Chacina em Vila Velha: suspeito tem novo mandado de prisão, dessa vez por assassinatos
Contra Saulo da Silva Abner, de 25 anos, já havia duas ordens de prisão, mas por posse ilegal de armas e receptação de veículo. Ele está preso desde segunda-feira
Após ter a prisão preventiva decretada por posse ilegal de arma de fogo e por receptação de veículo — em um outro processo, aberto há três anos —, Saulo da Silva Abner, de 25 anos, suspeito de matar seis pessoas e ferir outras três durante um churrasco em Vila Velha, no último sábado (16), finalmente ficará preso também por causa dos homicídios.
Dessa vez, foi expedido um mandado de prisão temporária, válido por 30 dias, pelos crimes de assassinato. O mandado, expedido pela juíza Ana Amélia Bezerra Rêgo, da 4ª Vara Criminal de Vila Velha, foi cumprido nesta quinta-feira (21) por policiais da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) do município.
O cumprimento do mandado foi realizado dentro do presídio, onde o suspeito já cumpre prisão preventiva pelos outros dois crimes — posse ilegal de arma e receptação de veículo.
Saulo foi preso na última segunda-feira (18), no bairro Primeiro de Maio, também em Vila Velha, onde mora. Segundo os policiais que realizaram a prisão, o rapaz estava escondido dentro de um guarda-roupa. Com ele, foi encontrada uma espingarda.
Ele foi levado para o Centro de Triagem de Viana, onde, na terça-feira (19), passou por audiência de custódia. Na ocasião, a juíza Raquel de Almeida Valinho converteu a prisão dele de flagrante para preventiva.
No entanto, na decisão, ela considerou apenas o crime de posse ilegal de arma de fogo. Isso porque a magistrada entendeu que, pelo tempo decorrido desde o crime até a prisão do suspeito, já não se aplicava mais a prisão em flagrante.
"Primeiramente, relaxo a prisão em flagrante no que tange ao crime de homicídio, em razão do tempo decorrido. Mas em relação ao art. 12, caput da Lei 10.826/03 (posse ilegal de arma) homologo a prisão em flagrante e delito", escreveu a juíza.
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Novo mandado de prisão por receptação de veículo
Nesta quinta-feira, o juiz Flávio Jabour Moulin, da 6ª Vara Criminal de Vila Velha, expediu um novo mandado de prisão preventiva contra Saulo. No entanto, a decisão é referente a um outro processo ao qual ele responde, por receptação e adulteração de sinal identificador de veículo automotor.
Em outubro de 2018, ele foi preso por suspeita de envolvimento em uma venda de moto roubada. O dono do veículo descobriu que ele estava sendo vendido em um site de vendas e marcou um encontro com os criminosos, fingindo ter interesse em adquirir a moto.
Na ocasião, Saulo foi preso em flagrante, mas a Justiça concedeu a ele a liberdade provisória, desde que o suspeito cumprisse uma série de medidas cautelares, como proibição de sair da Grande Vitória sem autorização judicial, comparecer a todos os atos do processo, recolhimento domiciliar das 20h às 6h, proibição de frequentar bares, boates, prostíbulos e assemelhados, entre outras.
No entanto, o juiz da 6ª Vara Criminal de Vila Velha entendeu que as medidas cautelares impostas ao acusado não estavam sendo suficientes. O magistrado, inclusive, citou o fato de Saulo ser suspeito de cometer os assassinatos consumados e tentados, no último fim de semana.
Crime foi motivado por disputa por terreno
A chacina aconteceu no bairro Darly Santos, em Vila Velha, no último sábado. Segundo o titular da DHPP de Vila Velha, delegado Tarik Halabi Souki, Saulo confessou os assassinatos e disse que a motivação seria a disputa por um terreno na região.
De acordo com o delegado, o homem alegou que teve o lote invadido e resolveu se vingar quando viu pessoas se divertindo em um churrasco, realizado no terreno que ele alegava ser dele.
Tarik Souki afirmou ainda que, após o crime, o suspeito deixou o local tranquilo, sem remorso. Inclusive, registrou um boletim de ocorrência online falso, dizendo que havia sido sequestrado por três homens, com a intenção de enganar a polícia.
Ainda segundo a polícia, durante depoimento, o suspeito disse que o local do churrasco era estreito e, quando disparou, os alvos se mexeram. Por causa disso, segundo ele, outras pessoas acabaram atingidas.
As vítimas que morreram no dia do crime foram: Elaine Cristina Machado, 49 anos; Felipe dos Santos, 31 anos; Claudionor Liberato, 59 anos; José Quirino Filho, 59 anos; e José Roberto, 54 anos.
Já nesta quinta-feira, morreu a sexta vítima da chacina. O serralheiro Renato Chagas Sales, de 41 anos, estava internado, mas não resistiu aos ferimentos.