Polícia

Moradores de bairros nobres de Vitória movimentaram R$ 1 milhão cada um com tráfico de drogas

Entre os presos suspeitos de integrar organização criminosa em Vitória estão o empresário Luiz Cláudio Ferreira Sardemberg e a jovem famosa na internet, Barbara Braga

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação / Polícia Civil
Material apreendido nas residências de suspeitos em Vitória

Após mais de um ano de investigações, a Polícia Civil deflagrou uma operação para cumprir 27 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão na Grande Vitória e em Minas Gerais nesta quinta-feira (6).

Os alvos são integrantes de uma organização criminosa que importava drogas de alto valor de venda, como o haxixe, pelo Porto de Vitória e distribuía para o Espírito Santo e outros estados.

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Foto: Divulgação / Polícia Civil

Segundo o delegado titular da Denarc de Guarapari, Guilherme Eugênio, o haxixe usado é produzido no Norte da África, que chega até a Europa por via marítima, por meio de um pequeno canal de 14 quilômetros que separa os dois continentes.

"A partir de lá, ela é exportada para o mundo todo. Parte da que chega no Brasil vem pelo Espírito Santo e, a partir daqui, ela é distribuída para todo o país", disse Guilherme Eugênio.

Empresário capixaba é apontado como um dos integrantes

Foto: Reprodução TV Vitória

Em liberdade desde agosto de 2021, Luiz Cláudio Ferreira Sardenberg foi preso novamente nesta quinta, suspeito de ser um dos integrantes da organização.

Foto: Arquivo da Família

O empresário é o principal suspeito de ter assassinado a ex-namorada Gabriela Chermont, de 19 anos, em setembro de 1996. A jovem caiu do 12º andar de um hotel na Mata da Praia, em Vitória.

Segundo investigações, Luiz Cláudio estava no quarto no momento da queda. O júri popular aconteceu em 2020 e durou três, após ter sido adiado nove vezes. 

O empresário foi condenado a 23 anos e 3 meses, foi preso em novembro de 2020 e solto nove meses depois para aguardar o julgamento do recurso da defesa.

Número exato de presos não foi divulgado

O empresário e outras pessoas, incluindo uma jovem com milhares de seguidores na internet, foram presas durante uma operação deflagrada pelo Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc) de Guarapari.

O número exato de presos não foi divulgado, mas foram expedidos 14 mandados de prisão temporária por tráfico de drogas, além de 27 mandados de busca e apreensão em Vitória, Vila Velha, Serra e Belo Horizonte, em Minas Gerais.

"Acreditamos que seja a maior organização de tráfico de haxixe do Estado, o que não se aproxima e nem se assemelha as organizações que traficam crack, cocaína e outras drogas. A gente está lidando com uma organização que atua com drogas de maior valor agregado e com consumidores de maior poder aquisitivo", disse o delegado.

Líderes movimentaram mais de R$ 1 milhão cada um em um ano

Segundo o delegado, a organização criminosa tem quatro líderes, cujos nomes e prisões não foram divulgados. Ele informou que essas pessoas movimentaram mais de R$ 1 milhão cada uma, no período de apenas um ano, desde que começaram as investigações, totalizando R$ 4 milhões ao todo.

"Podemos perceber que em períodos relativamente curtos de tempos, períodos de menos de um ano, a maior parte deles movimentou cerca de R$ 1 milhão cada. Para essa investigação, os relatórios de inteligência financeira fornecidos pelo Coaf foram fundamentais", disse.

Prisões em bairros nobres de Vitória

Algumas das prisões realizadas aconteceram em bairros nobres da Capital capixaba. Uma delas foi em um prédio de alto padrão em frente a Praça dos Namorados, na Praia do Canto. Outra em um condomínio de Jardim da Penha.

Luiz Cláudio foi encontrado em Jardim Camburi, já a jovem famosa na internet, identificada como Barbara Braga, foi presa em Bairro República. Após serem ouvidos pelo delegado, os presos foram encaminhados ao presídio. A defesa dos suspeitos não foi localizada.

"Muitos deles trabalham, têm vínculos até formais, tem empresários. Alguns têm estrutura familiar que proporcionou a eles algum conforto, oportunidades de estudos", explicou o delegado.

Segundo Eugênio, a Polícia Civil não está lidando com o perfil comum de narcotraficante. 

"Não é aquele perfil de pessoa que não teve oportunidade na vida, que nasceu numa zona periférica explorada tráfico. Estamos lidando com pessoas que tiveram boas oportunidades e que, apesar disso, exploraram essas oportunidades e seus relacionamentos com pessoas de maior poder aquisitivo para vender drogas de maior custo", explicou.

Durante a operação, os policiais civis também encontraram drogas em parte das residências. Ainda segundo as investigações, os compradores finais são consumidores de alto poder aquisitivo, também moradores de áreas nobres.

"O haxixe comercializado por eles custa a partir de R$ 50, pode chegar a R$ 120 essa droga. Elitizada, quem tem acesso ao mercado é consumidor diferenciado. Não se trata do mesmo mercado consumidor que vai a uma boca de fumo numa região periférica adquirir drogas", contou.

*Com informações da repórter Fernanda Batista, da TV Vitória/Record TV