CRIME BRUTAL

Veterinário e dentista levaram homem em situação de rua para ser morto em local deserto

Thiago Oliveira do Nascimento e Gabriela Anacleto Kiefer foram presos por assassinato. Vítima teria invadido clínica da dentista para realizar furtos, em Vila Velha

Nicolas Nunes

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação: Sesp | Montagem: Folha Vitória

Presos pela Polícia Civil por envolvimento no assassinato de um homem em situação de rua, ainda não identificado, o veterinário Thiago Oliveira do Nascimento, de 41 anos, e sua companheira, a dentista Gabriela Anacleto Kiefer, de 34 anos, teriam cometido o crime de forma brutal após a vítima realizar furtos na clínica da suspeita.

É o que aponta a investigação do caso, de acordo com o delegado Cleudes Junior, adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha. O assassinato ocorreu em agosto de 2021, quando a clínica ainda estava em construção. A vítima tinha entre 30 e 40 anos.

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De acordo com a investigação, a dentista viu o homem em situação de rua furtando itens dentro da clínica, que fica em Itapuã, Vila Velha, e chamou Thiago, que na época era namorado de Gabriela, para ir até o local.

Segundo a polícia, o veterinário amordaçou a vítima e efetuou um disparo contra ela, colocou o homem dentro de uma caminhonete e o levou até a Rodovia Leste-Oeste, em Vale Encantado, em Vila Velha, onde foi morto a tiros por Thiago. Testemunhas afirmaram que Gabriela estava presente durante toda a ação.

"Thiago chegou armado, rendeu e amordaçou a vítima, e vizinhos contam que ouviram gritos pedindo socorro. Em seguida ouviram um disparo. Momentos depois, viram o veterinário arrastando a vítima para dentro de uma caminhonete Fiat Toro branca. Gabriela estava presente nesse momento, entrou no carro com ele, e os dois foram para o local de execução, na Rodovia Leste-Oeste, dentro do bairro Vale Encantado", disse o delegado.

Gabriela vendeu o carro três dias após o crime, e ainda de acordo com o adjunto da DHPP de Vila Velha, tentou coagir uma amiga, que morava com ela na época do crime, e testemunhou à polícia os acontecimentos.

"O Fiat Toro foi vendido três dias depois do crime. Nós solicitamos uma perícia ao atual proprietário, e através de utilização de luminol, identificamos vestígios de sangue. Descobrimos que na época dos crimes, Gabriela morava com uma amiga, que foi intimada a testemunhar. Ela descreveu o crime em detalhes, mas estava com muito medo do Thiago. Na data dessa oitiva, Gabriela entrou em contato com ela, possivelmente para orientar o que ela deveria dizer", explicou.

Após a ligação para a vítima, a polícia representou pela prisão preventiva de Thiago e Gabriela, que foram deferidas. A polícia não conseguiu realizar testes de DNA com os vestígios de sangue encontrados no carro devido ao tempo decorrido do crime.

Gabriela foi presa na tarde de quarta-feira (18), no próprio consultório, em Itapuã, passou por exames de corpo e delito no Instituto Médico Legal (IML) de Vitória. Ela foi autuada por homicídio qualificado e foi encaminhada ao Centro Prisional Feminino de Cariacica. 

Thiago, que utilizava tornozeleira eletrônica pelo crime de extorsão, foi preso novamente em 13 de novembro pelo crime de homicídio e porte de arma de fogo, e foi encaminhado ao Centro de Triagem de Viana.

Veja vídeo do momento das prisões do veterinário e da dentista:

De acordo com o delegado Cleudes Junior, Thiago chegou a ameaçar até juízes, e policiais que cumpriram mandado de busca e apreensão no apartamento do veterinário.

"Ele chegou a ameaçar juízes aqui do Espírito Santo. Ele ameaçou policiais que cumpriram mandado de busca e apreensão na casa dele. Thiago dizia que comprava juízes e desembargadores. Então, ele se revelou uma pessoa extremamente perigosa, fria, calculista, manipuladora, e sem medo de ameaçar pessoas dos órgãos de segurança pública", declarou.

Investigações começaram após a primeira prisão do veterinário

No apartamento de Thiago, que havia sido preso preventivamente em janeiro de 2024, suspeito de extorquir o equivalente a R$ 10 milhões em criptomoedas de um empresário asiático, a polícia encontrou várias armas e munições ilegais. O veterinário foi liberado para cumprir a pena em liberdade, com utilização de tornozeleira eletrônica, até ser preso novamente.

O delegado conta ainda que, após a primeira prisão de Thiago, a polícia recebeu uma denúncia anônima que afirmava que o veterinário era o responsável pelo homicídio do homem em situação de rua. Com a condução de testes balísticos, a autoria foi confirmada.

"Alguém denunciou, disse que o homicídio em Vale Encantado, em 2021, quem cometeu foi o Thiago. Com base nessas informações, pedimos a perícia de microcomparação balística. As três munições encontradas no corpo da vítima eram calibre .25 ou 6.35, e uma das armas apreendidas com o Thiago foi exatamente uma Beretta 6.35, mesmo calibre utilizado no homicídio", explicou.

Ainda de acordo com a polícia, várias testemunhas ouvidas, que possivelmente trabalharam com Thiago em uma clínica veterinária, confirmaram as informações passadas pela amiga de Gabriela, e tinham medo do veterinário.

"Todas as testemunhas confirmaram os fatos narrados pela testemunha sigilosa. Elas foram citadas pela amiga de Gabriela, e possivelmente haviam trabalhado com o Thiago na clínica veterinária. Nós pudemos constatar um verdadeiro temor com relação ao veterinário", disse.