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O empresário Frederico Leone, detido durante a Operação Sanguinello, foi o primeiro a chegar à sede do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em Vila Velha, para prestar depoimento. Ele, que havia sido encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Viana, chegou algemado e escoltado por policiais. O empresário utilizava o uniforme do CDP. Frederico começou a prestar depoimento por volta das 12 horas.
Ele foi preso em sua própria residência, em Vila Velha. Além dele, deverão prestar depoimento o empresário Ricardo Corteletti, e a esposa dele Sandra Corteletti.
Contudo, ainda não foi confirmada a data dos depoimentos. A operação Sanguinello foi deflagrada na manhã da última quarta-feira (28).
Conforme o Folha Vitória divulgou, com exclusividade, a Polícia Civil de Minas Gerais irá designar um delegado para acompanhar os depoimentos dos outros presos. Ainda não há data específica para a chegada do delegado, mas a expectativa é de que ele acompanhe, sobretudo, o depoimento de Sandra Corteletti. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da Polícia Civil mineira, na manhã desta quinta-feira (29).
Além deles, também foram detidos Cristiano da Silva, João Batista Tomás de Carvalho e Juscelino de Jesus Carvalho, apontados como intermediários do esquema. Os depoimentos dos três acusados foram concluídos por volta das 20 horas, da última quarta-feira (28).
De acordo com o MPES, somente no Espírito Santo, o esquema de sonegação teria desviado cerca de R$ 230 milhões.
Em Minas Gerais, tiveram a prisão decretada: Eire Salomão Barbosa, Daniel Angelo Lima, Gilvan Inacio Villefort, Waleska Veloso de Souza, Solange Aparecida Silva Borges e Lacy Junior. As empresas que foram alvo de busca e apreensão em Minas Gerais foram:Amare Centro Adm. E Empresarial – Itaúna/MG; Transportadora SB – Itaúna/MG; Global Farma – Itaúna/MG; Distribuidora de Alimentos Legacy – Itaúna/MG; Big Works – Divinópolis/MG; Imobiliária Canarinho – Itaúna/MG; Eldorado Participações – Betim/MG; Salomão e Silva Participações – Itaúna/MG; W & E Consultoria – Itaúna/MG; Atima; Transp. e Logística – Itaúna/MG; Itatrans Transp. municipais – Itaúna/MG; Consultoria Andrade – Itaúna/MG; Precisão Distribuidora – Contagem/MG.
Apurou-se ainda que a empresa NEWRED, uma importadora de bebidas sediada em Vila Velha/ES, emitia documentos fiscais para acobertar a venda de mercadorias para Brasília/DF e outros Estados da Federação. Esses produtos, na verdade, eram descarregados em MG, em empresas localizadas na região do Ceasa/MG, os reais beneficiários do esquema criminoso. Para justificar a entrada da mercadoria e acertar o estoque, os verdadeiros destinatários valiam-se de notas fiscais “emitidas” por empresas fictícias, a maioria delas de Itaúna/MG. A estratégia permitia que o ICMS incidente nas operações fosse assumido por essas empresas de fachada, constituídas em nome de “laranjas”.
A operação consistiu no cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária, emitidos pela Vara da Central de Inquéritos de Vitória, além da realização de diligências fiscais e efetivação de ordens judiciais de sequestro de bens, ativos e valores supostamente desviados, visando à restituição das quantias sonegadas.
A operação e as investigações são realizadas em parceria com Ministério Público, a Secretaria da Fazenda e a Polícia Civil de Minas Gerais, onde também são realizadas buscas e apreensões, tendo em vista que as fraudes se estenderam por municípios de Minas Gerais e Rio de Janeiro. A Fazenda e a polícia mineira enviaram servidores para colaborar com as ações no Estado.
No Espírito Santo, a operação mobilizou cinco promotores de Justiça, 30 auditores fiscais e 50 policiais militares, além de servidores de todas essas instituições. Em Minas Gerais, contou com a participação direta de quatro promotores de Justiça, 32 auditores fiscais e 60 policiais civis.
As investigações tiveram início em outubro de 2013, a partir de levantamentos feitos pela Receita Estadual e o Ministério Público do Espírito Santo e de Minas Gerais. Os fatos se tornaram mais evidentes a partir de fevereiro de 2014, quando um empresário, proprietário de um restaurante em Vila Velha, denunciou crimes de sonegação fiscal, associação criminosa e falsidades de toda ordem em sua página de uma rede social pouco antes de suicidar. O episódio corroborou com o trabalho que já vinha sendo executado pelo Ministério Público e a Receita Estadual do Espírito Santo.