Quatro suspeitos, sendo três homens e uma mulher, foram presos pelo assassinato a tiros do dono da casa de shows e bar “Taberna GastroMusicBar”, um homem chamado Bruno Oliveira, de 35 anos. O crime aconteceu no próprio estabelecimento da vítima, no bairro Parque Residencial Laranjeiras, na Serra, no dia 28 de janeiro deste ano.
Segundo informações da Polícia Civil, as prisões de todos os envolvidos no crime ocorreram entre outubro e dezembro deste ano. Detalhes sobre a investigação foram divulgados em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira (21).
Segundo o delegado Rodrigo Sandi Mori, titular da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, o crime foi premeditado e planejado com ampla divisão de tarefas entre os envolvidos. Um dos envolvidos era Asclepíades Vieira Soares Júnior, de 31 anos, que foi morto dois dias após o crime.
“Asclepíades foi o responsável por dirigir o Gol branco, que levou o executor, Rodrigo, ao local do crime e deu fuga a ele após a execução. O valor que seria pago a Rodrigo, de R$ 100 mil, foi combinado entre um casal de agiotas, Jadilson Conceição Gomes, de 39 anos, e Gleiciane Jesus Sá, de 42 anos”, iniciou.
Gleiciane, segundo a autoridade policial, também foi a responsável por fornecer o dinheiro para compra da arma utilizada no crime e por acertar os valores com o executor, além das despesas com ele após a execução, providenciando sua fuga para Prado, no estado da Bahia, e, posteriormente, para o Mato Grosso do Sul, onde foi preso.
“Chama à atenção a periculosidade e a frieza desse casal de agiotas, que aterrorizavam os devedores com terror psicológico, ameaça de morte, de invasão de domicílio e levantamento dos pertences dos devedores caso não honrassem com os pagamentos devidos de forma imediata. Todos foram identificados e presos, foi uma investigação minuciosa, cautelosa, em que chegamos ao executor, ao intermediário e aos mandantes”, esclareceu o delegado.
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Entenda participações:
• Casal de agiotas e mandantes: Jadilson Conceição Gomes, de 39 anos, e Gleiciane Jesus Sá, de 42 anos;
• Executor dos disparos: Rodrigo Braga de Oliveira, de 31 anos;
• Condutor do veículo usado para o cometimento do crime: Asclepiades Vieira Soares Júnior, de 31 anos, morto no dia 30 de janeiro, dois dias após morte do dono da casa de shows;
• Responsável por montar a cena do crime: Everton de Oliveira Vieira, de 38 anos.
Indiciamento
De acordo com a Polícia Civil, todos os envolvidos foram indiciados por homicídio qualificado por motivo torpe e por impossibilidade de defesa da vítima, além de associação criminosa, e são réus em ação penal que corre na 3ª vara criminal do Júri.
“Salienta-se também a participação do Everton, que foi fundamental para que o crime ocorresse. Ele atuava como braço direito na cobrança de dívidas do casal de agiotas, foi o responsável por intermediar o encontro com a vítima, colher a assinatura dela e um termo de confissão de dívida que lhe dava o direito de retirar os bens móveis do estabelecimento caso Bruno não honrasse com o pagamento”, explicou Mori.
Everton também foi o responsável por segurar a vítima no local do crime, em uma posição estratégica na entrada do Taberna, até a chegada do executor Rodrigo, que efetuou sete tiros contra a vítima, sendo cinco deles nas costas.
Para a polícia, impressionou o comportamento do Everton ao colher a assinatura no termo de confissão, sendo que no momento dos disparos não esboçou reação alguma. Ele foi então conduzido à delegacia e, segundo o delegado, mentiu do começo ao fim no depoimento.
“No decorrer da investigação, chegamos à participação dele, que foi fundamental como intermediador do encontro com a vítima até a chegada do executor ao local do crime”, disse Sandi Mori.
Motivação
De acordo com informações da Polícia Civil, a vítima tinha uma enorme dificuldade em administrar o estabelecimento e a contabilidade do dinheiro que entrava, então contraiu alguns empréstimos, sendo que o maior deles foi no valor de R$ 100 mil, diretamente com o casal de agiotas.
Como Bruno não honrou o pagamento de duas parcelas do valor devido, o Jadilson, o Rodrigo e o Everton assumiram a gerência do estabelecimento Taberna no final de 2021, por praticamente um mês. “A ideia era pegar o dinheiro que entrava e quitar a dívida que a vítima tinha com o casal. Como a rentabilidade do local não estava sendo suficiente para quitar, o Jadilson propôs uma renegociação da dívida com a vítima, que já estava em R$ 200 mil”, explicou o delegado.
Como a vítima novamente não honrou com as parcelas devidas, o casal decidiu matá-lo. O ajuste prévio do crime ocorreu em algumas reuniões entre os envolvidos, tendo sido a principal delas no dia que antecedeu ao crime.
“Nesta participaram Jadilson, a Gleiciane, Everton e Rodrigo. O plano principal era sequestrar a vítima e matar em local diverso do Taberna, inclusive para dificultar a ação da polícia. Como viram que não seria possível sequestrar, em razão da grande concentração de pessoas no local, decidiram matar ali mesmo. Para isso, contaram com a participação fundamental do Everton, sendo que Rodrigo chegou ao local uma hora depois dele chegar, dentro de um Gol branco”, finalizou.
O executor teria então desembarcado a poucos metros, foi caminhando e, ao se aproximar da vítima, que estava praticamente de costas, efetuou os sete disparos.