Posse de arma: Ramalho lamenta decisão da Justiça sobre prisão de suspeito de chacina: 'Frustração'
Juíza decretou, durante audiência de custódia nesta terça-feira, a prisão preventiva de Saulo da Silva Abner, mas considerou apenas o crime de posse ilegal de arma, relaxando a prisão para os cinco homicídios
O secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre Ramalho, lamentou a decisão da Justiça do Espírito Santo de manter preso somente pelo crime de posse ilegal de armas o homem suspeito de matar cinco pessoas e deixar outras quatro feridas durante um churrasco no bairro Darly Santos, em Vila Velha.
Nesta terça-feira (19), a juíza Raquel de Almeida Valinho decretou a prisão preventiva de Saulo da Silva Abner, de 25 anos, durante audiência de custódia. O rapaz está preso no Centro de Triagem de Viana.
No entanto, a magistrada considerou, em sua decisão, apenas o crime de posse ilegal de arma de fogo, relaxando a prisão pelos homicídios. Ela entendeu que, pelo tempo decorrido desde o crime, no último sábado (16), até a prisão do suspeito, efetuada na segunda-feira (18), já não se aplicava mais o flagrante.
"Primeiramente, relaxo a prisão em flagrante no que tange ao crime de homicídio, em razão do tempo decorrido. Mas em relação ao art. 12, caput da Lei 10.826/03 (posse ilegal de arma) homologo a prisão em flagrante e delito", escreveu.
Ramalho ressaltou que todas as forças de segurança do Estado se empenharam efetivamente, desde que foram comunicadas do crime, para conseguir capturar o suspeito. No entanto, com a decisão da Justiça, afirma que o sentimento que fica é o de frustração.
"É um crime bárbaro. São cinco homicídios, onde nós nos empenhamos ininterruptamente, por 48 horas, com Polícia Civil, Polícia Militar, Guarda Municipal. Mas esses crimes foram relaxados e ele é mantido preso pela posse de uma arma. Frustração é a palavra. Não tem outro sentimento. Todo o empenho, toda a dedicação, operação de análise, diligências, investigação, inteligência. Todo o esforço para a gente ver o nosso trabalho invalidado".
O secretário garantiu ainda que a Polícia Civil fará o que for possível para que o suspeito responda ao processo na prisão. Segundo ele, o titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, delegado Tarik Halabi Souki, tomará as medidas cabíveis.
"Continuaremos fazendo a nossa parte. O delegado é diligente, é muito atuante e fará os recursos adequados junto ao tribunal, porque o nosso desejo é que esse crápula fique devidamente atrás das grades, que é onde ele merece estar".
Alexandre Ramalho também destacou que a frouxidão das leis brasileiras não favorece o trabalho das forças de segurança.
"É importante chamar a sociedade para essa discussão. Será que a legislação está dialogando com os interesses da sociedade? Com os nossos interesses, eu posso afirmar que não. Porque o nosso interesse era ver esse indivíduo preso, devidamente atrás das grades".
Crime foi motivado por disputa por terreno
Durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira, para dar mais detalhes sobre o caso, o delegado Tarik Souki contou que Saulo admitiu que a motivação do crime seria uma disputa por um terreno na região.
Segundo o delegado, o homem alegou que teve o lote invadido e resolveu se vingar quando viu pessoas se divertindo em um churrasco, realizado no terreno que ele alegava ser dele.
O delegado afirmou ainda que, após o crime, o suspeito deixou o local tranquilo, sem remorso. Inclusive, registrou um boletim de ocorrência online falso, dizendo que havia sido sequestrado por três homens, com a intenção de enganar a polícia.
Saulo foi preso na tarde de segunda-feira, no bairro Primeiro de Maio, em Vila Velha. Com ele, foi encontrada uma espingarda. De acordo com informações dos policiais que realizaram a prisão, o rapaz estava escondido dentro de um guarda-roupa de uma casa.
Ainda segundo a polícia, Saulo confessou ser o autor do crime, que deixou cinco pessoas mortas e quatro feridas, e assustou os capixabas no último sábado.
Durante o depoimento, o suspeito disse que o local do churrasco era estreito e quando disparou, os alvos se mexeram. Por causa disso, segundo ele, outras pessoas acabaram atingidas.
As vítimas que morreram foram: Elaine Cristina Machado, 49 anos; Felipe dos Santos, 31 anos; Claudionor Liberato, 59 anos; José Quirino Filho, 59 anos; e José Roberto, 54 anos. Os sobreviventes não terão seus nomes divulgados.
Saulo foi autuado por cinco homicídios e quatro tentativas de homicídio, além de porte de arma e falsa comunicação de crime. Ele foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana.