Polícia

Extorsão e traição: veterinário preso usou escuta e hackeou telefone de ex

Thiago Oliveira do Nascimento e Gabriela Anacleto Kiefer foram presos por assassinato. Vítima teria invadido clínica da dentista para realizar furtos, em Vila Velha

Foto: Divulgação: Sesp | Montagem: Folha Vitória

A Polícia Civil detalhou que o veterinário Thiago Oliveira do Nascimento, de 41 anos, teria colocado uma escuta dentro de um carro e hackeado uma ex-namorada. As informações foram divulgadas pelo delegado Cleudes Junior da DHPP de Vila Velha. 

O veterinário e a atual companheira, a dentista Gabriela Anacleto Kiefer, de 34 anos, teriam matado um homem em situação de rua em Vila Velha e são considerados réus no processo após serem denunciados pelo Ministério Público. 

O assassinato foi registrado em agosto de 2021, quando a vítima teria invadido a clínica da dentista para realizar furtos. 

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As investigações apontaram que Thiago era considerado “extremamente paranoico”. Ele teria, até mesmo, hackeado o telefone da ex-namorada e colocado escutas no carro. Com isso, descobriu uma traição e passou a extorquir o empresário asiático, que estaria em um relacionamento extraconjugal.

“Ele teria colocado uma escuta dentro do carro dela, usou um telefone que gravava todas as coisas que ela falava e por meio disso, invadiu o dispositivo e conseguiu imagens íntimas dela com o empresário. A partir disso, passou a extorqui-lo”, descreveu o delegado Cleudes Júnior. 

No apartamento de Thiago, que havia sido preso preventivamente em janeiro de 2024, suspeito de extorquir o equivalente a R$ 10 milhões em criptomoedas de um empresário asiático, a polícia encontrou várias armas e munições ilegais. 

O veterinário foi liberado para cumprir a pena em liberdade, com utilização de tornozeleira eletrônica, até ser preso novamente.

Investigações começaram após a primeira prisão do veterinário

O delegado conta ainda que, após a primeira prisão de Thiago, a polícia recebeu uma denúncia anônima que afirmava que o veterinário era o responsável pelo homicídio do homem em situação de rua. Com a condução de testes balísticos, a autoria foi confirmada.

“Alguém denunciou, disse que o homicídio em Vale Encantado, em 2021, quem cometeu foi o Thiago. Com base nessas informações, pedimos a perícia de microcomparação balística. As três munições encontradas no corpo da vítima eram calibre .25 ou 6.35, e uma das armas apreendidas com o Thiago foi exatamente uma Beretta 6.35, mesmo calibre utilizado no homicídio”, explicou.

Ainda de acordo com a polícia, várias testemunhas ouvidas, que possivelmente trabalharam com Thiago em uma clínica veterinária, confirmaram as informações passadas pela amiga de Gabriela, e tinham medo do veterinário.

“Todas as testemunhas confirmaram os fatos narrados pela testemunha sigilosa. Elas foram citadas pela amiga de Gabriela, e possivelmente haviam trabalhado com o Thiago na clínica veterinária. Nós pudemos constatar um verdadeiro temor com relação ao veterinário”, disse.

Veterinário amordaçou vítima 

Segundo a polícia, o veterinário amordaçou a vítima e efetuou um disparo contra ela, colocou o homem dentro de uma caminhonete e o levou até a Rodovia Leste-Oeste, em Vale Encantado, em Vila Velha, onde foi morto a tiros por Thiago. Testemunhas afirmaram que Gabriela estava presente durante toda a ação.

“Thiago chegou armado, rendeu e amordaçou a vítima, e vizinhos contam que ouviram gritos pedindo socorro. Em seguida ouviram um disparo. Momentos depois, viram o veterinário arrastando a vítima para dentro de uma caminhonete Fiat Toro branca. Gabriela estava presente nesse momento, entrou no carro com ele, e os dois foram para o local de execução, na Rodovia Leste-Oeste, dentro do bairro Vale Encantado”, disse o delegado.

Gabriela vendeu o carro três dias após o crime, e ainda de acordo com o adjunto da DHPP de Vila Velha, tentou coagir uma amiga, que morava com ela na época do crime, e testemunhou à polícia os acontecimentos.

“O Fiat Toro foi vendido três dias depois do crime. Nós solicitamos uma perícia ao atual proprietário, e através de utilização de luminol, identificamos vestígios de sangue. Descobrimos que na época dos crimes, Gabriela morava com uma amiga, que foi intimada a testemunhar. Ela descreveu o crime em detalhes, mas estava com muito medo do Thiago. Na data dessa oitiva, Gabriela entrou em contato com ela, possivelmente para orientar o que ela deveria dizer”, explicou.

Após a ligação para a vítima, a polícia representou pela prisão preventiva de Thiago e Gabriela, que foram deferidas. A polícia não conseguiu realizar testes de DNA com os vestígios de sangue encontrados no carro devido ao tempo decorrido do crime.


 

Repórter do Folha Vitória, Maria Clara de Mello Leitão
Maria Clara Leitão Produtor Web
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Formada em jornalismo pelo Centro Universitário Faesa e, desde 2022, atua no jornal online Folha Vitória