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O promoter de uma casa de shows, localizada na avenida Nossa Senhora da Penha, em Vitória, foi indiciado por racismo. André Luiz Neves Leão Borges, de 32 anos, foi denunciado em junho deste ano por uma estudante negra, de 25 anos, que não conseguiu reservar uma mesa para comemorar o aniversário na boate.
Como tudo aconteceu por meio das redes sociais, o caso foi registrado na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos, e a polícia concluiu o inquérito do caso nos últimos dias. O promoter vai responder pelo crime resultante de preconceito de cor e a pena é de 1 a 3 anos de prisão.
Em conversa ao jornal online Folha Vitória, a jovem, que preferiu não se identificar, contou que tentou a reserva com duas semanas de antecedência, mas foi informada que não havia mais disponibilidade de mesas. No entanto, a conversa mudou quando uma jovem branca, amiga da estudante, tentou reservar também.
“Eu tentei a reserva em junho, que é o mês do aniversário. Fiz contato umas duas semanas antes, porque ia muita gente e quis adiantar. Porém, eles me falaram que não tinha mais vaga e pedi uma outra amiga, que é branca, para perguntar também, porque achei estranho. Quando ela entrou em contato, conseguiu de imediato. Eu fiz o teste com outras duas amigas, uma que também é negra e outra que é branca. O resultado foi o mesmo, só a branca conseguiu reservar”, contou.
A estudante afirmou ainda que já havia frequentado a casa outras vezes. “Eu fui lá e me trataram normal. Eu entendo que, quando eu vou lá, eles não podem me impedir de entrar. Mas quando eu peço para comemorar meu aniversário, eles podem tentar evitar isso, pois se eu sou negra, podem entender que levaria mais pessoas negras comigo. Depois disso, eu procurei a delegacia, um advogado e ele me orientou”, disse.
Mesmo não conseguindo a reserva no local onde havia planejado, a jovem não deixou de comemorar o aniversário de 25 anos. Ela conseguiu uma mesa em uma outra casa de shows. “Mesmo com isso tudo, teve festa e eu não deixei de comemorar. Fui com meus amigos para um espaço que fica lá em Cariacica. Fui muito bem atendida por todos, muito bem recebida e a festa foi linda”, destacou.
O advogado do estabelecimento, Frederico Machado, esclareceu que o promoter foi ouvido na delegacia e que foram apresentadas também, fotos das redes sociais da boate, que mostram clientes negros frequentando o espaço.
“Nós apresentamos tudo o que foi solicitado na delegacia, o André foi ouvido e nós apresentamos também fotos das nossas redes sociais. Elas mostram vários clientes de cor negra se divertindo, provando que nunca houve esse tipo de discriminação. Além disso, apresentamos que 90% dos nossos colaborados são negros e nosso estabelecimento está muito tranquilo em relação a essas acusações”, esclareceu.
Em relação ao comportamento do funcionário, o advogado afirmou que tudo ocorreu dentro da normalidade e as mensagens apresentadas pela jovem deixam claro isso.
“A gente acredita e tem a certeza que o comportamento dele foi dentro da normalidade e as próprias mensagens deixam claro isso. Foi informado que ela poderia comparecer sem problema nenhum, mas que, naquele momento, não tínhamos nenhuma mesa disponível. Nós trabalhamos com 10 mesas na noite e essa questão de reserva é muito cíclica. Alguém reserva agora, por exemplo, e depois pode cancelar porque escolheu um outro lugar. Infelizmente uma pessoa se sentiu desprestigiada porque não conseguiu a reserva em uma noite”, destacou o advogado.
Todas as mensagens trocadas foram apresentadas a polícia como provas, além de testemunhas. Segundo a Polícia Civil, ele foi indiciado pelo delito previsto no Art.5º da Lei 7.716/89, crimes resultante de preconceito de raça e de cor, e o inquérito foi encaminhado à Justiça.
A reportagem do jornal online Folha Vitória tentou contato com André Luiz Neves Leão Borges, mas não houve retorno das ligações e das mensagens.