Caso Davy: perito explica causa da morte de criança vítima de abusos do padrasto
A perícia esteve no apartamento onde o menino de 4 anos morava com a irmã, que também foi agredida, com a mãe, e com o padrasto, que estão presos
Peritos da Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES) concluíram que uma hemorragia interna, ocasionada pelo rompimento do fígado, foi a causa da morte de Davy Luccas Cândido Rodrigues, de 3 anos e 7 meses.
A perícia esteve no apartamento onde o menino morava com a irmã, que também foi agredida, a mãe, e o padrasto, que estão presos.
Os peritos estiveram, por cerca de quatro horas, no apartamento da família, no início da tarde desta quarta-feira. A equipe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cariacica também esteve no local, e ouviu moradores em busca de evidências que possam ajudar a elucidar o caso.
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O médico-legista Renan Barreto da Silva Caminha disse que o exame da perícia indicou que Davy sofreu diversas lesões, e que um desses ferimentos ocasionou a rotura, o rompimento do fígado da criança.
"Ao observar o exame, podemos ver que a criança sofreu múltiplas lesões em diversos locais do corpo. Uma dessas lesões foi feita na região dorsal, que culminou na rotura do fígado, que fez com que ele tivesse uma hemorragia interna e isso causou o óbito", explicou.
O médico-legista apontou também que o menino apresentou lesões com colorações e tonalidades diferentes, o que aponta que as agressões foram progressivas, e não ocorreram em um mesmo dia.
"O que chamou a atenção é que essas lesões apresentavam colorações, tonalidades diferentes. Com isso, podemos afirmar com segurança que essas agressões foram progressivas, não ocorreram todas em um mesmo dia", declarou.
O perito oficial criminal da PCIES, Onésio Barbosa, afirmou que uma espécie de tipoia, que é um imobilizador de braços e ombros, foi encontrado no banheiro, e fragmentos de gesso na cozinha.
"Todos os itens eram compatíveis com o tamanho do braço de uma criança. Possivelmente, era o que o Davy usou", afirmou.
Perícia constata que a vítima sofreu abuso sexual e encontra crack no apartamento
A perita Luciana Nogarolli apontou que, com base no material encontrado no corpo de Davy, é possível comprovar que o menino sofreu abuso sexual.
"Encontramos o PSA, que é uma substância presente no sêmen, no corpo da criança. Isso comprovou que ele foi violentado. Pelo contexto onde a amostra foi coletada, e pela idade da criança, isso comprova sim, que ele sofreu abuso sexual", declarou.
Onésio Barbosa contou também que uma substância marrom foi encontrada espalhada pela casa, e a perícia constatou que o material era crack.
"Foram encontrados vários fragmentos de substância amarronzada espalhados pela casa, que pareciam muito com pedras de crack. Tudo foi coletado e encaminhado ao Laboratório de Toxicologia Forense, e o resultado deu positivo para crack", afirmou.
A perícia encontrou, também, vestígios de vômito no banheiro do apartamento. A suspeita, é que Davy passou mal após ingerir entorpecentes.
Mãe e padrasto foram presos após abusos e morte de Davy
Thaís Candido Pedrosa, de 24 anos, e Fábio dos Santos Silva, foram presos preventivamente pela morte de Davy. O casal também foi preso pelo homicídio tentado da irmã do menino, Ana Lise, que tinha 1 ano e 10 meses em setembro de 2024, e que também foi abandonada com hematomas.
Thaís, que é mãe das crianças, abandonou os filhos para se envolver em outro crime ao buscar drogas no Norte do país. A suspeita foi indiciada por homicídio consumado e tentado, tráfico de drogas e associação para o tráfico. Ela foi presa no dia 12 de novembro, e está detida no Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC).
Já o padrasto da criança foi indiciado por homicídio consumado e tentado, tráfico de drogas, associação para o tráfico e estupro de vulnerável. O homem está detido no Centro de Detenção Provisória (CDP) da Serra.
Padrasto abandonou Davy sem vida em Pronto Atendimento
No dia 17 de setembro, Davy foi deixado pelo padastro no PA de Alto Lage, disse a ume enfermeira que a criança tem sinais de mal-estar, e que precisava ir em casa buscar os documentos do menino, mas não voltou.
De acordo com a polícia, Fábio supostamente fez uma ligação para Thaís, e informou à mãe de Davy que deixou o menino no hospital. A suspeita entrou em contato com o pai biológico, que foi até o pronto atendimento, e constatou que o filho já havia falecido.
Em depoimento à polícia, o padrasto alegou que os ferimentos de Davy foram gerados por uma queda, e que Thaís, a mãe do menino, agredia o filho. A suspeita disse à polícia que Fábio era o responsável pelas agressões.
As investigações apontam que Thaís e Fábio namoravam, e moravam juntos há quatro meses, em um apartamento no bairro Santa Cecília, em Cariacica.
*Com informações de Rodrigo Schereder, repórter da TV Vitória/Record.