram, mas a gente não pode falar nesse momento se eles compraram lá ou se eles já levaram para dentro da festa", afirmou o delegado Diego Bermond, titular do Denarc, responsável pela investigação do caso.

A policia também está apurando o total de pessoas que teriam consumido as drogas na festa. Segundo Bermond, os responsáveis pelo evento também devem ser intimados para prestarem esclarecimentos.

"Se eles tiverem ciência de que está tendo a comercialização desse substância entorpecente no local, eles serão também responsabilizados. Já foram intimados e vão se apresentar aqui no departamento", afirmou.

Além do rapaz que esteve no Denarc, nesta sexta-feira, outros dois jovens teriam consumido a droga e continuam internados em hospitais da Grande Vitoria. Um deles, um universitário de 24 anos, está internado, em estado grave, no Hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha. A mãe desse rapaz conversou com a equipe da TV Vitória e confirmou que situação do filho é bastante delicada.

"Cheguei aqui [no hospital] e o médico me chamou e falou 'olha, seu filho não foi acidente de carro', como eu achava que fosse. 'Ele teve uma overdose com uma droga sintética nova que está no mercado'. Meu filho está muito grave", contou.

A outra vítima está internada no hospital Cias, em Vitória, e o estado de saúde dela é considerado estável. 

Mescalina

De acordo com a polícia, uma das substâncias consumidas por esses jovens é a mescalina, um alucinógeno natural extraído de um cacto chamado peiote, de origem mexicana. Ainda segundo a polícia, para aumentar seu efeito, a substância teria sido misturada com ecstasy e colocada em pequenas cápsulas. 

O delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo, José Darcy Arruda, disse que é a primeira vez que esse tipo de entorpecente é comercializado no Espírito Santo. "É uma droga que ainda estamos conhecendo, uma droga que não estava sendo utilizada no estado do Espírito Santo. Ela está sendo estudada em nossos laboratórios, mas a princípio nós sabemos que é uma droga chamada 'mescalina', associada ao ecstasy, ao MDMA. É uma droga altamente alucinógena, extraída de um cacto no México, e está associada também a um estimulante do ecstasy. Então essa combinação é fatal, é uma combinação altamente destrutiva", alertou Arruda.

Foto: Divulgação
Mescalina é um alucinógeno natural extraído do cacto peiote, de origem mexicana

Ainda segundo o delegado-geral, o evento onde a droga teria sido consumida não tinha autorização da Polícia Civil para ser realizado. "A Polícia Civil não deu o alvará, em razão de um conflito negativo de atribuição. Guarapari não concedeu o alvará e Vitória também não concedeu o alvará. Quando ocorre isso, quem decide esse conflito é o delegado-geral. E não me foi solicitado, então a Polícia Civil não autorizou esse evento", frisou.

Por meio de nota, a Ecologic, responsável pela festa onde as drogas teriam sido consumidas, disse que fez um levantamento com a equipe médica contratada, que constatou que três pessoas passaram mal durante o evento e foram levadas ao hospital. Segundo a nota, o evento é legalizado e segue os protocolos de segurança.

Já a Prefeitura de Guarapari informou, também por meio de nota, que todos os requisitos para a realização da festa estavam regulares.

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