Em 9 meses de 2021, ES registra mais feminicídios do que em todo o ano passado
Só até setembro deste ano, 25 mulheres foram assassinadas no Espírito Santo. Isso representa um aumento de 38% no número de casos registrados quando comparado a 2020
O ano ainda nem acabou e o Espírito Santo registra uma triste realidade: a do número de mulheres assassinadas. O Estado, inculsive, já ultrapassou o número de feminicídios registrados ao longo de todo o ano passado.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública, até setembro deste ano, foram 25 mulheres foram mortas, enquanto durante todo ano de 2020 foram 18 casos. Isso representa um aumento de 38%.
Os casos recentes ainda não entraram para a estatística, como por exemplo, o da mulher de 35 anos agredida pelo ex-companheiro em Guaçuí, no Sul do Estado.
O homem é suspeito de provocar um acidente que acabou com a morte de Carla Valadares da Silva Souza. Imagens de uma câmera de segurança flagraram o momento em que a vítima tentava fugir do carro em que estava e é atropelada. Carla não resistiu aos ferimentos e morreu.
O suspeito se entregou à polícia, no início da tarde de sexta-feira (29), no Rio de Janeiro. Segundo informações da Polícia Militar do Espírito Santo, o homem se apresentou em um destacamento da Polícia Militar na cidade de Varre-Sai, no interior do Estado Rio, acompanhado de um advogado.
O titular da Delegacia de Polícia de Guaçuí, delegado Marcos Nery, explicou que o homem teve o pedido de prisão temporária concedida pela Justiça.
“O suspeito se apresentou, acompanhado de advogado, no Pelotão da PMRJ, na cidade de Varre-Sai, na divisa com o Estado do Espírito Santo, com a intenção de ser ouvido e liberado, já que não havia mais o estado de flagrante. Ocorre que a Delegacia de Guaçuí já havia representado pelo pedido de prisão temporária do investigado, obtendo decisão favorável da justiça”, explicou.
Corpo de vendedora foi escondido em uma estrada no interior de Presidente Kennedy, após assassinato
Roseli Valiate Farias, de 47 anos, desapareceu no último dia 17 de outubro, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado. O corpo dela foi encontrado com marca de tiro quatro dias depois.
Um homem foi preso, três dias depois, suspeito de ter cometido o crime. A prisão foi realizada pela Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cachoeiro de Itapemirim. Ele indicou para a polícia o local onde estava o corpo da vítima. Uma estrada viscinal na localidade de Marobá, em Presidente Kennedy, próximo a divisa do Espírito Santo com o Rio de Janeiro.
O suspeito foi autuado em flagrante pelo crime de ocultação de cadáver e foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Cachoeiro de Itapemirim, onde permanece à disposição da Justiça.
Vítima teve que fugir para outro estado com medo de ser morta pelo então companheiro
A cuidadora de idosos, Andréia Dutra, apanhava do ex-companheiro que, segundo ela, se envolveu com drogas. "Eu tive um relacionamento que com o tempo a pessoa começou a usar drogas e eu tenho filhos com ele e ficou muito agressivo. E aí, ele pegou e me batia todas as noites", contou.
Andréia disse ainda que para se manter viva teve que sair do Estado. "Mesmo eu estando com todos os trâmites na justiça, com todos os processos na justiça, ele ainda me perseguia. Mesmo eu tendo a medida protetiva. Que não foi uma, não foi duas, não foram três, não foram quatro queixas. Não foram quatro pedidos de socorro. Foram vários! E eu só consigo hoje estar aqui porque eu tive que fugir e ir para outro Estado, caso contrário não estaria aqui hoje", afirmou.
Recentemente, a Assembleia Legislativa promulgou uma nova lei de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica. O acompanhamento das autoridades deve ser de, no mínimo, 30 dias. O contato direto das mulheres com as autoridades pode ser por telefone, mensagens por aplicativo ou até visita de assistentes sociais na casa da vítima.