Polícia

Casal sequestrado em Guarapari relata os momentos de pavor vividos em poder do acusado

De acordo com Maria, uma das vítimas, Lucas afirmou ter sido traído pela namorada e dizia ter medo de ser preso. Lucas foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarapari.

Lucas foi encaminhado à 5ª Delegacia Regional de Guarapari. Foto: Divulgação

Um dos mais longos sequestros da história do Espírito Santo, com 16 horas de tensão, teve fim na madrugada deste domingo (10). As vítimas, o casal Edson Batista, de 62 anos, e Maria de Fátima Mendes de Souza, de 45, foram mantidas reféns por Lucas de Oliveira Marcelino, de 23 anos, dentro de uma padaria de Guarapari. O drama começou por volta das 10h30 de sábado (9).

Após Edson ser libertado pelo sequestrador, a mulher permaneceu dentro da padaria. Depois de 16 horas de pânico, Lucas se entregou à polícia. Segundo o jovem, a ideia inicial era dar fim à própria vida. “ Eu pensei em muita coisa. Mas, não queria matar ninguém. Só queria me matar, só pensava nisso, mas no final desisti”, conta.

De acordo com um policial que participou de toda ação, o perfil psicológico do criminoso é de difícil compreensão. “ Conversamos com a mãe dele sobre alguns problemas vividos por ele. No momento do sequestro, ele pediu muita coisa. Uma hora queria a mãe, outra a namorada. Dizia querer armas, munições, queria até que o governador fosse ao local”, afirma.

Após dar fim ao sequestro, Lucas foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarapari.

Já em casa, mas ainda assustado, o casal que ficou tanto tempo em poder do sequestrador, sob a mira de uma arma, relembra, amedrontado, os momentos que jamais serão esquecidos. “Quando ele entrou no estabelecimento, entrou armado, ameaçando. Exigiu que ficássemos em posições específicas. Isso durou de 15 a 20 minutos. Ficamos muito tenso durante todo o tempo. Meu maior medo era que a minha companheira se desesperasse e tentasse abrir a porta para fugir”, disse Edson.

Ainda segundo ele, após ser libertado, a preocupação com Maria aumentou ainda mais. “Temi pela vida dela. Quando eu saí, foi um alívio, mas depois ficava imaginando ela lá sozinha. Isso me deu um desespero muito grande. Só fiquei calmo quando a vi solta”, completou.

De acordo com Maria, Lucas afirmou ter sido traído pela namorada e dizia ter medo de ser preso. Para Edson, o clima entre as vítimas e o acusado só ficou mais tranqüilo quando ele disse que conhecia a mãe de Lucas. “Eu falei com ele que conhecia a mãe dele. Dei conselhos, disse que ele era muito novo e tinha a vida toda pela frente. Vi que ele ficou mais calmo após as nossas conversas”, contou.

Após o longo período de sequestro, o acusado começou a demonstrar cansaço, fato que Maria acredita que tenha pesado para que Lucas se entregasse. “Ele começou a ficar muito cansado. Ele bebeu energéticos, comeu um pacote de biscoito. Depois disso começou a falar que estava com sono. Deitou no chão e dormiu um pouco. Quando ele acordou, olhou pra mim e me mandou sair”, relembrou.

O casal mora com a filha mais nova, em um bairro próximo ao local onde aconteceu o sequestro. Na manhã deste domingo, a padaria, local que serviu para o cárcere das vítimas, ficou fechada. Moradores do bairro jamais esquecerão o que viveram no final de semana. Segundo uma moradora, a região sempre foi pacífica. “ Isso nunca tinha acontecido. Aqui é muito calmo. Esse caso foi muito assustador. Graças a Deus terminou tudo bem”, explicou.

Edson e Fátima estão juntos há quase 20 anos e vão casar no próximo final de semana. Unidos, querem recomeçar a rotina no trabalho. Para eles, o drama vivido só fortaleceu o amor.