Justiça decreta prisão preventiva de suspeito de chacina em Vila Velha, mas só por posse de arma
Juíza entendeu que, pelo tempo decorrido desde o crime (a chacina) até a prisão do suspeito, já não se aplicava mais a prisão em flagrante
A Justiça decretou a prisão preventiva de Saulo da Silva Abner, de 25 anos, suspeito de assassinar cinco pessoas e deixar outras quatro feridas, no último sábado (16), no bairro Darly Santos, em Vila Velha. Em sua decisão, a juíza Raquel de Almeida Valinho, destacou que a decretação da prisão preventiva de Saulo se deu somente pelo crime de posse de arma de fogo.
Isso porque a juíza entendeu que, pelo tempo decorrido desde o crime até a prisão do suspeito, já não se aplicava mais a prisão em flagrante.
"Primeiramente, relaxo a prisão em flagrante no que tange ao crime de homicídio, em razão do tempo decorrido. Mas em relação ao art. 12, caput da Lei 10.826/03 (posse ilegal de arma) homologo a prisão em flagrante e delito", escreveu a magistrada.
Saulo está preso no Centro de Triagem de Viana. A conversão da prisão do suspeito, que havia sido preso em flagrante na última segunda-feira (18), foi decretada pela juíza, durante audiência de custódia, realizada nesta terça-feira.
A magistrada ressaltou ainda que o relaxamento da prisão em relação ao crime de homicídio foi requerida inclusive pelo Ministério Público Estadual (MPES).
O suspeito já tem passagens pela Justiça por crimes como violência doméstica — na forma da Lei Maria da Penha —, porte ilegal de armas, receptação, entre outros. Além disso, ele já foi preso em outubro de 2018.
Diante disso, a juíza considerou "temerária" a liberdade do autuado e que, nessa situação, a prisão preventiva torna-se oportuna.
"Este em liberdade poderá voltar a cometer atos da mesma natureza e intimidar testemunhas, destacando a extrema gravidade dos fatos, bem como registros criminais do autuado", frisou.
Crime foi motivado por disputa por terreno
Durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira, para dar mais detalhes sobre o caso, o titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, delegado Tarik Halabi Souki, contou que Saulo admitiu que a motivação do crime seria uma disputa por um terreno na região.
Segundo o delegado, o homem alegou que teve o lote invadido e resolveu se vingar quando viu pessoas se divertindo em um churrasco, realizado no terreno que ele alegava ser dele.
O delegado afirmou ainda que, após o crime, o suspeito deixou o local tranquilo, sem remorso. Inclusive, registrou um boletim de ocorrência online falso, dizendo que havia sido sequestrado por três homens, com a intenção de enganar a polícia.
Saulo foi preso na tarde de segunda-feira, no bairro Primeiro de Maio, em Vila Velha. Com ele, foi encontrada uma espingarda. De acordo com informações dos policiais que realizaram a prisão, o rapaz estava escondido dentro de um guarda-roupa de uma casa.
Ainda segundo a polícia, Saulo confessou ser o autor do crime, que deixou cinco pessoas mortas e quatro feridas, e assustou os capixabas no último sábado.
Durante o depoimento, o suspeito disse que o local do churrasco era estreito e quando disparou, os alvos se mexeram. Por causa disso, segundo ele, outras pessoas acabaram atingidas.
As vítimas que morreram foram: Elaine Cristina Machado, 49 anos; Felipe dos Santos, 31 anos; Claudionor Liberato, 59 anos; José Quirino Filho, 59 anos; e José Roberto, 54 anos. Os sobreviventes não terão seus nomes divulgados.
Saulo foi autuado por cinco homicídios e quatro tentativas de homicídio, além de porte de arma e falsa comunicação de crime. Ele foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana.