Polícia

Chinês teve R$ 600 mil roubados por hacker e gerente de banco depois de morto

De acordo com a polícia, uma bancária chegou a aumentar o limite diário de transações da conta de Weiming Li para cometer o crime, ao lado de um hacker

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Câmera de videomonitoramento

O comerciante chinês Weiming Li, de 48 anos, assassinado durante um assalto em Laranjeiras, na Serra, em 10 de julho, teve cerca de R$ 600 mil roubados de sua conta depois de morto por um hacker e por uma gerente do banco onde o dinheiro estava investido. Para cometer o crime, até o limite diário de transações bancárias foi aumentado.

O mentor intelectual do crime seria um hacker de 28 anos, que teve acesso ao nome do comerciante por meio de pesquisas realizadas por meio da deep web, dias após o assassinato. 

De acordo com o delegado Gabriel Monteiro, chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), o hacker teve acesso às informações da vítima por meio de pesquisas em certidões de óbito, utilizando o CPF do próprio comerciante para ter acesso à conta bancária. 

"Identificamos o indivíduo que teria recebido esse dinheiro. No primeiro momento, nós achamos que ele teria participação juntamente com a associação criminosa. Porém, quando fomos interrogá-los, nós descobrimos que se tratava de um hacker que teria acesso à deep web. Ou seja, ele pesquisava certidões de óbitos de pessoas e, com o CPF, descobria onde essa pessoa tinha conta bancária", explicou. 

O hacker contou com o apoio de uma gerente de banco, de 39 anos, que atuava na profissão já há oito. Além dela, outros dois comerciantes, ambos de 24 anos, participaram da ação, como receptores do dinheiro movimentado pelo hacker. 

De acordo com o delegado, a gerente chegou a aumentar o limite diário de transações na conta da vítima, para que o dinheiro fosse enviado aos golpistas. Além disso, ela teria entregado um cartão bancário ao hacker, além de instalar um aplicativo do banco no celular do suspeito. 

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"Esse autor foi preso, a gerente de banco, com outros dois indivíduos, que lavaram esse dinheiro, já estão qualificados, já foram indiciados e vão responder pelo crime de lavagem de dinheiro, associação criminosa, e furto qualificado. A gerente, além desses crimes, vai responder por violação de sigilo funcional", relatou. 

Ainda segundo o delegado, a gerente de banco receberia, ao todo, o valor de R$ 150 mil para participar da ação. 

"Com o autor intelectual possuía tanto o cartão, como o aplicativo, ele realizou saques, transferências bancárias para os outros dois, que eram responsáveis por lavarem o dinheiro. A gerente também confessou o crime e disse que só não recebeu os R$ 150 mil, porque a polícia chegou antes e descobriu toda a ação", finalizou. 

A polícia preferiu não divulgar o nome da instituição financeira e, por isso, não foi possível entrar em contato com a empresa.

O delegado disse ainda que todos os quatro assumiram, em depoimento, participação no crime de roubo. Afirmou também que o banco pode ser responsabilizado pelo ocorrido.

Comerciante foi vítima de quadrilha especializada em sequestros-relâmpago

Foto: Câmera de videomonitoramento

De acordo com a investigação, o comerciante foi vítima de uma quadrilha baiana especializada em sequestros-relâmpago.

A informação foi divulgada pela Polícia Civil nesta terça-feira (31), que concluiu o inquérito a respeito do latrocínio — roubo seguido de morte — que vitimou o chinês.

"Percebemos que se tratava de uma quadrilha especializada em sequestro, mas da Bahia, querendo se instalar no Espírito Santo. Todos são baianos", disse o delegado Gianno Trindade, chefe da Divisão Patrimonial (DRCCP) e titular da Delegacia de Segurança Patrimonial (DSP).

De acordo com as investigações, a intenção da quadrilha era sequestrar o comerciante e, a partir daí, conseguir extorquir dinheiro dele. No entanto, a vítima teria reagido à abordagem e acabou morrendo com um tiro no abdômen.

"Depois de alguns presos e algumas confissões, conseguimos ter a certeza que a intenção inicial deles era executar um sequestro-relâmpago, colocar a vítima dentro do carro e, a partir daí então, extorqui-la para que ela fizesse transferências via pix", afirmou Gianno Trindade.

Segundo a polícia, cinco pessoas têm envolvimento com a morte do comerciante chinês. Desse total, três estão presos e dois seguem foragidos.

A polícia começou a desvendar o caso a partir da localização do motorista do veículo utilizado pelos criminosos. Ele foi preso na cidade de Itabuna, no Sul da Bahia, no dia 16 de agosto.

Em depoimento, Davi Santos Riba disse inicialmente que havia recebido R$ 1,5 mil para fazer uma corrida, de um dia para o outro, entre a cidade baiana e a Serra. No entanto, a polícia não acreditou na história.

Também durante o depoimento, o motorista falou à polícia sobre a participação de dois irmãos gêmeos no crime.

Trata-se de Carlos Jokta de Oliveira, que foi preso em Feu Rosa, na Serra, e o irmão dele, Daniel Jokta de Oliveira, apontado pela polícia como o autor do disparo que matou o comerciante. Daniel segue foragido.

Foto: Reprodução

As investigações sobre o caso chegaram até o nome de Yonan Bonfim Santana, também conhecido como Bino ou Binho. Ele é apontado como o mentor intelectual do crime e também está sendo procurado pela polícia.

"O mentor intelectual, que hoje nós sabemos se tratar do Bino, também está envolvido com outro caso recente aqui no Espírito Santo. Foi o sequestro de uma mulher em Aracruz, que chegou a ficar em cárcere privado. Ele foi solucionado por outra unidade aqui do Espírito Santo, que é a DAS", frisou Gianno Trindade.

As investigações descobriram que um quinto elemento foi o responsável por fornecer aos criminosos informações privilegiadas sobre o comerciante chinês. Trata-se de José Carlos Souza, o Zezinho, funcionário de um primo de Weiming Li.

Relembre o caso 

Imagens de câmeras de segurança da região registraram o momento em que o comerciante foi baleado. Elas mostram o carro de Weiming Li estacionado em uma rua do bairro.

Logo atrás, também estacionado, está um carro branco. Dentro dele estavam o motorista e outras duas pessoas. Um quarto rapaz estava do lado de fora.

Assim que o comerciante se aproxima do carro, ele é rendido por dois rapazes, que saem do banco traseiro do veículo branco, e por outro que aguardava do lado de fora.

Os criminosos pegaram o celular e a carteira do comerciante e, antes da fuga, atiraram no homem. Em seguida, os três homens entram no carro branco e o grupo foge.

Testemunhas acionaram a polícia. Quando os militares chegaram, perceberam a gravidade do quadro do homem, que havia sido baleado no abdômen.

O comerciante foi levado imediatamente para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

O que chama atenção no caso é que os criminosos ficam aguardando a vítima. Segundo a polícia, eles ficaram cerca de 30 minutos no local. Outras pessoas chegaram a passar na rua, mas não foram abordadas. 

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*Com informações do repórter Caio Dias, da TV Vitória/Record TV