Polícia

Técnico da Desportiva Ferroviária usa rede social para se defender de acusação de injúria racial

No texto publicado, Vevé quis explicar o ocorrido e se defendeu da acusação feita pelo maqueiro e o goleiro da equipe do Atlético-ES após o jogo

Vevé foi acusado de injúria racial Foto: ​Divulgação/Desportiva Ferroviária

O técnico da Desportiva Ferroviária, Vevé, que foi parar na delegacia após ser acusado de injúria racial durante o jogo da Tiva contra o Atlético-ES, usou uma rede social para se defender, na manhã deste domingo (14).

No texto publicado, Vevé quis explicar o ocorrido e se defendeu da acusação a qual foi submetido. “Podem inventar situações, fazer armações, mas Deus é sabedor de toda verdade. Estão querendo manchar minha reputação profissional, mas não vão conseguir. Quem me conhece sabe muito bem que tipo de homem eu sou. Hoje a Desportiva Ferroviária é parte da minha família e por ela também sou capaz de brigar. Mas chamar um companheiro de trabalho de macaco, aí não. Seria um insano se cometesse tal atitude, pois tenho atletas negros no meu grupo de trabalho, meu supervisor é negro, tenho duas cunhadas negras, muitos amigos, muitos ex-jogadores que trabalharam comigo. Nunca cometi esse tipo de atitude com nenhum deles, pois abomino essas atitudes. Ao acusador cabe o ônus da prova, aguardemos para ver de que lado está a verdade”, escreveu.

Caso vai parar na delegacia

Após um jogo pegado neste sábado (13), o técnico da Desportiva Ferroviária, Vevé, juntamente com o maqueiro e o goleiro da equipe do Atlético-ES foram encaminhados para a 9ª Delegacia Regional, de Itapemirim. O técnico é suspeito de injúria racial.

Segundo informações de testemunhas, a confusão teria iniciado primeiramente com o maqueiro da equipe alvinegra, que diz ter sido chamado de “macaco” pelo técnico da Tiva. Logo após, em uma reposição de bola do goleiro do Atlético-ES, o técnico Grená reclamou da demora no lance, e após uma discussão com o jogador, foi acusado pelo goleiro por chamá-lo de macaco. 

O técnico Vevé, o maqueiro e o goleiro do Atlético-ES prestaram depoimento na 9ª Delegacia Regional, em Itapemirim, por volta das 19 horas de sábado (13). Por volta das 00h02 deste domingo (14), Vevé foi liberado da delegacia, após pagar a fiança.

De acordo com a assessoria da Desportiva Ferroviária, o técnico continua respondendo pelo processo.A Desportiva Ferroviária irá se pronunciar em breve sobre o caso. 

Aranha

A confusão no futebol capixaba aconteceu 15 dias após o caso de racismo que mais repercutiu no Brasil. No último dia 28 de agosto, no final da partida contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, o goleiro santista Aranha foi alvo de um episódio lamentável para o futebol brasileiro. O goleiro sofreu insultos racistas de um grupo de torcedores na reta final da vitória por 2 a 0 sobre o time gaúcho, em Porto Alegre, e saiu de campo indignado.

Crime

De acordo com o delegado Lauro Coimbra, o crime de injúria racial é o que acontece com mais frequência. A pena pode ser de um a três anos de reclusão, dependendo do caso. Segundo ele, os casos que chegam até a polícia são poucos, pois muitas pessoas sofrem o preconceito e não denunciam. “As vítimas acabam não registrando o crime e isso pode se tornar frequente”, destaca.   

Injúria racial

A injúria racial, tipificada no artigo 140 do Código Penal Brasileiro, é uma ofensa à honra de uma pessoa ou de um grupo de pessoas. Foi o que explicou a professora de direito da FDV, Elda Bussinguer. “A vítima é ofendida em razão da raça, cor, etnia, religião ou origem. É menos grave que o racismo, mas também é um crime”, afirmou.

A professora destacou ainda que, mais grave que a injúria, o crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89, é quando alguém é impedido de ter acesso a algum direito. O crime é imprescritível e inafiançável.