Um alerta nacional foi feito pelas autoridades sanitárias do Uruguai em novembro de 2014 após a internação de dois usuários de drogas no Hospital de Bella Unión, a 640 quilômetros de Montevidéu, na divisa com Brasil. Um dos usuários faleceu e o sobrevivente informou ter consumido uma nova droga a base de cocaína e veneno de cobra coral.
Médicos do hospital comunicaram os fatos à Junta Nacional de Drogas que por sua vez mobilizou uma equipe do Observatório Uruguaio de Drogas disparando um mecanismo recentemente inaugurado no país chamado “Sistema de Alerta Temprana”, uma espécie de estado de alerta vermelho acionado quando uma nova droga é descoberta.
O vazamento da informação levou um conhecido jornalista do país vizinho a preparar longa reportagem denunciando que cocaína com veneno sintetizado de cobra coral seria a nova droga comercializada na fronteira entre o Brasil e Uruguai. Uma médica do hospital deu entrevista e confirmou as informações.
Autoridades ordenaram então a realização de exames toxicológicos e outros destinados a determinar a causa da morte do usuário e analisaram centenas de amostras de cocaína apreendida na divisa.
Nos bastidores da investigação foi citado até o caso do jovem preso dois meses antes em Kerala, na Índia, acusado de ser viciado em veneno de cobra. Segundo o jornal “The Hindu”, o jovem chamado Mahinshah de 19 anos, pagava 2,5 mil rúpias (R$ 95) por picada e seus efeitos alucinógenos se prolongavam por até seis dias.
A reportagem uruguaia chegou a ser repercutida pela imprensa internacional e policiais de ambos lados da fronteira iniciaram investigações que não chegaram a nenhuma resposta. O resultado dos exames também foi inconclusivo. Contudo, após algumas ligações para a polícia dos dois países, a médicos que atenderam o caso e pessoas ligadas ao combate de drogas na região, o mistério foi esclarecido.
Extraoficialmente, a reportagem do portal de notícias R7 apurou que a autópsia acusou que o usuário morto no Hospital de Bella Unión consumiu cocaína e algum tipo de solvente ou componente de tintas. Portanto, não se tratava de uma “nova droga”, fruto da mistura do pó com veneno. O usuário apenas consumiu cocaína e inalou solvente de tinta, prática comum entre os dependentes químicos na fronteira, segundo a polícia.
O centro de toda confusão é que a famosa marca do solvente, comprado no Brasil, tem o mesmo nome da cobra Coral.
Com informações do R7