Inspetor é preso suspeito de traficar drogas dentro do presídio onde trabalhava
O agente penitenciário é investigado por fazer parte de um esquema que facilitava a entrada de celulares e entorpecentes dentro do Centro de Detenção Provisória de Viana
Um suspeito de ter envolvimento em esquema de tráfico de drogas em presídios capixabas foi preso, nesta terça-feira (13), após investigações da operação Vade Mecum. O homem é um agente penitenciário, de 33 anos, que, segundo a polícia, pode ter participação na associação criminosa.
A operação foi deflagrada pelo Departamento Especializado de Narcóticos de Guarapari (Denarc), no dia 11 de setembro. Desde então, já prendeu sete pessoas. Entre os suspeitos estão duas advogadas.
De acordo com o delegado Guilherme Eugênio, que está a frente das investigações, o inspetor atuava junto a uma das advogadas suspeitas, facilitando a entrada de drogas e celulares no Centro de Detenção Provisória II, em Viana, onde trabalhava.
"Esse inspetor atuava favorecendo entrada de drogas na unidade que trabalhava, assim como a utilização do celular pelos internos. Nós começamos a entender a atuação criminosa dele, após analisar diálogos entre ele e a advogada presa. Nesses diálogos ele chegou a solicitar uma propina de R$ 5 mil antecipado", explicou.
O suspeito, de acordo com o delegado, foi preso com aparelhos celulares, baterias, carregadores e cabos elétricos. Além de papéis com anotações de nomes de presidiários. "No ato da prisão, encontramos cabos elétricos que dentro do sistema prisional são frequentemente usados para fazer ligações diretas nos bocais das celas que viabilizam o carregamento de aparelhos celulares", contou.
Preso, o inspetor penitenciário, negou as acusações de que entrava com drogas no presídio. Ele teria dito a polícia que até recebia propostas de uma das advogadas suspeitas, mas sempre recusava.
A polícia acredita que o inspetor suspeito estava diretamente ligado a associação criminosa que praticava o tráfico de drogas no Centro de Detenção, mas para o delegado, o servidor público, também atuava no tráfico, dentro das unidades prisionais, sozinho.
Além da prisão do oitavo suspeito, a operação Vade Mecum também descobriu que a atuação de uma das advogadas ia muito além de apenas transmitir recados de detentos para criminosos que estão livres. Para a policia, a advogada se tornou uma das líderes da associação criminosa.
"Era uma verdadeira líder dessa organização. Era a segunda pessoa na pirâmide organizacional hierárquica do grupo. Ela negocia a droga diretamente com fornecedores, ordenava a aquisição de armas, emitida comandos para os demais gestores e determinava a execução de pessoas", explicou.
Até o momento, oito pessoas estão presas preventivamente. O delegado informou que as investigações continuam e outros suspeitos, inclusive advogados, podem ser presos. Um suspeito identificado como João Victor Alvarenga Borges, segundo a polícia, continua foragido.
A Secretaria da Justiça informou que o servidor está preso na Penitenciária de Segurança Média 1, em Viana. Ele é inspetor penitenciário em designação temporária desde 23 de agosto de 2018. A Corregedoria da Sejus acompanha o caso.
*Com informações da repórter Milena Martins, da TV Vitória/Record TV.