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Operação revela como age "firma" milionária do tráfico em Cariacica

Reportagem do Balanço Geral mostra como age grupo criminoso no Campo do Apolo, em Cariacica, movimentando toneladas de drogas

Fotos: Polícia Civil/Divulgação
Fotos: Polícia Civil/Divulgação

Uma organização criminosa com atuação discreta, mas poderosa, em Cariacica, foi desmontada em uma operação policial que expôs os bastidores de um esquema milionário de tráfico de drogas.

Sem ligação oficial com as principais facções capixabas, o grupo comandado por Adair Fernandes da Silva, o “Dadá”, se destacava pelo poderio bélico e pelo domínio absoluto sobre a comunidade do Campo do Apolo, em Flexal II.

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Adair Fernandes da Silva
Adair Fernandes da Silva, conhecido com “Dadá”. Foto: Divulgação/Polícia Civil

A operação, batizada de “Cripta”, revelou detalhes de um sistema que ia desde a preparação e embalagem das drogas até a venda final aos usuários.

Com essa operação, chamada de Cripta, a gente avança no combate ao tráfico de drogas no Campo do Apolo para prender o Adair e, com a prisão dele, a gente avança mais ainda com a operação, disse o delegado Alan Ribeiro.

Vídeos exclusivos obtidos pela reportagem da TV Vitória/Record mostram traficantes embalando entorpecentes em larga escala, enquanto uma fila de dependentes químicos se formava para adquirir os produtos ilícitos.

A sociedade acaba ficando coagida, pois são traficantes fortemente armados, mas as pessoas de bem acabam colaborando com a Polícia, disse o delegado Ricardo Almeida, chefe do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP).

Imagens mostram “firma” milionária do tráfico

As imagens divulgadas pela polícia e exibidas em uma reportagem especial, exibida no Balanço Geral ES, da TV Vitória/Record, mostram cenas impactantes da preparação de drogas, com mais de 100 quilos de crack misturados com pó de mármore e fermento para aumentar a quantidade de porções.

Além disso, as imagens mostram bailes clandestinos, com festas regadas a drogas e armamento pesado, em que fuzis adornam as paredes e traficantes ostentam impunidade.

Veja o vídeo:

Os registros também mostram as filas de usuários aguardando para comprar a droga, revelando a dimensão do mercado alimentado pelo vício.

Quem é quem no esquema criminoso

O grupo criminoso do Campo do Apolo não tinha nome ou afiliação com as facções do Primeiro Comando de Vitória (PCV) ou do Terceiro Comando Puro (TCP), mas sua estrutura era meticulosamente organizada por Adair Fernandes da Silva (Dadá), que era líder principal do grupo, preso em maio de 2024.

Há um respeito mútuo entre eles. Os grupos criminosos capixabas não atacam a região do Campo do Apolo justamente por saber dessa posição do Adair frente ao PCC aqui no Estado. Com isso, podemos dizer que o Adair fazia o tráfico de drogas, disse Alan Ribeiro.

Gideon da Silva Jorge
Gideon da Silva Jorge, conhecido como “Caveirinha”. Foto: Divulgação/Polícia Civil

Além de “Dadá”, Gideon da Silva Jorge (Caveirinha), braço direito do líder, assumiu a liderança após sua prisão.

Em março de 2023, o ‘Caveirinha’ foi preso pela PM, com armas e drogas apreendidas. A gente percebeu a grandiosidade desse grupo criminoso e, a partir daí, a gente deflagra a Cripta, disse o delegado Alan Ribeiro.

Gideon enfrentou a polícia em uma operação recente e foi morto durante o confronto.

Recebemos a informação de que o Gideon estaria visitando a companheira grávida e rapidamente a equipe de prontidão e a Core cercou a residência em que estava. Gideon apareceu armado, atirou contra a equipe e acabou sendo neutralizado após tentar ultrapassar o cerco. Com ele foram apreendidas duas armas de fogo mundial e carregador. Ele tem poderio bélico e já estava foragido, destacou o delegado Alan.

Vendeílson da Fonseca Antunes e Ederson Braga Paradela. Foto: Divulgação/Polícia Civil

Vendeílson da Fonseca Antunes (Vandinho) e Ederson Braga Paradela também são apontados como sucessores, seguem foragidos e são os alvos principais da polícia.

Política do pão e circo no Campo do Apolo

Apesar de espalhar medo e violência, o grupo utilizava estratégias para ganhar a simpatia dos moradores da comunidade. Festas clandestinas eram promovidas como forma de “ajuda” à comunidade.

No entanto, moradores relatam viver sob constante opressão e ameaças, colaborando com as autoridades apenas em situações extremas.

Policial Mauricio Simonassi
Maurício Simonassi é soldado da PM. Foto: Reprodução

O policial militar Maurício Simonassi foi preso sob suspeita de atuar como informante do grupo, revelando o alcance das conexões criminosas.

Avanços da polícia e denúncias

De acordo com a polícia, a operação Cripta é um marco no combate ao tráfico em Flexal II.

Gostaria de pedir que a população continue colaborando e denunciando foragidos principais, disse o delegado.

A polícia reforça a importância da colaboração da comunidade para localizar os foragidos e desmantelar completamente o esquema. Denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo 181.

Com informações da repórter Nathalia Munhão, da TV Vitória/Record