Polícia

"Nunca fui a favor do relacionamento" diz mãe de professora morta na Austrália

Eliaide Machado relatou que desde que conheceu o namorado da filha, soube que algo aconteceria a ela. Catiuscia Machado deve ser sepultada no Rio Grande do Sul

Foto: Reprodução TV Vitória

Eliaide Machado, mãe da professora Catiuscia Machado, de 43 anos, encontrada morta na Austrália no último fim de semana, relatou à reportagem da TV Vitória nesta terça-feira (28) que sempre foi contra o relacionamento da filha com Diogo de Oliveira, principal suspeito da morte da filha. 

A idosa relatou que desde que conheceu o namorado da filha, soube que algo aconteceria a ela e que nunca gostou dele, pois o achava uma pessoa estranha e que a filha era responsável pelas contas do parceiro. 

"Quando o conheci, ele disse que trabalhava embarcado, que ficava no mar a cada 15 dias. Eu viajei e quando voltei, perguntei a meu esposo se ele tinha saído para trabalhar e ele me relatou que não, só ficou em casa. Eu questionei ela e ela não me respondeu, mas ela bancava ele", relatou. 

O casal se conheceu em Vila Velha, onde os pais de Catiuscia ainda moram, algum tempo depois de a professora, que foi casada por muitos anos com um capitão do Exército, ficar viúva. 

Antes de chegar ao Espírito Santo, Catiuscia viveu com o marido em Manaus, no Amazonas, Recife em Pernambuco, e por último, em Campo Grande, no Mato Grosso. 

A mãe se pergunta porque a filha não se separou de Diogo, uma vez que era independente financeiramente e recebia uma boa pensão militar do falecido ex-marido.

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"Nunca me contou que estava infeliz", diz a mãe 

O casal partiu junto para a Austrália em em 9 de março, e desde então, mãe e filha mantiveram contato e segundo Eliaide, Catiuscia nunca relatou que vivia um relacionamento abusivo ou que estava infeliz. 

A filha havia alugado um apartamento em um condomínio e mandava fotos e filmagens para a mãe corriqueiramente, e sempre dizia que estava bem, e tudo estava correndo como esperado.

"Ela sempre me dizia que estava tudo bem, mandava fotos do condomínio lindo que ela alugou, tinha comprado um drone e fazia imagens com ele, nunca me disse nada de ruim", contou. 

Briga por mudança teria motivado crime

Catiuscia informou à mãe que Diogo tinha conseguido um visto para os Estados Unidos, mas que ela não o acompanharia na mudança para a América do Norte e que pretendia voltar ao Brasil. 

De acordo com a mãe da professora, Catiuscia fazia um curso na Austrália, além de dar aulas de português para crianças com deficiência. Assim que o curso fosse concluído, ela retornaria para a casa dos pais. 

"Eu tenho quase certeza que ele ouviu ela falando sobre isso, não gostou e isso teria motivado as brigas, porque ela não queria mais ir com ele, ela queria voltar pro Brasil". 

Mãe foi avisada da morte por intérprete

Foto: Reprodução/TV Vitória

Eliaide recebeu a informação de que a filha estava morta na segunda-feira, por uma ligação telefônica de um investigador da polícia australiana. 

Ao ver a ligação, a mãe de Catiuscia diz já saber sobre o que se tratava, uma vez que a filha não dava notícias já há um dia. A última vez que conversou com ela, foi por troca de mensagens, em que a professora afirmava estar no aeroporto, ao caminho da Tailândia, com Diogo. Esta viagem nunca foi realizada. 

Quando atendeu o telefone, o investigador tentou falar com ela em inglês, mas como não domina o idioma, uma intérprete foi chamada para passar as informações. 

"Ela me perguntou se era mãe da Catiuscia e morava no Brasil, quando confirmei, ela disse que infelizmente a Catiuscia tinha sido encontrada morta na banheira. Eu pedi detalhes e ela disse que só o investigador poderia dar detalhes, ela só estava autorizada a me informar". 

A idosa pediu ao filho mais velho, que fala inglês, para que ligasse para o investigador e perguntasse mais detalhes sobre a morte da professora.

A princípio, o filho não queria contar para mãe que Catiuscia possivelmente teria sido assassinada, relatou para ela que a professora tinha caído na banheira, mas depois revelou que a polícia trabalha com a hipótese de que ela teria sido golpeada com um soco. 

O corpo da professora foi encontrado coberto por gelo na banheira e, ela teria morrido imediatamente, após bater com a cabeça no assoalho do banheiro. 

Vizinhos do casal que ouviram toda a comoção no apartamento da professora, chamaram a polícia e Diogo foi preso em flagrante no local e conduzido à Delegacia de Burwood. 

"Eu não sei o que ele tentou fazer com o gelo, eu acho que tentou fugir, os vizinhos que não deixaram, chamaram a polícia", disse a idosa. 

Suspeito será julgado na Austrália 

Foto: Reprodução/TV Vitória

De acordo com a idosa, Diogo seguirá preso e será julgado em janeiro, na Austrália, por homicídio. As informações foram repassadas pelos próprios policiais que investigam o caso.

 "Espero que ele responda pelo que fez e não faça nenhuma outra família sofrer", disse. 

Ainda segundo ela, um investigador capixaba teria ido à sua casa e relatado à ela que Diogo é réu pela Lei Maria da Penha, por agredir a ex-esposa, com quem tem dois filhos. 

O corpo de Catiuscia já foi liberado, mas o traslado de volta ao Brasil ainda não tem data, uma vez que o certificado de óbito ainda precisa ser confeccionado. A professora será sepultada em Canoas, no Rio Grande do Sul. 

Além de Catiuscia, a idosa já perdeu um outro filho, o mais velho, há 35 anos. "Mais uma cicatriz, 35 anos que perdi o meu mais velho, agora ela mais uma cicatriz que só deus para cicatrizar", finalizou. 

*Com informações da repórter Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/Record 

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