Polícia

Aracruz: após ataque, adolescente almoçou com os pais e "se fez de desentendido", diz polícia

O adolescente de 16 anos matou três pessoas a tiro e feriu outras 13 durante um ataque em duas escolas de Aracruz nesta sexta-feira (25)

Maria Clara Leitão

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação/Sesp

Os órgãos de Segurança Pública do Espírito Santo detalharam, na manhã desta segunda-feira (28), o que foi apurado até o momento sobre os ataques que ocorreram em duas escolas na manhã da última sexta-feira (25), na cidade de Aracruz, norte do Espírito Santo.

Segundo o delegado André Jaretta, da Polícia Civil de Aracruz, o adolescente realizou os ataques e depois voltou para casa normalmente para almoçar com os pais e chegou a escutar sobre o caso.

"Ele se fez de desentendido quando os pais comentaram do que havia acontecido",  descreveu Jeretta. 

A entrevista teve a participação da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo (Sesp), a Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Rodoviária Federal (PRF).

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Durante a coletiva, o Tenente Farias, da Polícia Militar de Aracruz, classificou os ataques como um cenário de guerra sem precedentes na história do Estado.

"Nem nos maiores pesadelos poderíamos imaginar. Sou pai de um dos alunos da escola. A partir da visualização do cenário, criamos estratégia para organização, conclamamos todos os policiais de folga", relatou.

Ainda segundo o Tenente Farias, no primeiro momento, ao ser localizado na casa de praia da família, o adolescente negou a autoria do crime.

"Apenas quando mostramos fotos e imagens do ocorrido ele acabou confirmando o fato. No local havia a presença de um juiz de direito, quando foi feita a apreensão. Posteriormente ele foi levado por meio da Polícia Civil", explicou Farias. 

Autor aproveitou saída dos pais 

O delegado André Jaretta descreveu que em depoimento, o autor do crime afirmou que aproveitou o momento que os pais saíram da residência, para fazer compras no Centro do município, para cometer o crime. 

"Ele se apossou de alguns objetos, pegou um segundo automóvel da família, cobriu as duas placas e se deslocou para a primeira escola. Lá, ele entrou pela porta dos fundos, rompeu um primeiro cadeado, foi para o terreno, rompeu o segundo cadeado. Entrou na sala dos professores e esgotou as munições do primeiro cartucho", destaca Jarreta. 

Depois disso, saiu da primeira escola, pegou o carro e foi em direção à segunda instituição de ensino. No local, segundo os investigadores, ele encontrou o segundo portão e a porta de vidro da instituição abertos. 

"Ele começou a descarregar o revólver desde os primeiros momentos no local. Em frente a rampa ele acaba atingindo a vítima fatal e outros estudantes se trancam no local", explicou o delegado. 

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Além disso, no andar superior, ele efetuou alguns disparos pelas janelinhas presentes na porta. "Após, ele voltou para o carro, tirou os papéis que cobriam as placas, guardou tudo nos locais corretos e agiu como se nada tivesse acontecido", expôs. 

Autor do crime afirmou que sofria Bullying na escola 

Também em depoimento, o adolescente alegou que teria sofrido Bullying, com alguns apelidos no ano de 2019. A partir de 2020, ele começou a se preparar e planejar melhor os crimes que seriam realizados. 

"Entretanto, ele não chegou a contar para ninguém sobre o que sofria na escola. Ele pensava que podia usar a ausência dos pais para utilizar as armas e cometer o crime", destacou. 

Adolescente era simpatizante de ideias nazistas

Durante uma análise preliminar, segundo Jarreta, foi constatado que o jovem era simpatizante de ideias nazistas.

"Não foi confirmado se ele participava de algum grupo relacionado ao tema. Perguntamos, tentamos aprofundar, mas o depoimento dele não é a única forma de investigação", explica. 

Ainda segundo Jarreta, os pais do adolescente serão ouvidos novamente nesta segunda-feira (28), durante oitivas.

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