"Justiça foi feita", diz mãe de vítima de professor acusado de abusar de 21 alunas
Ela relata que quando soube da prisão do suspeito, estava a caminho do trabalho e chegou a chorar
Após a prisão de um professor de Ensino Religioso de 44 anos, em Cariacica, no último dia 10, acusado de abusar de pelo menos 21 alunas, com idades entre 9 e 16 anos, a mãe de uma das vítimas relata que a prisão do homem trouxe um sentimento de justiça para a família.
Ela conta que quando soube da prisão do suspeito, estava a caminho do trabalho e chegou a chorar.
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"Eu estava a caminho do trabalho e chorei. A justiça foi feita. O que aconteceu com a minha filha e outras filhas não vai acontecer mais", afirmou.
Os abusos teriam ocorrido no ano passado, quando a filha dela, então com 11 anos, teria se queixado de contatos físicos indesejados por parte do professor, que a abraçava e a acariciava.
Segundo a técnica em enfermagem, que não quis se identificar, no momento em que a filha comunicou os abusos, ela chegou a pensar que fosse uma tentativa do professor de integrar a criança à sala de aula.
"Eu achei que o professor estava querendo aproximar ela mais, porque ela tinha acabado de chegar na escola. Então ele pedia abraço, apertava ela e ela não gostava desse contato físico. Ela me contava e eu dizia 'filha, é o professor, ele quer te trazer para aprender a matéria'", disse.
A história mudou durante a festa junina da escola. A filha da técnica de enfermagem e uma colega foram levadas para uma sala de aula pelo professor. Lá, ele teria assediado as meninas.
O professor preso teria chegado a pedir à colega da vítima para passar as mãos no corpo dela.
"Eles não foram de uniforme, foram liberados para ir com outra roupa. Ele chamou ela e uma coleguinha para ir para a outra sala, onde falou com a coleguinha 'que barriguinha sexy, eu posso passar a mão'?", contou a mãe da vítima.
Antes de relatar os abusos à mãe, a menina, hoje com 12 anos e que é autista, teria procurado a direção da escola para contar sobre o ocorrido.
Ao saber do ocorrido, a mãe da menor também foi à escola conversar com outros professores. Na instituição, ficou sabendo que outros pais já haviam comunicado problemas semelhantes.
"A professora disse que ele jamais faria isso, porque ele é um homem casado e confiava no caráter dele. Relataram que no ano anterior alguns pais também relataram problemas, mas que não foram para frente. E também outras ocorrências."
Por conta dos abusos, a filha se recusou a ir para a escola, pois além do trauma, colegas de escola também a culpavam pelo afastamento do professor, segundo a mãe.
"Chamavam ela de mentirosa, que estava inventando e que o professor foi mandado embora por causa dela. Eu até me culpo, porque quando a criança diz que não gosta de um contato, precisamos respeitar isso."
Professor depõe na polícia
Em depoimento, o professor alegou que as vítimas estariam "confundindo as coisas". Segundo o delegado Leonardo Vanaz, as investigações continuam e novas vítimas devem procurar a Delegacia Especializada de Proteção a Criança e o Adolescente.
Até o momento, a polícia conseguiu encontrar 21 vítimas, sendo que sete delas eram de Cariacica e 14 de Vila Velha.
O delegado-geral José Darcy Arruda orienta que as alunas que foram vítimas do professor denunciem.
"Eu quero dizer a toda a população, a diretores de escolas, a pais, que observem o comportamento dos seus filhos, conversem com seus filhos, percebam se eles estão muito calados, se eles estão introvertidos, porque escola é um local de segurança, não pode acontecer isso. E também aos diretores desses educandários, que ao perceberem também comportamentos de professores ou qualquer outra pessoa dentro da escola que possa possibilitar esse tipo de crime, que comuniquem a DPCA. Nós não vamos permitir que essas pessoas continuem abusando de nossas crianças", disse Arruda.
Secretarias de educação informam que ele não está mais no cargo
Após as acusações contra o professor, que dava aulas em uma escola municipal de Cariacica, a Secretaria de Educação do município informou que ele foi demitido, tendo a demissão sido publicada no Diário Oficial do município no último dia 12.
A secretaria declarou que ele havia sido afastado imediatamente após tomarem conhecimento sobre o ocorrido. Além disso, ele está proibido de assumir qualquer cargo público por oito anos.
Já a Secretaria de Educação de Vila Velha declarou que o professor, que lecionava a disciplina de Ensino Religioso, teve contrato rescindido em maio de 2019, em decorrência de acusação de assédio.
"Após medidas internas e solicitação de ordem de restrição, o profissional ficou impedido de retornar à rede municipal de ensino", finalizou a nota encaminhada à reportagem.
A Secretaria Estadual de Educação (Sedu) informou que o professor suspeito de estupro atuou na rede estadual de ensino como DT em Vila Velha até o ano de 2021.
*Com informações do repórter Vitor Zucolotti, da TV Vitória/Record