Após tirar foto durante júri e postar imagem, advogado de Calu se explica
Segundo o advogado, a foto foi tirada durante um intervalo na sessão do julgamento. Ainda de acordo com ele, todos os integrantes da imagem são membros da equipe de defesa
Após tirar e postar uma foto durante o julgamento da morte do juiz Alexandre Martins, na tarde da última quarta-feira (26), o advogado Leonardo Gagno, que faz a defesa de Claudio Luiz Andrade Baptista (Calu), retirou a imagem de sua rede social e explicou o que teria acontecido. A postagem gerou polêmica, pois é proibido o uso de aparelho celular dentro do plenário.
Segundo o advogado, a foto foi tirada durante um intervalo na sessão do julgamento. Ainda de acordo com ele, todos os integrantes da imagem são membros da equipe de defesa.
O advogado ressaltou que não violou a imagem dos jurados nem do ambiente do plenário. A imagem, de acordo com o advogado, foi retirada do ar para preservar a boa convivência nos trabalhos, depois de pedido do magistrado.
Sabia como será o 4° dia do julgamento
O Júri Popular de dois dos três acusados pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) de serem os mandantes do assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, em março de 2003, chega ao quarto dia nesta quinta-feira (27).
O Conselho de Sentença segue ouvindo as testemunhas de defesa de Calu. O próximo a depor deve ser o delegado André Luiz Cunha Pereira. Os trabalhos no Cineteatro da UVV começam às 09 horas. Além do delegado, o perito Mauro Nadvorny e o advogado Antônio Franklin Cunha devem prestar depoimento nesta quinta.
Das testemunhas de defesa, o depoimento mais aguardado é o de Antônio Franklin Cunha, advogado contratado por Alexandre Martins de Castro, pai do juiz, para atuar como assistente de acusação. No entanto, logo no início do processo, o advogado largou o caso e escreveu uma carta, anexada ao processo, afirmando que o crime era um latrocínio (assalto seguido de morte). Cunha faz parte das testemunhas de defesa de Cláudio Luiz Andrade Baptista.
Relembre o 3° dia
Os dois condenados como executores do juiz Alexandre Martins de Castro Filho foram as primeiras testemunhas de defesa do ex-policial civil e empresário Claudio Luiz Andrade Baptista, o Calú, a prestarem depoimento nesta quarta-feira (26), no terceiro dia do julgamento dos suspeitos de serem os mandantes do crime, ocorrido em 2003.
Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Giliarde Ferreira voltaram a afirmar que o assassinato do juiz foi latrocínio - roubo com morte. Ambos contaram que foram torturados por policiais para confessarem que o crime foi encomendado. Os dois, no entanto, depuseram na condição de informante, que tem um peso menor no processo.
2° dia é marcado pelo depoimento de delegado
Na manhã de terça-feira (25), foi ouvida a segunda testemunha de acusação arrolada pelo MPES, o delegado da Polícia Civil do Espírito Santo, Danilo Bahiense, que chefiava a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na época do assassinato do juiz.
O depoimento do delegado durou quase três horas. Danilo Bahiense, que hoje é superintendente de Polícia Técnico-científica da PCES, afirmou que ficou sabendo em casa da morte do juiz Alexandre. Ele afirmou que, desde antes do crime, já ouvia falar nos nomes de Ferreira e Calu relacionados a crimes de extorsão.
De acordo com o delegado, o depoimento foi tranquilo. Para ele, não resta dúvida de que o crime foi de mando. "Não tenho dúvidas. Não foi latrocínio, foi crime de mando mesmo. Durante o depoimento só respondi o que me perguntaram. Sei de outras coisas, mas só pude responder o que me perguntaram", afirmou.
Início do julgamento
No primeiro dia do júri, o juiz Carlos Eduardo Lemos foi ouvido pelo Conselho de Sentença. Colega de trabalho de Alexandre Martins na Central de Inquéritos e na 5ª Vara Criminal de Vitória, Lemos foi arrolado como testemunha pelo MPES. No entanto, como já havia participado dos processos dos executores do crime, o juiz Marcelo Soares Cunha deferiu a participação de Carlos Eduardo na condição de informante.
O depoimento do magistrado começou por volta das 16h25 e se encerrou após as 21 horas. Ele prestou esclarecimentos ao presidente do Júri, aos advogados e aos promotores. Em seu testemunho, o magistrado relatou os fatos acontecidos na época do crime.
O crime
Alexandre Martins de Castro Filho foi assassinado na porta de uma academia de ginástica em Itapoã, Vila Velha, no dia 24 de março de 2003. Na época, ele comandava investigações contra o crime organizado no Espírito Santo. Os acusados de serem executores do crime - Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Giliard Ferreira de Souza - foram presos, julgados e condenados a mais de 24 anos de prisão. Também foram condenados, como intermediadores do crime, os sargentos Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva; Fernandes de Oliveira Reis, o "Cabeção"; André Luiz Barbosa Tavares, o "Yoxito"; e Leandro Celestino dos Santos, o "Pardal".
Durante todos esses anos, o processo se arrastou nos tribunais do Espírito Santo porque, além dos inúmeros recursos apresentados pela defesa dos acusados de serem os mandantes do crime, nove juízes foram considerados impedidos de julgarem o caso. Eles alegaram ter algum tipo de relação com uma das partes - ou réu ou vítima - e, por esse motivo, o julgamento poderia ser considerado sem validade.
O outro apontado pela polícia como mandante do assassinato é o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, que ainda aguarda a tramitação de recursos junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).