Polícia

Rainha de bateria é alvo de preconceito em rede social: "Vai ter que fazer muita faxina para pagar fantasia"

De acordo com a jovem, as mensagens eram preconceituosas em relação à profissão de Bethyna, que trabalha há pouco mais de dois anos como faxineira

Bethyna Casagrande é rainha de bateria da Chegou O Que Faltava Foto: Reprodução Facebook

“Você vai ter que fazer muita faxina para pagar sua fantasia”, essa foi a mensagem que Bethyna Nascimento Casagrande, 22 anos, recebeu por inbox no Facebook.  A jovem, que é a rainha de bateria da escola de samba Chegou O Que Faltava, foi alvo de preconceito na manhã da última segunda-feira (12).

Em entrevista ao jornal online Folha Vitória, Bethyna contou que a história começou quando o ex-marido recebeu um vídeo pornográfico de um perfil falso na segunda-feira. “Mandaram um vídeo pornô para meu ex-marido pelo Messenger no Facebook e disseram que era eu, mas não era. Ele me ligou dizendo que a pessoa tinha mandado esse vídeo e ainda tinha dito pra ele que iria acabar comigo. Entrei no meu ‘face’ para ver o que estava aconteceu e quando olhei meu ‘inbox’, tinham várias mensagens desse perfil”, contou a rainha de bateria.

De acordo com a jovem, as mensagens eram preconceituosas em relação à profissão de Bethyna, que trabalha há pouco mais de dois anos como faxineira. “Disse que sou preta, que preta tem que trabalhar de faxina mesmo. Falou que eu teria que fazer muita faxina e lavar muito vaso para conseguir pagar minha fantasia. Disse ainda que já acabou comigo uma vez e que vai acabar de novo”.

Sem saber o verdadeiro autor das mensagens, Bethyna resolveu denunciar e registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Eletrônicos, em Vitória. “A gente não pode ficar calado diante um preconceito tão grande. Chega! Ninguém aguenta mais. Eu, quando era criança, sofria muito preconceito pela cor. Mas quando você cresce, vê que isso é muito maior. As pessoas precisam denunciar e fazer boletim de ocorrência para acabar com isso. Registrei o boletim para me respaldar”, afirmou a jovem.

De acordo com a rainha de bateria, o perfil falso escreveu mensagens preconceituosas Foto: Reprodução Facebook

Apesar das ameaças, a rainha de bateria contou que continua de cabeça erguida, sem medo e com muito samba no pé. Para Bethyna, a história só reforçou o orgulho da profissão. “Foi algo pessoa e tentaram me atingir. Isso não me abala em nada e não derramei nenhuma lágrima. Pelo contrário, isso faz com que me orgulhe mais ainda da minha profissão. Isso não vergonha. Vergonha é roubar. Graças a Deus tenho um trabalho honesto, ajudo minha família e cuido da minha filha”, disse a jovem.

O caso foi registrado na Delegacia de Repressão aos Crimes Eletrônicos e está sob investigação.

Chegou O Que Faltava

Por meio de nota em rede social, a agremiação capixaba repudiou o preconceito sofrido pela rainha de bateria. Confira a nota completa:

"O GRES CHEGOU O QUE FALTAVA vem por intermédio de sua diretoria e componentes, de público, repudiar com veemência a discriminação e ofensas criminosas publicadas em redes sociais dirigidas a rainha de bateria de nossa agremiação.
A escola jamais irá aceitar de forma alguma tais atitudes de quem quer que seja, ainda mais de maneira covarde, oculta e desrespeitosa, não só com nossa rainha de bateria, mais com toda comunidade, admiradores e colaboradores da Chegou o que Faltava. O corpo jurídico da agremiação encontra-se trabalhando no sentido de identificar a pessoa maldosa que tentou retirar o brilho de Bethyna e toda comunidade do samba.  ‪#‎UnidosPorBethyna‬"