Nesta quarta-feira (4), os empresários Ricardo Corteletti e Cristiano da Silva, suspeitos de chefiarem a quadrilha investigada pela Operação Sanguinello, foram ouvidos na sede do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco). Hoje foi o segundo dia depoimentos.
Corteletti foi o primeiro a chegar na sede do Ministério Público, por volta do meio-dia, acompanhado de um advogado. Um pouco mais tarde, porém, sem a companhia de um defensor, Cristiano da Silva também chegou ao local. Até a próxima sexta-feira (6), os empresários continuarão cumprindo o regime de prisão temporária, determinada pela Justiça. Os depoimentos duraram toda a tarde desta quarta-feira. Por conta das investigações que continuam em andamento, os promotores do caso não podem passar informações para a imprensa.
Um dos advogados de Corteletti declarou que pretende entrar com um pedido de habeas corpus para tentar que Ricardo seja solto antes do prazo da prisão temporária. De acordo com o advogado, o empresário tem colaborado com as investigações e ressaltou que Ricardo não tem ligação com Frederico Leone, apontado como um dos chefes do esquema milionário.
Operação Sanguinello:empresário presta depoimento a portas fechadas
Apontado como um dos chefes da quadrilha, o empresário Frederico Leone prestou depoimento ao Ministério Público na tarde da última terça-feira (03). O teor das declarações do empresário não foi divulgado, porque, de acordo com o MP, as investigações do caso ainda não foram concluídas.
Entenda o caso
Uma operação, com o objetivo de desarticular e colher provas relativas a uma organização criminosa que atua no setor atacadista e varejista de bebidas no Espírito Santo e estados vizinhos, foi deflagrada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Somente no Estado, de acordo com o MPES, a ações da quadrilha teriam gerado um prejuízo de R$ 230 milhões aos cofres públicos. A “Operação Sanguinello” é realizada em parceria com a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), por meio da Receita Estadual.
No Espírito Santo, a operação mobiliza cinco promotores de Justiça, 30 auditores fiscais e 50 policiais militares, além de servidores de todas essas instituições. Em Minas Gerais, conta com a participação direta de quatro promotores de Justiça, 32 auditores fiscais e 60 policiais civis.
As investigações tiveram início em outubro de 2013, a partir de levantamentos feitos pela Receita Estadual e o Ministério Público do Espírito Santo e de Minas Gerais. Os fatos se tornaram mais evidentes a partir de fevereiro de 2014, quando um empresário, proprietário de um restaurante em Vila Velha, denunciou crimes de sonegação fiscal, associação criminosa e falsidades de toda ordem em sua página de uma rede social pouco antes de suicidar. O episódio corroborou com o trabalho que já vinha sendo executado pelo Ministério Público e a Receita Estadual do Espírito Santo.
Diarista empresta CPF e nome é usado em sonegação
O nome da diarista Marta Marques Mariano é apontado no esquema de sonegação de impostos na venda de bebidas alcoólicas no Estado. Empresas fantasmas, que deveriam funcionar em Cariacica, estão no nome da diarista. O suposto esquema de fraude foi descoberto durante a Operação Sanguinello. Ela deveria ser a sócia proprietária dos estabelecimentos, mas ela afirma que só este ano ficou sabendo dessas empresas.