Delegado diz que veterinário ameaçou juiz e policiais após prisão
Thiago Oliveira do Nascimento e Gabriela Anacleto Kiefer foram presos por amordaçar e matar a tiros um homem em situação de rua, em Vila Velha
O veterinário Thiago Oliveira do Nascimento, de 41 anos, que foi preso homicídio em cumplicidade com Gabriela Anacleto Kiefer, dentista de 34 anos, ameaçou um juiz do Espírito Santo, e afirmava que "comprava desembargadores".
De acordo com o adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, delegado Cleudes Junior, o veterinário andava armado e as pessoas que trabalhavam com ele o temiam.
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"Ele ameaçou juiz do Espírito Santo, chegou a ameaçar policiais que cumpriram o mandado de busca e apreensão na casa dele. Ele dizia que comprava juízes e desembargadores, e andava armado. Nós constatamos que as testemunhas que possivelmente trabalharam com ele na clínica veterinária o temiam. Ele se revelou uma pessoa extremamente perigosa", apontou.
Gabriela foi presa na tarde de quarta-feira (18), no próprio consultório, em Itapuã, passou por exames de corpo e delito no Instituto Médico Legal (IML) de Vitória. Ela foi autuada por homicídio qualificado e foi encaminhada ao Centro Prisional Feminino de Cariacica.
Thiago, que utilizava tornozeleira eletrônica pelo crime de extorsão, foi preso novamente em 13 de novembro pelo crime de homicídio e porte de arma de fogo, e foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana.
A dentista viu o morador de rua furtando itens dentro da clínica que é dona em Itapuã, Vila Velha, e chamou Thiago, que na época era namorado de Gabriela, para ir até o local. O veterinário amordaçou a vítima, e vizinhos contam que ouviram pedidos de socorro.
"Thiago chegou armado, rendeu e amordaçou a vítima, e vizinhos contam que ouviram gritos pedindo socorro. Em seguida ouviram um disparo. Momentos depois, viram o veterinário arrastando a vítima para dentro de uma caminhonete Fiat Toro branca. Gabriela estava presente nesse momento, entrou no carro com ele, e os dois foram para o local de execução, na Rodovia Leste-Oeste, dentro do bairro Vale Encantado", disse o delegado.
Gabriela vendeu o carro três dias após o crime, e ainda de acordo com o adjunto da DHPP de Vila Velha, tentou coagir uma amiga, que morava com ela na época do crime, e testemunhou à polícia os acontecimentos.
"O Fiat Toro foi vendido três dias depois do crime. Nós solicitamos uma perícia ao atual proprietário, e através de utilização de luminol, identificamos vestígios de sangue. Descobrimos que na época dos crimes, Gabriela morava com uma amiga, que foi intimada a testemunhar. Ela descreveu o crime em detalhes, mas estava com muito medo do Thiago. Na data dessa oitiva, Gabriela entrou em contato com ela, possivelmente para orientar o que ela deveria dizer", explicou.
Veja vídeo do momento das prisões do veterinário e da dentista:
Após a ligação para a vítima, a polícia representou pela prisão preventiva de Thiago e Gabriela, que foram deferidas.
A polícia não conseguiu realizar testes de DNA com os vestígios de sangue encontrados no carro devido ao tempo decorrido do crime. A vítima não foi identificada, mas foi possível constatar que era um homem entre 30 e 40 anos.
Investigações começaram após a primeira prisão do veterinário
No apartamento de Thiago, que havia sido preso preventivamente em janeiro de 2024, suspeito de extorquir o equivalente a R$ 10 milhões em criptomoedas de um empresário asiático, a polícia encontrou várias armas e munições ilegais. O veterinário foi liberado para cumprir a pena em liberdade, com utilização de tornozeleira eletrônica, até ser preso novamente.
O delegado conta ainda que, após a primeira prisão de Thiago, a polícia recebeu uma denúncia anônima que afirmava que o veterinário era o responsável pelo homicídio do homem em situação de rua. Com a condução de testes balísticos, a autoria foi confirmada.
"Alguém denunciou, disse que o homicídio em Vale Encantado, em 2021, quem cometeu foi o Thiago. Com base nessas informações, pedimos a perícia de microcomparação balística. As três munições encontradas no corpo da vítima eram calibre .25 ou 6.35, e uma das armas apreendidas com o Tiago foi exatamente uma Beretta 6.35, mesmo calibre utilizado no homicídio", explicou.