A juíza Paula Cheim Jorge, que atua na 6ª Vara Criminal de Vila Velha, manteve a proibição de Tayssa de Abreu Milanez, esposa do empresário Sérgio Zanolli, preso na Operação Frisson, deflagrada em 13 de junho deste ano pelo Ministério Público Estadual (MPES) em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de sair de Vitória.
Em uma decisão publicada no Diário Oficial da Justiça no último dia 4, a magistrada negou um pedido feito por Tayssa, que queria autorização judicial para levar os filhos à casa da avó, em Linhares, e ao Parque do China, em Guarapari, devido ao período de férias escolares dos três filhos que ela tem com o empresário.
Ela, no entanto, assim como Sérgio e outras cinco pessoas, é ré no processo que investiga um esquema de lavagem de dinheiro por meio do “jogo do bicho” no Estado e cumpre medidas alternativas à prisão.
No pedido feito pela defesa da acusada, estava registrado que ela pretendia se ausentar de Vitória pelo período de 27 a 30 julho deste ano.
Na fundamentação da negativa, a magistrada alegou o fato de o pleito ter sido apreciado após o fim das férias escolares, fazendo com que as razões que baseavam o pedido não se sustentassem mais.
“No que pertine à pretensão de ausentar-se da Comarca formulado pela ré, concluo que os fundamentos do pleito não mais persistem, considerando a finalização do recesso escolar e o retorno das aulas a partir de 31 de julho de 2023”, diz a juíza na decisão.
Em outro trecho do documento, a magistrada destaca a medida cautelar imposta à acusada nas decisões que visam preservar o andamento das investigações, reforçando que a determinação judicial precisa se cumprida em sua totalidade.
“De mais a mais, destaco que estamos próximos à fase de instrução judicial da ação penal, devendo neste momento serem preservadas as cautelares impostas, bem como o decreto de prisão preventiva aplicado aos demais réus, com o fim de permitir a colheita de provas de forma íntegra, isenta e sem qualquer vício”, diz a juíza.
A reportagem tentou contato com a advogada de Tayssa no processo, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. Em caso de resposta, este texto será atualizado. O espaço segue aberto para as devidas manifestações.
Empresários seguem presos
Além de Sérgio Zanolli, seguem presos desde que a operação foi deflagrada os empresários Diego Meriguetti, Jeferson Santos Valadares, Marciano Cruz de Sá e Demer Freitas Ferreira.
Investigação começou em 2021 e teve apoio da PF e da Receita Federal
A investigação começou em setembro de 2021 e teve apoio da Polícia Federal (PF) e da Receita Federal. Em 2022, foram cumpridos mandados judiciais de busca e apreensão em residências e empresas dos então investigados.
A partir da análise das provas, de acordo com o MPES, foi possível identificar com detalhes a organização criminosa constituída para a ocultação de bens, direitos e valores obtidos com a exploração do “jogo do bicho”.
A investigação aponta que pessoas jurídicas foram constituídas pelos denunciados para garantir a ocultação dos bens, com reinserção financeira dos valores em nome próprio ou de terceiros laranjas.
As provas obtidas pelo órgão ao longo da investigação, segundo o MPES, confirmam que os denunciados misturam os valores de fontes diversas para confundir os órgãos de controle, utilizando o sistema financeiro oficial para circular parcela dos valores, geralmente por depósitos em dinheiro vivo.
Após a denúncia, a Justiça deferiu também os pedidos de indisponibilidade e alienação antecipada de bens, como medidas preparatórias aos requerimentos dos confiscos ordinário, subsidiário e alargado do patrimônio indevido, buscando não apenas o ressarcimento do valor do dano calculado em R$ 60.491.735,89, mas também atingir o produto/proveito direto dos crimes, bem como aqueles bens que são incompatíveis com a renda lícita dos denunciados, calculados em R$ 64.679.731,06.